Quando cheguei em casa e vi que meus pais estavam me esperando, caí em mais lágrimas.
Eu estava exausto. Tão exausto que tudo o que eu queria fazer no momento era dormir.
Ambos vieram me abraçar, e eu duvido muito que conseguiria me manter de pé caso eles não fossem meu sustento. Chorei. Chorei mais do que um dia cheguei a chorar na minha vida. Tudo parecia sem cor para mim na volta para casa com Karen — até as rosas do meu quarto perderam cores na minha ótica, o que foi assustador. Passei o resto da noite tentando reunir meus pedações, mas eles estavam longe demais para que eu fizesse um gesto e os alcançasse.
Eu gritei entre o travesseiro em meio à imploração para que isso acabasse; encolhi-me no cantinho da minha cama com a cabeça doendo e fechei os olhos com pressão suficiente para atiçar minha vontade de dormir.
Eu não queria mais pensar. Acho que já sofri demais por hoje. Não havia muito o que dizer quando se estava sofrendo.
🎭
Meus amigos vieram falar comigo num dos tempos de educação na terça (não tive coragem para aparecer na segunda). Não sei como eu ainda segui minha vida no colégio, mesmo despedaçado. Sozinho, eu fitava a rede de vôlei com o pensamento distante, voltando à vez em que Vincent e eu jogamos em times adversários, bem quando eu machuquei seu nariz. Eu não tinha expressão nenhuma no meu rosto, mas minha mente me dilacerava com todas essas memórias intermináveis.
Meus amigos sentaram em lados opostos de mim. Não consegui olhar para nenhum deles, torcendo para que eles não interpretassem esse gesto como egoísmo da minha parte. Eu só estava frágil.
— Então ele foi mesmo — afirmou Alex um tanto na dúvida, a voz melancólica.
Demorei um pouco para assentir. Vi pelo canto do olho que Victoria encarou a arquibancada, condoída por mim.
— Sinto muito, Austin — falou ela, batendo o pé levemente no chão. — Eu queria dizer alguma coisa para confortar você, mas... não consigo.
Sorri, as lágrimas presas.
— Vamos deixar você sozinho — Alex falou, tocando meu braço. — Não queremos tomar muito do seu tempo. Quando estiver melhor... — Ele não terminou a frase a princípio; em vez disso, suspirou e levantou-se da arquibancada, observando-me. — Estaremos aqui sempre. Na alegria e na tristeza.
Assim que Victoria se uniu a ele, tive coragem de encará-los — e isso acarretou na minha fragilidade, onde as lágrimas, de forma teimosa, caíram. Eu não gostava de chorar na frente dos meus amigos, mas foi inevitável. Ao menos eu não produzia som algum durante o ato.
— Nós te amamos, amor. — Victoria sorriu para mim, os olhos verdes afáveis. — A gente se vê mais tarde.
Eu também amo vocês...
— Até mais — sussurrei, enfim conseguindo pronunciar alguma coisa.
E eles foram embora.
Voltando à solidão interna, puxei minhas pernas para cima e abracei meus joelhos, encarando o nada como se ele fosse muito importante. Minha órbita estava desorientada de modo que eu parecia nunca se locomover. Tudo ou era preto ou era cinza.
— Austin? — Ouvi alguém me chamar momentos depois.
Depois de meus amigos, foi a vez de Bruno me fazer companhia, o cuidado consigo. Eu não o via faz um bom tempo — ele nem sequer foi à peça que tivemos como disse que iria. Ele estava suado por conta do basquete, e acho que por essa razão decidiu não sentar tão perto assim de mim.
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DEPOIS DO "EU TE AMO"
RomanceE se você tivesse que abrir mão da pessoa que mais ama para deixá-la ser feliz? Austin Fontennelle - um exemplo claro de vício anormal pelo sexo masculino - passa por essa situação no instante em que vê um novato de seu colégio: Vincent. Apostando t...