O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - Continuação

Capítulo 35

Hian

Junto com Brandon e Owen ajudo a carregar Liam para o carro, meu irmão continua sob o efeito do tranquilizante e pela dose que foi aplicada nele terá sorte se o efeito passar nas próximas doze horas. Mesmo estando paralisado e de sua consciência ir e vir, seus olhos movem-se em todas as direções registrando os danos, os sobreviventes, os mortos... iludidamente ainda tenta ter algum controle sobre a cena que observa impotente. Para Liam é inconcebível deixar a família e o Clã sem sua liderança depois de um ataque.

Posso imaginar o quanto deve estar angustiado, a inércia nunca foi uma de suas características.

- Vamos cuidar de tudo. - ponho a mão no seu ombro e me coloco onde ele possa me ver, seu olhar fixa no meu - Fique tranquilo, todos sabem que você está chapado e incapaz. - provoco-o, um leve tom avermelhado passa por sua íris.

Hanna abre a porta traseira do Kahn Land Rover do Liam e o deitamos com cuidado no assoalho, ela pega uma manta grossa no banco da frente e cobre seu corpo nu.

- Deixa de ser teimoso e vá dormir. - Owen aproxima seu rosto do dele - Sua mulher já mandou, agora você é um homem casado e deve obedecê-la. - bate de leve em seu ombro e se afasta.

Ajudo Hanna a subir no carro e a observo se acomodar com dificuldade no banco, sua boca contrai levemente e os nós dos seus dedos estão brancos pela força que faz ao agarrar o acento. Percebo que segura o ar e lentamente o solta.

Seguro seu pulso e conto os seus batimentos, verifico que estão acelerados, ponho a mão sobre a sua barriga apalpando-a e constato que está dura, sinto uma contração.

- Quando começou? - questiono-a.

- Um pouco depois do inicio do confronto. - responde em um murmúrio.

- Quanto tempo entre as contrações?

- Não sei ao certo. - ela solta o ar lentamente.

Franzo o cenho enquanto calculo o tempo de gestação - Vai nascer antes da hora. - concluo.

Amaldiçoo irritado.

- Porque você não disse nada? Deveria ter me dito enquanto fazia seus curativos. - encaro-a contrariado.

- Muitos feridos, muitos mortos... - movimenta a mão ao acaso - As contrações estão espaçadas, por enquanto estou conseguindo administrar.

Olho em volta procurando por minha mãe, vejo-a sentada na Pickup de Brandon suturando o ombro de Muriel. Aperto de leve a mão de Hanna e me encaminho até elas.

- Mãe, alguma notícia de Brigida? - pergunto esperançoso ao me aproximar.

Sem deixar de suturar a ferida, ela nega com a cabeça. Respiro fundo e bloqueio meu medo e a minha ansiedade, porém, o aperto em meu peito só ficou mais forte.

- Hanna está tendo contrações... - rapidamente ergue a cabeça.

- Mas ainda é cedo! - olha-me preocupada.

Contemplo seu rosto, as olheiras escuras, os olhos opacos, a palidez da pele, os cabelos prateados desgrenhados revelam seu cansaço e sua tristeza. Apesar da dor que sente por Brigida e pela desgraça que se abateu sobre nós, ela se mantém firme.

- Eu sei, quero que vá com ela e Liam à casa do Dr. Smith. Hanna precisa ficar quieta e ser monitorada e a senhora também precisa descansar.

Minha mãe olha para o ombro de Muriel por um momento e então concorda relutante.

- Deixa que eu termino isso. - gentilmente pego o material de sutura da sua mão e agilmente dou os pontos. - Smith já deve ter iniciado a cirurgia em Brigida, se houver alguma mudança em seu estado ou no de Hanna me ligue avisando, rapidamente chegarei até vocês. - concluo os pontos e jogo a agulha e as luvas cirúrgicas no lixo.