Feita a aposta, iniciamos nossa caminhada até a professora e ao grupo de alunos. Eu estava torcendo em silêncio para que minha sede voraz pelo sexo masculino falhasse quando eu estivesse diante de Vincent, mas, à medida que a distância entre nós ia se tornando cada vez menor, minha respiração indicava o quanto eu estava falhando. O bom era que ele não me olhava agora, o que poderia piorar a situação.
Quando chegamos perto da professora, ela nos recebeu com um caloroso sorriso. Eu já a havia visto dando aula para constatar que ela era de longe a melhor professora do colégio inteiro, e bastava analisar seus traços gentis para isso: cabelo loiro com fios grisalhos — ela deveria ter uns cinquenta anos —, estatura baixa, como Victoria, usava óculos redondos e andava sempre com sua pasta de arquivos entre os braços.
— Olá, jovens — disse com entusiasmo. — Podem pegar a placa com o nome de vocês na mesa e escolherem um lugar no círculo, pois já vamos começar.
Assentimos, de modo que eu fosse o único que parecia um robô por não querer observar Vincent. Por algum milagre, consegui.
— Como é a sensação de lutar contra algo que quer muito? — cochichou Alex no meu ouvido, o tom irritante propositadamente.
— Não sei do que está falando.
— Ah, qual é. Dê ao menos uma espiada para trás. Ele está olhando para você.
Eu tinha suspeita de que isso era mentira.
— Azar dele.
Ao colocarmos nossos nomes no pescoço e nos sentarmos na roda de cadeiras no centro do palco, não contive o esforço de levar meu campo de visão para ele. De maneira estilosa, ele ajeitou sua franja sexy para o lado e uniu as mãos acima das coxas, dono de si. Caramba. Bastou que seus olhos dourados me pegassem para que eu mordesse os lábios e vagasse meu olhar pelos demais alunos que se sentavam conosco, o tipo de atitude que se faz quando nada estava acontecendo. Não havia muitos jovens — no máximo uns dezessete. Até porque teatro era uma escolha optativa do nosso colégio: caso você não quisesse atuar nessa disciplina, teria que partir para Cálculo.
A professora logo se posicionou no centro e suspirou.
— Creio que estão todos aqui, segundo a lista de presença — falou, dando uma rápida olhada nos alunos e na prancheta em suas mãos. — Bem, sejam bem-vindos. Sou a professora Martha, a que seguirá vocês na matéria de teatro até o fim do ano. Espero que cada um de vocês tenha simpatia com as aulas e que possam sair daqui determinados a ser quem sempre quiseram ser. Deixem suas mágoas, tristezas e seu rancor lá fora e usem as máscaras do sorriso, amor e paixão todas as vezes que cruzarem aquela porta.
Ela apontou para a saída.
— Melhor professora sim ou claro? — perguntou Victoria baixinho.
Dei um sorriso em concordância. Eu amava o jeito como a professora utilizava suas palavras: carregadas de vida, brilho.
— Sei que alguns de vocês estão aqui porque fugiram de Cálculo — continuou a professora, pairando seus olhos na minha face. Se ela não tivesse concentrando seu rosto em todos os alunos, poderia acreditar que isso era uma indireta para mim. — Mas posso lhes garantir que sentirão uma energia boa aqui dentro, capaz até mesmo de inverter aquilo que vocês optaram por "estar sem saída" em algo que fará parte de seus futuros.
Olhei para Vincent sutilmente, e ele estava sorrindo quase que imperceptivelmente para Martha, absorvendo o que ela dizia. Tive a leve impressão de que ele estava aqui porque realmente queria estar aqui.
— Para agilizar minha chance de fazer vocês gostarem de tetro, preparei uma brincadeira que provavelmente já viram em alguma outra ocasião. — A professora foi à mesa, pegou uma caixa roxa brilhante e retornou à sua posição de antes. — Brenda, pegue essa cadeira ao seu lado e a coloque aqui no centro, fazendo favor?
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DEPOIS DO "EU TE AMO"
RomanceE se você tivesse que abrir mão da pessoa que mais ama para deixá-la ser feliz? Austin Fontennelle - um exemplo claro de vício anormal pelo sexo masculino - passa por essa situação no instante em que vê um novato de seu colégio: Vincent. Apostando t...