Capítulo 12

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Hanna

Acordo sobressaltada com a coberta enroscada em minhas pernas fazendo com que me sinta presa e me debato buscando me soltar, o suor escorre por meu corpo, o coração e a respiração estão acelerados.

Medo, angustia e a sensação de perda me invadem deixando-me desnorteada. Respiro fundo algumas vezes na tentativa de me acalmar, recosto-me na cabeceira da cama e passo as mãos por meu rosto percebendo as lágrimas que escorreram enquanto o pesadelo me dominava, enxugo-o com a barra da blusa.

Olho em volta, o quarto está na penumbra e uma luz suave passa por entre as cortinas que separam o mezanino do resto da casa que está estranhamente silenciosa. Observei que Dona Margarida costuma ser barulhenta enquanto trabalha, algo está sempre batendo ou está cantando suas músicas espanholas.

Presto mais atenção, nenhum ruído. O relógio digital sobre o criado mudo marca dezoito horas, franzo o cenho constatando que dormi de mais. Espreguiço-me e abraço o travesseiro que está ao meu lado, o cheiro de Liam chega até mim, aproximo meu rosto, respiro o seu aroma que impregna o travesseiro e me traz recordações. O sonho vem a minha mente e tento lembrar os detalhes, busco alguma explicação para entender tudo o que está acontecendo, dizem que guardamos no subconsciente informações subliminares que vemos enquanto estamos acordados.

Escuto um murmúrio vindo do andar de baixo, um som estranho e destoante a este lugar me chama a atenção. Um calafrio percorre minha coluna e lentamente ponho meus pés para fora da cama, escorrego para a beira sentando-me alerta sem fazer nenhum som. O murmúrio para por um breve momento, em seguida recomeça.

Fico inquieta tentando identificar o que está sendo dito, mas não consigo, meu instinto me avisa que algo está muito errado. Caminho descalça até a escada e desço os primeiros degraus com cuidado, seguro no corrimão para me dar segurança, pois, minhas pernas parecem ter virado gelatinas. Agacho-me onde a escada faz a curva e tento olhar a cozinha sem ser vista, o murmúrio fica mais alto, parece a voz de um homem... Não me é estranha.

Repentinamente alguém se levanta por detrás do balcão, alto e forte, com certeza não é Dona Margarida. Um riso cruel e baixo chega até mim.

- Velha burra! - ele fala.

Essa voz... onde eu a ouvi?

- Achou que poderia me impedir? Eu, um Alfa! - seu corpo se movimenta para baixo com violência e um gemido alto chega até mim, em seguida levanta-se novamente.

Meu coração tem um sobressalto, rapidamente ponho minhas mãos sobre a minha boca evitando que saia qualquer som.

- Quietinha! Não queremos que a prometida do seu líderzinho nos escute, não é. Ela pode se machucar muito. - passa as mãos sobre o cabelo e se aproxima da bancada, a luz ilumina seu rosto.

- Bledig! - grito o nome em minha cabeça apertando mais as mãos contra minha boca.

- Ela está no banheiro? No quarto? Onde velha? Responde! - sua voz é fria e vazia.

Cuidadosamente subo a escada de costas evitando ao máximo fazer qualquer barulho. - Ele ainda não me viu, quem sabe consigo me esconder. - minha mente está a mil, preciso achar um esconderijo.
Chego ao quarto e olho em volta, em baixo da cama é muito óbvio, o banheiro também, olho para o armário grande. - Não...
O desespero começa a tomar conta de mim. Escuto passos no andar em baixo, ando pelo quarto sem encontrar nada. Observo o ambiente com mais atenção e vejo um espaço entre o armário e a parede, rapidamente me esgueiro, é apertado, escuro e fica numa posição que mal se percebe.

Os sons dos passos parecem subir a escada, em seguida Bledig desponta no topo. Vejo que ele olha o quarto, seu único olho se detêm na cama desarrumada e um sorriso maléfico surge em seus lábios. Termina de subir os últimos degraus e suspira.

O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora