24 | Estamos fora de perigo?

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— Então vocês voltaram? Mas eu nem sabia que tinham terminado — confessou minha mãe na manhã da segunda-feira enquanto ela, meu pai e eu tomávamos café.

Bebi meu suco e dei de ombros.

— E por que terminaram? — quis saber.

Tentei resumir toda a história em poucas palavras.

— A família dele é preconceituosa, e ele se transforma quando ela está por perto. — Isso me pareceu ser suficiente. — E como ela veio visitá-lo... Bem... Ele terminou comigo. Na mesma noite da festa do sábado passado.

Minha mãe ergueu as sobrancelhas.

— E agora ele te quer de volta? — Ela não conteve o sorriso. — Realmente não estou surpresa.

Me senti o garoto mais lindo do mundo quando ela disse isso.

— Né? Foi o que eu disse para ele. Falei: "Olha, se você não ficar comigo, vai morrer tentando achar outra pessoa tão bacana como eu". Então ele pediu para reatar. Mas ainda não respondi.

Meu pai fez careta. Ele não podia me culpar por estar tão bem humorado.

— Deixou o coitado esperando uma resposta? — perguntou ele, analisando-me. — Ele até foi casual em pedir desculpas vindo até aqui falar comigo.

— Coitado de mim que tive que ouvir da forma mais cruel o término. — Apontei para meu peito. — Isso porque eu estava consideravelmente bêbado. Teria doído bem mais se eu estivesse sóbrio.

— Só estou dizendo para você pensar melhor. — Ele me lançou aquele olhar suave. Estava mais perceptível que meu pai aprovava Vincent mais do que um dia já aprovou outro garoto com quem me relacionei. — É claro que você gosta dele.

Ergui uma sobrancelha. Esse gesto não significava nada, mas ele ainda assim se explicou:

— Senão não teria ido atrás dele no domingo.

— Fui porque era algo importante para ele. — Levantei-me da cadeira e limpei minha boca com a costa da mão. — Mas também por Vincent.

Peguei minha bolsa da cadeira e a pus em um dos ombros.

— Vou indo. Vou ver o que eu decido no colégio. — Acenei um adeus aos meus pais. — Tchau. Espero que seus dias sejam tão coloridos quanto o meu.

Eles riram, e então deixei minha casa para trás.

Tirando ontem — domingo —, hoje no trabalho foi o momento recente em que eu mais consegui pensar sobre um possível reatamento com Vincent. Era o que eu queria? Era o que eu queria. Quando eu o vi no sábado, atuando para seu teste, toda aquela chama surreal me dominou exatamente como no primeiro dia em que nos conhecemos. Ela era boa — me dava esperança de que eu poderia ser feliz com ele.

Mas depois do nosso término, percebi que essa impressão não era verdade. Talvez eu estivesse esperando por um final de conto de fadas. Só que aquela parte obscura de Vincent — a parte em que ele desprezava a si mesmo e a mim — comprova de que ele não poderia me fazer feliz — não totalmente. Enquanto a família dele estivesse por perto, ele me desprezaria. Só havia uma parte disso que eu ainda não estava entendendo: por que agora ele me queria de volta, sendo que seus pais ainda estavam com ele?

Bati meu indicador no queixo. Isso ele me responderia na aula.

No colégio, fiquei no mesmo banquinho que eu havia ficado na última vez, logo na entrada. Normalmente eu não ficava lá, mas parte dessa minha vontade foi somente para ver Vincent mais cedo. Não queria correr o risco de não saber onde ele estaria quando chegasse.

DEPOIS DO "EU TE AMO"Onde histórias criam vida. Descubra agora