Capítulo 10

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Hanna

Observo a porta ser fechada depois que Liam sai e sinto um vazio absurdo tomar conta do meu peito. Tenho vontade de sair correndo atrás dele, mas o que faço é exatamente o contrário.

Suspiro e ao me virar me deparo com a senhora de cabelos pretos presos em um coque na nuca e olhos profundos e sorridentes me encarando. Sorrio sem jeito não sabendo o que fazer ou dizer.

- Venha chica, você precisa comer. - sorri enquanto coloca o pão e a margarina no balcão.

Assinto, encaminho-me até o banco e me acomodo.

Observo-a com mais atenção, deve ter uns cinquenta anos, talvez um pouco mais, baixa, rosto redondo, gestos rápidos, precisos e enérgicos. Enquanto serve o café da manhã cantarola uma música animada em espanhol.

- A senhora conhece Liam há muito tempo? - tento puxar conversa.

- Tempo bastante para conhecer suas manias e lhe dar broncas. - ri sem parar seus afazeres.

Fico calada imaginando-a dando bronca em um homem daquele tamanho, sirvo-me de pão com queijo e um copo de suco. Dou uma mordida, mas logo mudo de ideia colocando o pão de volta no prato, os enjoos e os vômitos deram lugar a uma azia chata que geralmente aparece quando menos espero.

Dona Margarida acompanha minha expressão e meu movimento afastando o prato.

- Tudo bem chica? - olha-me preocupada.

- Sim, só uma forte azia.

Ela passa os olhos por meu rosto e desse para o meu ventre, franze o cenho levemente e em seguida abre um largo sorriso.

- Está grávida chica! - põe a mão sobre o peito - Ai que lindo! Um ninõ a caminho.

Sorrio perante a sua alegria e confirmo maneando a cabeça.

Dona Margarida abre a geladeira, pega um cubo de gelo que em seguida me entrega. Olho-a sem entender sua intenção.

- Ponha na boca e deixe derreter, vai ajudá-la. - gesticula para que eu faça o que pede.

Ponho na boca um tanto descrente, porém, após alguns instantes começa a fazer efeito e suspiro aliviada.

- Isso, isso. Minha hija tinha azia quando estava grávida, então descobriu as várias utilidades do gelo. - ri ao contar - Minha hija sofreu bastante com isso.

- Muito obrigada pela dica. Achei que depois dos enjoos e vômitos teria uma folga, mas...

- Sei como é. Tive quatro, três homens e uma menina. – diz orgulhosa.

Sorrio de forma gentil e olho em minha volta procurando algo para fazer. Dona Margarida se coloca em minha frente com as mãos sobre a barriga.

- Porque não se deita um pouco, Liam me disse que foi ferida e que não pode fazer esforços.

Suspiro contrariada.

- Sei que preciso ficar quieta, mas isso me incomoda. Sinto-me inútil. - reclamo.

- Tenha calma, chica. Logo passa e você poderá fazer o que quiser. Porque não descansa e depois vemos o que podemos arranjar para você fazer.

Encaminho-me para o sofá, me acomodo entre os travesseiros e busco algo para assistir na TV. Após um filme de ficção, um documentário no History Channel e dois programas de calouro, desligo entediada.

Contemplo a simpática senhora subir e descer a escada com balde e vassoura, levar a roupa suja para a lavanderia, limpar e arrumar a sala e iniciar o preparo do almoço com uma energia impressionante.

O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora