Capítulo Dezenove: Nocaute.

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[cap novo SIM espero que gostem, todo mundo deixa seu #JáDeuDiego porque eu acho que em menos de 5 capitulos a gente elimina ele dessa historia]

Ana.

Enquanto íamos para a reunião que Marcos havia marcado, eu pensava o quão louca eu era. Num dia eu dou um ponto final no meu romance com Vitória e choro a noite toda no quarto pensando que nunca poderia me casar com a mulher da minha vida e na outra eu a beijo como se não houvesse um amanhã. Eu queria conseguir expressar em palavras o quanto eu odeio ser libriana.

Passo o caminho todo escorada no banco, com a cabeça apoiada no vidro. Eu fazia tudo virar uma bola de neve ainda maior. E agora, além de ter colocado quase tudo em risco por estar com Vitória, eu ainda coloquei os sentimentos dela em jogo. Eu não tinha o direito de numa hora dizer "chega" e na outra a beijar. Eu não tinha o direito de confundir aquele cabecinha e aquele coraçãozinho.

A verdade é que até mesmo dentro de mim tudo estava uma bagunça imensa. Era como se existissem várias Aninhas na minha cabeça e todas elas visse um problema diferente. Uma afirmava que amar uma mulher ia prejudicar o duo, que no caso era meu sonho. E o da Vitória. Era o que mais importava. Outra dizia que meus pais nunca aceitariam meu relacionamento. Ainda tinha uma terceira falando o quanto seria mais certo eu apenas continuar meu romance falso com Diego. Eu, na maior parte do tempo, ignorava essa. Seria mais fácil. Simplesmente namorar Diego. Minha família aceitaria, iam adorar o fato dele querer ser médico. Não teria polêmicas sobre eu e Vitória ser um casal, não seríamos conhecidas como "duo lésbico" e isso abriria tantas porta, como a do S!NG.

Num piscar de olhos eu voltei a toda confusão. Vitória podia superar aquilo fácil, nunca foi pássaro de um ninho só. Nunca foi flor de um só jardim. Nunca foi modelo de um só pintor. Nunca foi de um só, seja lugar ou pessoa. Suspirei vendo aqueles cabelos cacheados ao meu lado e os olhos tão perdidos e concentrados nas nuvens. Eu poderia vê-la ali para sempre. Me dediquei a decorar cada parte do seu rosto. Cada traço delicado e cada volta dos seus cachinhos.

Me perdi em Vitória. Ela era tão singular. Não era desafio nenhum se afogar nela, e daquele mar eu já era sereia. Poderia viajar no universo albino dela, nas pintinhas do seu corpo, nos lábios de sol maior e olhos de marte. Suas mãos de dias quentes e seu sorriso de pôr-do-sol. Sua risada de circo, seu cheiro de natureza. Seu corpo de poesia. Eu poderia fazer milhares de música só pra dizer o quão belo era ela enquanto estava dedicando todo seu tempo pra ser só isso, só ela.

Suspirei, apaixonadamente. Aqueles olhos se dirigiam aos meus e senti um frio um pouco mais pra baixo do estômago. Sua boca estava avermelhada, num tom frutado. Ela me olhou intensamente e por longos segundos, minha vontade foi beija-lá ali mesmo, no banco de trás do uber. Mas não o fiz. Repreendi o desejo, e o sorriso, e o olhar. Me voltei para minha janela, deixando ela então perdida na imensidão do vácuo que criei entre a gente.

Finalmente chegamos ao local. Marcos já nos esperava, com Will. Revirei os olhos assim que o vi. Entramos na sala e nós sentamos, o humor de Vitória oscilou só de estar perto de Will e isso era a coisa mais engraçada. Ele fazia o sol virar tempestade.

-- Então, meninas, reuni a gente aqui porque queria conversar com vocês. -- Marcos começou, parecendo nervoso. Mexia na aliança. -- Eu vi a foto que vazou, de Vitória e TF...

-- A montagem. -- Corrigiu Vitória.

-- A montagem que vazou. -- Consertou ele. -- Está nas regras do programa que os jurados não podem ter contato com os candidatos, só se eles forem do seu grupo e vocês todos se encontrarem juntos.

-- Não estávamos juntos. -- Ela franziu o cenho.

-- Estavam sim. -- Will cruzou os braços.

-- Cala a boca. -- Vitória retrucou,

ríspida. Abafei o riso.

-- Então como surgiu a foto?? -- Marcos ignorou a implicância dos dois.

-- Eu fui numa cafeteria que não tinha ido antes, por ter outra mais próxima. -- Ela começou -- Estava afim de andar. Chegando lá, ele era o garçom. Preparou minha bebida e surgiu a menina que pediu foto comigo e o reconheceu...

-- Reconheceu? -- Will riu. -- Ele nem sequer é famoso.

-- ... Por que ele faz poesia em grupos de rua e tem vídeos dele por ai. -- Vitória ignorou a interrupção dele.

-- Vou avisar o dono do programa que não passou de um acaso.

-- Mas diminuímos ainda mais os boatos.

-- Will, sério, eu num suporto mais te ouvir falar essa palavra. -- Vi revirou os olhos.

-- Mas vem cá -- eu comecei. -- Você é o único que não tá nem um pouco preocupado nessa história né?

-- Lógico, uma foto nunca ia destruir a vida de vocês. -- Ele levantou o queixo, orgulhoso.

-- Willington -- Marcos disse, sério demais. -- Me deixa ver o seu computador.

Eu e Vi nos olhamos, Will pareceu se assustar por um segundo. Nós nos tocamos aí que ele era o responsável pela foto fake que havia surgido no twitter. Ele era responsável pela polêmica. Assim que Marcos comprovou que ele havia feito a montagem, Vitória ficou muito irritada. Eu nunca tinha visto ela tão brava.

-- Eu não acredito. -- Ela bufou.

-- É só uma foto. -- Ele se defendeu.

-- E se fosse com você?? -- Eu e Marcos nos olhamos e achamos melhor não nos meter naquela discussão.

-- Não deixa de ser montagem.

-- Mas as pessoas não sabem disso.

-- E eu deveria me importar com que as pessoas pensam?

-- Eu que te pergunto, tava tão preocupado com boatos 3 minutos atrás.

-- Eu não sou famoso.

-- E eu com isso. -- Ela cruzou os braços.

-- Ah me poupa -- Will fez uma cara de nojo. -- Vocês deveriam me agradecer pela vaga que tem no S!NG, só tem ela por minha causa, porque aquela fama de sapat...

Ele nunca conseguiu terminar aquela frase. Porque antes que ele notasse, antes que eu notasse, antes que Marcos notasse, Vitória deu um soco na boca dele.

[É PRA GLORIFICAR DE PÉ IGREJAAAAAAA]

Ana&VitóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora