[esse capitulo não é tão necessário para a historia, você não precisa ler se não quiser. se achar melhor não ler, simplesmente não leia. pra quem quiser, boa leitura.]
Eigengrau: "Dark Light" ou "Brain Grey", a cor visto pelos olhos na perfeita escuridão.Ana.
Entrei no carro sorrindo, ele estava sorrindo e com roupa casual. A noite estava com um tempinho bom e o convite dele veio a calhar. Ele dirigia calmamente até o shopping que íamos, agradeceu por eu aceitar o convite, apesar de ter sido feito de última hora. Diego me falou das sessões que teria no cinema hoje e decidimos ver uma animação que estava em cartaz. Eu estava distraída, pensando demais, minha cabeça estava em Marte quando ele colocou a mão na minha coxa enquanto dirigia. Meu corpo gelou, de imediato.
Eu tinha meus 23 anos, porém por motivos de insegurança eu nunca havia deixado as pessoas tocarem meu corpo. Era virgem, por mais que pouca gente acreditasse nisso, porque eu namorei por um tempo uma menina da faculdade, que terminou comigo justamente por isso. Eu não tive muita reação com a mão dele na minha perna, eu só queria que ele tirasse logo. Mexi a perna, fingindo arrumar a parte desfiada do meu jeans. A mão dele voltou para o volante, mas ele tinha um sorriso estranho agora. Eu senti medo ali.
Eu queria voltar para a casa. A sensação ruim que Vitória havia notado fez sentido quando vi aquele sorriso no rosto dele e vi seus olhos vazios. Olhos de buraco negro. Olhos de caminho sem volta. Olhos de destruição. Senti um frio subir na minha espinha. Peguei o celular e vi uma mensagem da Vitória.
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Vi ☀️🌻
Onde cêis vão, ninha?
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Respondi a mensagem rápido. Vendo ele tentar espiar meu celular o guardei de novo. Eu sentia que estava em perigo. Ele então me elogiou, disse que eu estava linda. Sua mão voltou para minha perna e eu tremi, mas não pelo motivo que ele achou que fosse. Ele deu um sorriso de canto e apertou minha coxa. Minha vontade de chorar foi grande. Mordi a parte interna da minha boca, tentando me manter calma. Eu queria sair correndo dali. Quando o carro estacionou, ele se virou e beijou meu rosto demoradamente. Tentei não fugir, para não ser pior, mas quando ele afastou o cabelo e beijou meu pescoço, foi impossível não empurra-lo com o ombro.
-- Que foi, Ana? -- Ele disse, numa voz baixa e muito rouca. -- Vai me dizer que não quer, também?
Ele voltou a beijar meu pescoço e apertou minha coxa. Os segundos viraram hora, e minha mente não conseguia raciocinar o que acontecia. Eu queria correr, mas ele segurava forte minha perna. Ameacei levantar e ele agarrou meu pulso com força, o que me machucou. Fechei os olhos com força pra tentar amenizar a dor. Nesse momento soube que reagir seria pior e só fechei os olhos, esperando algum milagre acontecer. Eu nunca estive tão assustada na minha vida. Nem quando jurei ter visto um fantasma em Araguaína aos 9 anos eu estivesse com tanto medo. Sua boca molhada se demorava no meu pescoço e ombro, e eu sentia nojo. Não era um toque calmo, nem bom, nem sincero. Era só por fazer. Era só porque deu vontade e aquilo não era certo. Não pra mim.
Quando senti que as lágrimas viriam, alguém bateu no vidro do motorista e Diego me soltou, logo em seguida a porta dele foi aberta e alguém segurou a blusa dele e o socou com força no rosto, no mesmo segundo minha porta foi aberta e eu fui puxada para fora do carro. Não senti medo. Conhecia aqueles braços albinos e aquele cheiro de casa. Me escondi no peito de Vitória e me permiti chorar.Theo
Puxei Leonardo para fora do carro, ele estava surpreso demais para reagir. O coloquei no chão, com o peito para baixo e apoiei meu joelho no meio das costas dele. Ele começou a reagir, ainda meio atordoado pelo soco. Peguei rapidamente a corda que havia trazido e prendi as mãos dele num nó rápido, agradecendo mentalmente meu avô por ter me ensinado os nós que aprendeu quando serviu para a Marinha.-- Em nome da lei.... -- Olhei Vitória, que abraçava Ana e parecia a tranquilizar, seu pouco tempo na faculdade deveria me ajudar agora.
-- Lei número 12.015. -- Ela respondeu.-- Em nome da lei 12.015, você está preso. -- Falei, alto, pois sabia que os seguranças do shopping que havíamos chamado estavam já perto o bastante para me ouvir.
Me levantei, puxando a corda que segurava as mãos de Leo e ele fez o mesmo, cambaleando, senti minha mão doer, acho que machuquei o pulso com aquele soco. Entreguei ele ao seguranças que me avisaram que as viaturas já estavam a caminho. Enquanto era arrastado para longe de mim, com dificuldade porque era maior que os dois homens que o carregava, Leonardo finalmente me reconheceu.
-- Sanchez! -- Ele gritou. -- Não vai conseguir me prender, adotado. -- Ele berrou, fazendo aquelas palavras ecoarem no estacionamento. -- Sua família não te deu ao circo à toa, vai fazer papel de palhaço quando eu estiver solto, meu pai vai mandar os advogados dele e eu vou continuar minha vida, e você vai continuar sendo um ninguém! -- Não ouvi suas últimas palavras, ele já estava longe demais para mim conseguir ouvir seus insultos.Um rapaz falava com Ana e Vitória, ele anotava tudo num bloquinho de papel. Estava com roupas casuais e o carro dele estava estacionado de qualquer jeito nao muito longe dali. Deveria ser um policial que estava de folga e notou a bagunça. Me aproximei.
-- Ele machucou você? -- Ele perguntou, calmamente para a Morena que ainda estava encolhida nos braços de Vitória. Mostrou, com dificuldade, o pulso.Toquei devagar o braço dela, estava inchado. Ele deve ter segurado com força e ela, mesmo sem notar, reagiu tentando se soltar enquanto estava em pânico. Suspirei, ela havia deslocado o pulso.
-- Ela deslocou o pulso. -- Eu disse. -- Ela toca violão, a recuperação demora em torno de 3 meses para ficar bom de novo. Ela trabalha com música, vai ficar afastada do trabalho por mais de 30 dias, o que caracteriza como lesão corporal de natureza grave.O policial me olhou, um tanto surpreso. Vitória concordou comigo. Não era normal um adolescente de 19 anos saber tanto sobre medicina e direito. Mas ele me poupou das perguntas. Pediu nosso número para contato e disse que nos avisaria quando o caso entrasse para julgamento, mas teríamos que passar na delegacia para fazer o boletim de ocorrência, ele mesmo ia agilizar o processo de depoimento pra gente lá dentro. Concordamos e eu então olhei para as meninas, Vitória me olhava preocupada, já que Ana não parava de chorar e tremer.
-- Vem, vamos terminar logo isso e ir pra minha casa. Vai ficar tudo bem. -- Falei, baixo e tirei meu minha camisa jeans e fiquei apenas com a camiseta branca por baixo, coloquei as no ombro da morena com calma e a direcionamos até o carro.A noite seria longa.
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Ana&Vitória
Fanfic"Éramos mais que Anavitória. Éramos Ana&Vitória. Éramos dois corações." 25/11/2017: #163. 05/03/2022: #13, em anavitoria. 22/03/2022: #2, em anavitoria