Capítulo 11

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Liam

Franzo o cenho com a incredulidade do que vejo, é tão surreal e macabro que tenho dificuldade em assimilar.

Levo alguns segundos para me recompor e organizar as informações.

A foto em minhas mãos mostra uma mulher de cabelos ruivos curtos com os braços esticados sobre a cabeça amarrados nos pulsos, a corda que está fixa no teto parece sustentar seu corpo delicado pelos braços arranhados. Está coberta apenas por uma camiseta rasgada e manchada de sangue que chega até seus quadris.
Correntes prendem seus tornozelos mantendo suas pernas machucadas levemente afastadas, há lacerações e hematomas pelo corpo todo, filetes de sangue escorrem por seus pulsos e tornozelos pingando no chão, a cabeça pende para frente fazendo com que os cabelos escondam o rosto.

Viro a foto e vejo um bilhete escrito à mão.

"Sua irmãzinha é muito gostosa, estou gostando de me enfiar forte nela enquanto grita por clemência. Mas a coitada não aguenta mais e estou ficando entediado, acho que vou sangrá-la feito um porco e deixá-la para morrer.
Quem sabe você sorte e a encontre antes.
Boa sorte."

Aturdido olho a foto novamente buscando encontrar qualquer detalhe que negue que seja ela. Nada. Abro o envelope em busca de algo mais, mas encontra-se vazio.

Desço de costas o degrau que subi perdendo o equilíbrio, seguro-me na parede ao lado para me manter de pé.

- Isso não pode ser real... - passo a mão por minha testa como se isso pudesse acalmar meus pensamentos.

Pego o celular e digito o número de Brigida, aguardo chamar com meu coração apertado. Toca até cair na caixa de mensagens, tento impaciente por mais algumas vezes, mas não atende. Deixo mensagens para que retorne minha ligação com urgência.

A angustia me consome, ligo para Muriel, Owen, Hian e minha mãe procurando por ela com a desculpa de que preciso de sua ajuda em relação à Hanna, busco parecer tranquilo e brincalhão. Ninguém desconfiou.

Caminho oscilante até o balcão do Pub olhando a foto em busca de algo que identifique o lugar em que está.

O local parece abandonado, as paredes em construção com os tijolos aparentes estão pixados, o chão ainda no concreto tem poças de água misturadas ao sangue, limo cresce em algumas partes demonstrando ser um lugar úmido, montes de lixo estão próximos as paredes e encostado ao fundo há uma chapa de vidro com algo refletido.

Brandon entra no salão despreocupadamente com as mãos nos bolsos da calça de camuflagem, se aproxima assobiando uma canção irlandesa.

- Olá Liam! Pensei que ficaria com seu amor hoje. – provoca e se encosta no balcão – Ela te botou para correr?

Não respondo, estou concentrado e preciso ser rápido, tenho que encontrar alguma pista. Brandon franze o cenho e se coloca ao meu lado observando o que seguro. Sinto seu corpo reagir, ele parece crescer, a respiração acelera.

- Calma Brandon, a última coisa que preciso agora é que você se descontrole. - digo sem tirar os olhos da foto.

- Brigida? - sua voz sai rouca em um murmuro.

- Não tenho certeza. Já liguei para ela, mas não atende, ninguém a viu desde ontem.

Retorno á escada e subo para o escritório com meu amigo logo atrás de mim. Sento-me em frente ao laptop, escaneio a foto e em seguida amplio a imagem em um programa gráfico, melhoro a resolução, tiro os ruídos e trabalho os contrastes, dou um zoom no vidro ao fundo. Há letras azuis refletidas numa base branca, espelho a imagem e surgem palavras.

O Caminho - Clã Mac Mactíre - Livro 1.2 - ContinuaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora