O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - Continuação

Capítulo 32

Hanna

- Quando retornaremos a Nova York? – Brandon questiona após engolir uma garfada do seu almoço.

Liam permanece em silêncio enquanto seu indicador esfrega a ponta do queixo. Sua expressão séria e concentrada reflete a preocupação que todos nós compartilhamos. A situação não está resolvida, Gwineth e Bledig continuam soltos e dispostos a qualquer coisa para conseguirem o que querem.

Lembro-me do olhar ensandecido de Gwineth ao me ameaçar e um arrepio percorre minha coluna. - Ela é perigosa e vingativa. – faço uma anotação mental.

- Depois do que aconteceu ficar aqui não tem mais serventia. – responde pausadamente parecendo estar buscando alternativas – Voltaremos hoje à tarde e colocaremos o Clã em alerta. Quero oficializar minha união com Hanna o mais rápido possível e para isso acontecer preciso dar inicio aos procedimentos necessários ainda hoje. Somente quando ela for minha legitima companheira terá a proteção incondicional do Clã e meu filho poderá ser reconhecido como meu herdeiro pelo Conselho.

Abaixo o olhar para o meu prato e rolo uma ervilha de um lado para o outro sem conseguir comê-la. Desde que acordei nos braços do Liam, no final da manhã, a consciência do que fiz me corrói. Eu disse sim! Como pude dizer sim?

Meu estomago parece dar um nó, pego o copo e tomo um gole de água na tentativa de desfazer essa sensação.

Com tudo o que aconteceu entre nós dois, as omissões, as traições, ameaças e ofensas, e com a experiência que tenho de um relacionamento abusivo, como pude ser tão... volúvel, precipitada e irresponsável?

Esfrego meus dedos na testa distraidamente.

Sim, sou louca por este homem e não posso negar. Ter ficado longe me mostrou o quanto ele me afeta, quando não está comigo sinto como se faltasse um pedaço de mim, seu toque fragmenta minhas resoluções, sinto-me protegida ao seu lado, quando estamos bem me sinto plena e feliz, por vezes ele parece prever o que penso ou preciso, sei que seria um pai incrível, mas...

- Hanna? – retorno dos meus devaneios com sua mão em meu braço. Olho-o aturdida. – O que você acha?

- Sobre o quê? – suas sobrancelhas contraem mediante a minha resposta.

- Sobre casarmos neste fim de semana. – seus olhos prendem os meus e respiro mais rápido, estou entrando em pânico – Hanna, o que está acontecendo?

- Eu... eu... – gaguejo e desvio o olhar mordendo o canto da boca.

Olho para um ponto na mesa, então para Owen, em seguida para Brandon e novamente para a mesa, estão todos em silêncio me observando em expectativa. Engulo em seco algumas vezes, meus pensamentos estão fora de ordem e não sei o que dizer. Imagens das minhas experiências passadas desfilam por minha mente despertando antigos e dolorosos sentimentos, o que aumenta o meu nervosismo.

- Olhe para mim. – sua voz grave e exigente me faz obedecer.

- Obedecer, sempre tive que obedecer minha mãe, meu ex-marido, meu pai... E o que ganhei em troca? Dor, solidão, medo, traição... – os pensamentos se repetem sem parar e me levanto de um salto derrubando a cadeira, preciso sair daqui estou sufocando.

- Hanna! – ele parece atônito – Você mudou de ideia?

- Preciso pensar. – respondo rápido.

- Não se atreva a mudar de ideia! – ele levanta, seu rosto está lívido e contraído.

Ergo o dedo indicador em uma ordem silenciosa.

- Preciso pensar. – repito e saio apresada do chalé. Desço o alpendre e caminho pela areia em direção ao mar, o vento frio envolve meu corpo, mas estou tão nervosa que não me importo.