O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - Continuação

Capítulo 28

Liam

Após algum tempo rodando estacionamos o carro a margem da trilha e dispomos alguns materiais de forma que quem investigasse o carro entenderia que estaríamos nos preparando para acampar, em seguida caminhamos por dentro da floresta em direção ao lago.

Owen e Brandon caminham próximos a mim em formação de matilha atentos a qualquer sinal de perigo. A densa folhagem no chão abafa nossos passos e evita que deixemos rastros, os únicos sons que podem ser ouvidos são o vento balançando o alto das copas das árvores, dos pequenos animais se escondendo quando passamos e alguns pássaros distantes. Seguimos, buscando ser o mais "invisíveis" possível.

Pelo canto do olho vejo que Owen se abaixa rapidamente escondendo-se atrás de um tronco caído, imediatamente Brandon e eu nos escondemos. A direita de onde estamos, observamos um homem se movendo silenciosamente por entre a vegetação, percebo que ele examina atentamente a área e fareja o ar com insistência, por sorte o vento está a nosso favor. Pelo comportamento posso identificá-lo como sendo um licantropo, resta saber se é amigo ou não.

- Não é! – este é o ultimo pensamento que tenho enquanto vejo-o correr e saltar com uma velocidade incrível sobre o tronco onde meu irmão está.

Salto em sua direção interceptando-o no ar, caímos e rolamos por sobre as folhas secas, separamo-nos e nos encaramos com nossas presas e garras em prontidão, seus olhos são amarelos. Caminhamos em circulo enquanto Owen e Brandon ficam em volta atentos e prontos para intervir.

O homem rosna buscando me amedrontar, meus olhos se tornam vermelhos e percebo que ele vacila por um segundo, porém, reforça sua postura e avança em minha direção. Recuo no exato momento em que suas garras passam próximas ao meu pescoço, abaixo e giro o corpo cravando profundamente as minhas em seu estomago, com a outra mão rasgo sua traqueia, levanto-o e o arremesso contra uma árvore grande. Seu corpo cai inerte, observo por um momento enquanto acalmo a respiração.

- Foi por pouco. – Brandon comenta – Precisamos sair daqui antes que alguém fareje o sangue.

Concordamos em silencio e prosseguimos com mais rapidez. Apesar de estarmos tensos nos movemos em coesão, se já estávamos silenciosos agora nos fundimos com o ambiente, nos transformamos em nossa essência. Nossas patas parecem voar sobre o chão, nosso pelo percebe o mais suave deslocamento do vento, nossas orelhas se movimentam captando e distinguindo com precisão os sons do caminho, farejamos identificando a distancia em que estão outros espécimes.

Movemos-nos por mais quatro quilômetros, percebemos alguns rastros recentes e vemos dois vigilantes a uma boa distancia, mas felizmente não nos confrontamos com mais ninguém. Escuto o som da água e sinto o ar mais frio e úmido, sinalizo para que me sigam até que visualizo o lago. Transformamos-nos e encostados em uma árvore esperamos por alguns minutos que os efeitos colaterais passem.

- A única coisa que acho um saco é essa dor no corpo quando voltamos a ser humanos. – Owen reclama entre dentes.

Brandon o encara com tranquilidade, um leve brilho zombeteiro no olhar.

- Você é muito fraco, cara. – ele se afasta um passo prevendo alguma reação – Devia ter ficado em casa com as mulheres.

Meu irmão fecha acara e se levanta, Brandon vem para o meu lado fingindo medo.

- Seu babaca! – meu irmão resmunga e Brandon ri.

Com os braços cruzados sobre o peito balanço a cabeça enquanto os observo.

O som de risadas distantes chega até mim, instantaneamente me ponho em prontidão, escondo-me atrás de um tronco caído coberto por musgo e avalio a área. Owen e Brandon se agacham em locais próximos, estão tão silenciosos quanto eu.