A risada de Vitória ecoava no quarto. O rosto de Ana não podia estar mais corado. Os rostos estavam tão próximos.
-- Mas eu tô mole mesmo, né, Ninha? -- Ela começou a se levantar, com calma, ajeitando a toalha. -- Vai, menina, sua vez de tomar banho, ande. -- Ela sorriu, pegando as roupas para usar. A morena se levantou e, em passos acelerados, foi para o banheiro.
Assim que fechou a porta, encostou as costas na mesma e colocou a mão na boca. Seu corpo estava úmido, Vitória nunca foi de se secar direito. Seu rosto ainda queimava e seu peito parecia que ia explodir. A segundos atrás elas estavam tão próximas e isso parecia tão certo. Parecia feito pra ser.
Depois, de banho tomado e devidamente vestida, as duas deitaram na cama e começaram a ver as redes sociais. Vitória sorria bastante enquanto mexia no twitter do duo, e Ana via os fã clubes do instagram.
-- Aninha, cê acredita que tem um monte gente que shippa a gente? -- Disse ela, rindo atoa.
-- Isso desde sempre, Vi. Desde de sempre. -- A morena suspirou. -- Essa galerinha inventa cada uma. Eu e você? Um casal? Até parece, né. -- Ela riu, passando o dedo na telinha do celular e vendo mais comentários. Disse aquilo na defensiva, dado os acontecimentos mais recentes, aquilo pareceu necessário. Mas pesou em Vitória.
-- Ah, mas esse nosso povinho é tão criativo, escrevem histórias lindas sobre nóis. -- Suspirou, sentindo o coração triste pela Ana negar tão rápido a possibilidade delas serem, de fato, um casal.
-- Cê anda lendo fanfic, Vitória? -- Caetano se virou para a cacheada e riu, apoiando a cabeça na barriga dela.
-- Vai me dizer que nunca leu alguma, nossos passarin escreve tão bem. -- Passou os dedos pelos fios de cabelo negros que caiam na testa da companheira.
-- Li alguma coisa por aí sim, mas num sei, estranho pensar na gente desse jeito. -- Sua atenção voltou ao celular.
-- Ah, mas o amor que eles fala é tão bonito, sabe, tão leve... -- "Tão nós", completou, em silêncio.
As duas ficaram ali, enroladas na cama, com Ana olhando o celular e Vitória mexendo nos fios de cabelo dela. Os dedos se afogavam naquele mar negro, cheio de segredos, se afogavam no mistério de tudo que se passava por aquela cabeça, por aquela alma tão solta.
Vitória.
Os olhinho de jabuticaba não se desviavam da telinha do celular. O cabelo estava tão macio e cheiroso, a pele morena estava fria pelo banho. Me perdi nela.
Aninha sempre teve efeito em mim. Era como um filhotinho que peguei para cuidar, tão tímida que era, tão oposto de mim. Eramos como o yin e o yang que vestíamos em todo show. Eu era dia, ela era noite. Eu era de risadas altas, ela de sorrisos tímidos. Minha voz sempre era mais alta que a dela. O corpo dela encaixava tão bem no meu, foi tão bom dormir abraçando ela naquela noite. Deixei meus dedos irem até o rosto dela, fazendo carinho. Senti o rosto dela esquentar, mas continuei passando o polegar na bochecha dela. Me inclinei e beijei sua testa, depois seu nariz. E pensei, uma, duas, quatro vezes, em roubar um beijo dela. Ela fazia meu estômago revirar sempre que ria.
Não podia negar pra mim que já não imaginei como seria o nome dela com meu sobrenome. Que imaginava ela comigo, sendo AnaVitória, não só como duo. Entre Ana e Vitória, tinha um dimensão que eu nem sabia medir.
-- NaClara... -- chamei e ela fez um som com a garganta, indicando que estava me ouvindo. -- Já pensou em casar?
-- Isso do nada, Vi? -- Ela riu e balançou a cabeça. -- Já sim, é um sonho meu.
-- E ter filhos, já pensou? -- perguntei, mexendo em seu cabelo.
-- A gente não tá nova ainda pra pensar nisso, menina? -- Ela riu, e por alguns segundos pareceu perdida no teto no quarto. -- Já sim, deve ser maravilhoso um serzin criado por mim andando por ai.
-- Qual seria os nomes? -- foquei no seus olhos.
-- Mas que que te deu com isso agora, Vitória?? -- Ela riu. -- Ana Lua e Davi Sol.
Nossos olhares se encontraram e de repente tudo ficou em silêncio. Não existia quarto de hotel, nem show para hoje a noite. Não existia duo, nem publico. Nada além dos olhos dela me interessavam agora. Imaginar uma menina com aquele olhar e poder chamá-la de Lua era um sonho tão agradável para mim. Ver um menininho com cachos loiros e saber que carregava Sol no nome era quase obrigatório carregar Falcão no nome. E Caetano. Suspirei e deixei minha boca aberta enquanto a olhava.
Que eu sentia algo por Ana Clara Caetano Costa já num era mais segredo. Mas algo tão forte ao ponto de me imaginar ter uma vida toda ao lado dela, isso era novidade. Daqueles que faz o coração sambar em ritmo de carnaval, que faz os pés dançar na areia, que faz o riso vir solto como pipa. Era aquela morena pequena na minha frente o motivo do meu canto com alma, porque eu podia cantar sobre ela na frente de todos, e com os versos dela eu podia por em palavras o que a anos sinto no meu peito.
Num impulso, segurei o rosto dela com as duas mãos, fazendo carinho nas suas bochechas coradas. Ela estava sentada na minha frente a essa altura, me aproximei devagar e a vi apoiar as mão no colchão. A pele macia, a boca aberta, os olhos perdidos em marte. Eu queria beijar aquela menina até faltar o ar dos pulmões.
A porta abriu. A magia sumiu. O espetáculo acabou ali, com eu a abraçando e a deitando comigo, fazendo cócegas nela, como se tudo não passasse de uma piada e que a intenção sempre foi essa.
Mas meu coração sabia que não era.
[Galera, que horário fica melhor pra vocês pra mim postar os caps?]
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Ana&Vitória
Fanfiction"Éramos mais que Anavitória. Éramos Ana&Vitória. Éramos dois corações." 25/11/2017: #163. 05/03/2022: #13, em anavitoria. 22/03/2022: #2, em anavitoria