Hanna
Escuto um murmúrio próximo a mim, não entendo o que dizem. Minha cabeça parece pesar uma tonelada e meu corpo não responde, testo minha língua sinto-a inchada e minha boca pastosa.
- Abra os olhos Hanna. - minha mente tenta comandar meu corpo, mas nada acontece.
- Ela está acordando. - escuto a voz suave de uma mulher próxima a mim.
- Mantenha sedada. - uma voz grave de homem responde.
- Mas...
- Já disse, quero-a sedada. - o homem ordena rispidamente. Reconheço essa voz, mas não lembro de onde?
- Pois não senhor. - a mulher responde, percebo em sua voz que está contrariada. Algo frio é passado em meu braço e em seguida sinto uma picada, um liquido flui ardendo em minhas veias .
- Não! - grito em minha mente - Quero acordar! Deixem-me acordar! Por ...fav...
Liam
Estaciono o carro no beco escuro de um dos bairros mais violentos de Nova York, o Buraco Negro não está aqui por acaso. Saio do carro batendo a porta em seguida, Brandon sai logo depois. Caminhamos em silêncio sob a chuva até o final, onde caixas, sacos de lixo e restos de comida estão espalhados pelo chão.
Os pelos da minha nuca se arrepiam e sei que estamos sendo observados, Brandon está em alerta ao meu lado. Os "vigias" já sabem que estamos aqui.
Impassível, empurro com o pé alguns sacos até encontrar a entrada no chão. Forço a tampa de ferro do bueiro até levantá-la e observo o interior do túnel percebendo uma luz tênue vindo de um dos lados. Pulo para dentro e aterrisso em um chão de pedras escuras irregulares cobertas de limo, as paredes, também em pedra, sobem formando um teto em arco onde filetes de água escorrem por entre as rachaduras e pelas raízes de plantas. O cheiro de água podre, mofo e lixo reforçam a impressão de abandono do túnel antigo.
Assim que caminho em direção à luz, Brandon entra e se junta a mim. Tochas iluminam parcamente o caminho estreito, criando sombras e esconderijos escuros onde qualquer um pode se esconder para fazer uma emboscada. Ratazanas passam por nossos pés correndo e guinchando em direção à escuridão, elas sabem que não estão seguras. Sorrio com a ironia da ideia.
Andamos alguns metros e sons de passos ressoam pelo túnel, causando eco. Alguém com menos preparo e instinto ficaria sem saber de qual direção viria o som e seria vulnerável, mas nós não. Rapidamente nos escondemos nas sombras e nos fundimos a ela no mais absoluto silêncio.
Os minutos passam e os passos ficam mais altos à medida que se aproximam acompanhados de um murmúrio constante.
- Onde estão? - a voz fina e a respiração rápida denunciam a ansiedade - Onde estão? Eu sinto o cheiro de vocês. Sei que estão em algum lugar.
O som da saliva sendo puxada por entre os dentes pode ser ouvido, bem como o de dedos sendo arrastados pelas paredes.
- Venham brincar comigo... - uma risadinha fina ressoa pelas paredes - Venham brincar.
Aguardamos, o tempo está passando e a criatura não vai embora. Aguardar me aborrece muitíssimo, preciso ser mais rápido se não quiser perder o rastro de Hanna. Salto em direção ao som com minhas presas e garras armadas, caio sobre um corpo pequeno e o puxo para a claridade amarelada da tocha. A criatura se contorce e grita tentando se proteger da luz.
- Liam, é uma criança! Uma menina! - Brandon me adverte saindo do seu esconderijo.
Surpreso, solto o pequeno corpo esbranquiçado e magro, vestido em farrapos sujos. O cabelo comprido e desgrenhado esconde o rosto que está voltado para o chão. Arfando me afasto da criança que rapidamente retorna ao limite da sombra.
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O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - Continuação
WerewolfAtenção: Impróprio para menores de 18 anos. ____________ A saga de Liam e Hanna continua. Será que o amor que estava nascendo entre eles será forte o bastante para resistir as adversidades que surgirão? Perseguições, sequestros, revelações, trans...