Capítulo 5

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Liam

Entramos na região das docas onde fica um dos nossos galpões. Por ser um local mais afastado da área central muitos galpões estão fechados ou abandonados, o que para mim é bom, pois, o risco da intromissão de alguém estranho é quase nulo.

Observo ao redor, as estruturas de alguns estão enferrujadas, há placas de ferro faltando em algumas paredes, pedaços de coberturas estão espalhadas pelo chão e o mato cresce por entre as rachaduras do concreto. À medida que percorro o caminho até meu destino, apenas o vento passando pelos vãos se faz ouvir. Aguço meus sentidos me concentrando, não sinto a presença de ninguém além dos homens da minha matilha.

Vejo que a porta do nosso galpão está aberta e dois deles estão nos esperando próximo à entrada. Entro e estaciono no pátio interno descendo em seguida, Brandon estaciona logo atrás.

No local não há nenhuma carga guardada e a pouca iluminação que entra pelas janelas próximas ao telhado deixam o lugar sombrio, com o findar da tarde a tendência é escurecer mais ainda, para nós isso não é um problema. Na verdade vai fazer as coisas ficarem mais interessantes.
Próximo à escada que leva ao subsolo, cinco homens do clã conversam absortos e ao me verem silenciam abrindo passagem para mim. Cumprimento-os e dou ordens para lacrarem o local e vigiarem o perímetro.

Ainda está cedo para começarmos o que vim fazer, por enquanto vou apenas observar minha vítima e brincar um pouco com ela. Desço e caminho até uma sala fechada, abro a porta permanecendo nas sombras e observo o homem acorrentado à cadeira ao centro do recinto, percebo que os rapazes já andaram dando um "trato" nele. Seu cabelo comprido está oleoso e grudado na testa, um corte profundo vai da têmpora do lado esquerdo ao queixo, a boca está ferida e sangue escorre pelo canto, sua roupa encardida tem manchas vermelhas, seu pulso está ferido provavelmente devido às tentativas de se soltar das algemas.

É um Omega e é forte, percebo que seu instinto está ativo, pois, pode me sentir por perto. Levanta a cabeça e me procura nas sombras, mas a luz intensa projetada sobre ele dificulta a sua visão. Sua cabeça vira para todos os lados me farejando e um sorriso maníaco surge em seu rosto revelando seus caninos amarelados.

- Ora, ora... Se não é o grande Alfa! - gargalha descontroladamente.

Permaneço em silêncio.

- Tá esperando o que para começar o que veio fazer? - fala desdenhosamente.

Silêncio.

- Tá esperando o que seu frouxo? - força as correntes que o seguram - Bem que o cara me avisou que você era covarde, que só tem pose de macho.

Contraio o maxilar, mas permaneço sem me manifestar. Depois ele vai saber quem é o covarde.

Saio da sala sem me revelar e o escuto gritar enquanto fecho a porta.

Para desestabilizar alguém nem sempre é necessário tocar ou falar, o silêncio por vezes pode ser muito pior.

Subo as escadas e encontro Brandon e Maicon a minha espera, explico a eles o que quero que façam. Ambos concordam em silêncio.

Esperamos.

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Está anoitecendo. Chegou a hora de brincar.

Eles descem e eu os sigo. Trancamos a porta e ambos vão para perto do Omega enquanto pego uma cadeira e sento nas sombras. Brandon tira a blusa, revelando as tatuagens de sua família e de nosso clã no tórax e nos braços, e a pendura em um prego na parede, Maicon enrola as mangas até os cotovelos e anda em volta do Omega.

O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora