Capítulo 23

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Liam

- Por onde você andou? - Owen me questiona assim que abro a porta - Liguei varias vezes para você e só dava como desligado.

- Quebrei o celular. - informo simplesmente enquanto caminho até a cozinha.

Ponho minha presa dentro da pia, pego uma faca na gaveta e começo a tirar a pele.

- Vejo que andou caçando. O que é? - ele olha por cima do meu ombro.

- Apenas um roedor. - continuo tirando os pelos e a pele, destrincho a carne e a limpo.

- Sei... - meu irmão encosta-se ao balcão e me observa - Você saiu daqui para falar com Gwineth e volta com uma caça e um celular quebrado. Ou esse reencontro foi muito bom ou uma grande merda. Conseguiu as informações que queria?

Abaixo a cabeça e apoio as mãos nas laterais da pia, levei muito tempo para me acalmar, porém, ainda não estou pronto para falar sobre tudo o que aconteceu.

- Aconteceu alguma coisa? Aquela vadi...

- Preciso de um tempo, vou terminar isso aqui e tomar um banho. Liga para Brandon e peça para ele vir aqui, assim conto para os dois de uma vez. - o interrompo.

- Certo, certo. - escuto-o suspirar e sair da cozinha sem questionar.

Concentro-me e termino de preparar a carne e a guardo no freezer. Pego uma cerveja na geladeira, sento na bancada e observo o apartamento do meu irmão, cada detalhe dá uma ideia de quem ele é.

Esboço um leve sorriso.

Lembro-me de como ele e minha irmã ficaram na noite em que fomos traídos. Nunca esqueci os olhares de medo e desespero enquanto fugíamos, mas principalmente os de expectativa e confiança em relação a mim. Suas mãos buscavam as minhas constantemente em busca de segurança.

- Não vou permitir que eles passem por tudo aquilo novamente. - murmuro. Termino minha cerveja, jogo-a no lixo e vou tomar banho.

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O silencio na sala é pesado e incômodo. Nenhum dos dois falou enquanto relatava o meu encontro com Gwineth, não omiti absolutamente nada. Percebi a agitação e contrariedade em ambos quando falei do sexo oral que ocorreu, mas mesmo diante disto mantiveram-se quietos. Contei, também, sobre o resultado da investigação de Vincent e que ele estaria saindo da Irlanda com destino a Paris nas próximas horas.

Owen, que está sentado ao meu lado, no sofá, com as pernas esticadas a frente, continua encarando carrancudo a garrafa de cerveja que segura. Sua expressão está mais do que fechada, o maxilar contraído, os olhos duros eventualmente passam por mim, posso sentir que tenta controlar sua ira. Brandon, sentado sobre a bancada da cozinha, simplesmente me encara, seu rosto indecifrável.

- Por quê? - meu irmão questiona.

- Porque o quê?

- Porque você permitiu que aquela... aquela coisa lhe tocasse? - seu olhar encontra o meu com seriedade - Não acredito que seja por conta de um plano que você bolou na hora! - vocifera.

- Owen... o que você está insinuando? - aperto o copo em minhas mãos.

- Não estou insinuando, estou afirmando que você ainda gosta dela. Ou seria melhor dizer, que seu pau sente saudade de fod...

- Melhor calar essa boca! - minha voz altera à medida que me levanto. Owen rapidamente fica de pé e me confronta.

- Ou o quê? Vai usar seu poder de Alfa sobre mim? Não seja hipócrita! - seu dedo indicador empurra meu ombro e posso ver a veia no seu pescoço pulsar - Depois de tudo o que aconteceu você permitiu que aquela vadia te tocasse! - seu olhar transborda decepção.

O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora