[peço desculpas por esse cap surpresa agora já, eu sei que vocês vão querer me bater]
Ana.-- Então... -- Diego começou, logo depois de termos pedido nosso açaí. -- Repete o motivo do atraso? -- Ele sorriu, divertido.
-- Vitória encarnou que não era pra eu vir. -- Ri, lembrando de toda cena. -- Encarnou que iria chover, que estaria fechado hoje, tentou me convencer até que não era coincidência estar passando meu filme favorito na TV justo hoje. -- Ele sorria, concentrado na história. -- E ai quando fui pegar meus óculos, ela escondeu meu celular. Ela encarnou que era melhor eu não vir hoje.
-- Ainda bem que veio. -- Diego continuo sorrindo, me olhando nos olhos.
Ele era interessante. Não tanto quando Vitória, que era poesia viva, mas ele tinha sua particularidade misteriosa. Vi teria feito um longo discurso sobre como a energia dele era ruim, mas ele não precisava saber dessa parte. Olhava naqueles olhos e não via maldade. Via apenas dois olhos. Eu não tinha acesso a alma dele, talvez isso que incomodou ela, mas eu achava interessante ele ser tão particular.
-- Então, Diego -- comecei. -- Me fale de ti. Onde nasceu, o que faz da vida... Essas coisas.
-- Eu nasci no interior de Sao Paulo, vim pra capital quando completei 7 anos. -- Ele começou a brincar com um dos guardanapos. -- Meus pais sempre foram muito unidos até minha mãe adoecer e falecer há 3 anos, eu cursava medicina. -- Ele suspirou, parecendo triste. -- Tive que largar o curso para ajudar meu pai. Eu tenho dois irmãos mais novos e nunca tivemos muito dinheiro. Tive que trancar a faculdade e arrumar emprego para pagar as despesas, já que meu pai trabalha de pedreiro e está cada dia sofrendo mais com a idade. -- Ele ficou por silêncio em alguns segundos, e depois me olhou e se apressou: -- Não sinta pena, nunca me faltou nada. É que medicina era realmente meu sonho, porém tenho que ajudar a pagar a escola dos meus irmãos. Por isso faço bico de segurança e ajudo meu pai quando estou de folga da loja que eu trabalho.
-- Uau. -- Sorri, sentimento meus olhos lacrimejarem. -- Uma história e tanto. Sinto muito por sua mãe e espero de verdade que consiga voltar pra faculdade logo, seus olhos brilham falando disso.
-- Obrigado, Ana. -- As duas taças de açaí chegaram e logo começamos a comer.
Diego continuou me contando sobre Sorocaba, onde havia nascido. Contou dos seus primos, dos cavalos que seu avô tinha. Me falou como foi vir pra capital com um sotaque de caipira fortíssimo e de como foi difícil se adaptar, já que antes todo mundo já se conhecia na cidade, sua família morou lá por muito tempo. Aos poucos, ele deixou de ser um completo desconhecido.
Comecei a enxergar nele um rapaz simples, com um leve sotaque do interior, alguém que tinha muito orgulho do seu pai, que adorava cavalos e sonhava em ser médico. Não era só o cara que fazia guarda nos meus shows, era alguém muito parecido comigo. Vi alguém que demorou para se adaptar a cidade cinza de São Paulo, alguém que mal via a hora de viajar o mundo e salvar vidas, como ele mesmo disse.
Se eu soubesse, na época, tudo que ele faria no futuro, eu teria ouvido Vitória. Eu teria ido ver o filme com ela. Eu teria ficado em casa. Eu não teria caído no discurso de bom moço dele. Esse dia mudou minha vida. Tudo pelo momento que me permiti comer aquele açaí com ele. Eu poderia ter evitado, eu fui avisada. Enquanto eu comia o açaí e olhava nos olhos dele, eu deveria ter notado que a falta de alma não era sinal de privacidade ou de mistério, era sinal de alguém que estava com sua essência corrompida.
Diego foi a pessoa que destruiu minha vida. Ele me deixou marcas que não consigo superar até hoje. Ele acabou com muita coisa, e entre meu coração e saúde, ele acabou com Anavitória.
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Ana&Vitória
Fanfic"Éramos mais que Anavitória. Éramos Ana&Vitória. Éramos dois corações." 25/11/2017: #163. 05/03/2022: #13, em anavitoria. 22/03/2022: #2, em anavitoria