Bônus: Lua-de-Ana.

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Vitória.

Meu vestido rendado preto balançava com o vento enquanto eu esperava Ana sair da casa e pisar na areia. Depois de muito pensar, resolvemos casar na praia. A varanda dava pra a areia, fizemos um corredor marcado por conchas e pedrinhas coloridas que achamos. Todo mundo estava descalço, sentados em toalhinhas na areia, esperando ela chegar até o arco com flores que tinha no fim do caminho. Quem faria a cerimônia era um hippie que conhecemos por ai numa noite embriagada da paulista, ele vestia uma túnica indiana azul e calças brancas que iam até o meio da canela. Tinha umas 20 pessoas espalhadas na areia, além de nossa família. Quando o sol começou a pintar todo o céu de laranja, a vi sair da casa.

O ar escapou pelos meus lábios num suspiro surpreso. Ela usava um sutiã rendado branco e uma canga da mesma cor aberta na lateral. No cabelo uma coroa de flores amarelas, como as usadas no arco acima de mim. Ela caminhou com os pés descalços, a saia arrastando na areia atrás de si e um girassol na mão. Theo tocava Tenerife Sea  do Ed Sheeran para nós e todos pareceram segurar a respiração quando ela passou. Só as ondas faziam barulho enquanto a via caminhar até mim. Foi impossível não sorrir quando ela chegou a minha frente, com os olhinhos de noite brilhando.

-- Estamos todos reunidos hoje para celebrar o amor. -- Fernando, o nosso hippie, começou. -- Celebrar o amor da maneira mais pura que existe, na maneira mais linda que meus olhos já viram e eu tenho certeza que amor como esse não existe em nenhum lugar do universo. -- Ele sorriu, pegando as alianças que foram presente de Elias do bolso. -- Hoje o mundo verá finalmente o casamento do sol com a lua, e nesse por do sol os dois dividem o céu... -- O sol refletiu nos olhos de Ana, banhando ela com a luz dourada. Os olhos revelaram um castanho escuro e pela primeira vez vi a pupila dela no meio daquela íris de noite. A lua estava cheia no céu que começava escurecer. -- ... E nesses corações Deus dividiu o amor. Hoje vamos colocar no papel de cartório o que Ele escreveu a mão. -- Nando apontou para o céu, claramente falando de Deus. -- Se alguém aqui presente tem algo contra esse matrimônio, fale agora, ou cale-se para sempre. -- Nem o mar ousou fazer som nesses próximos 5 segundos. O mundo nunca foi tão silencioso. -- Caetano -- Ele olhou a morena parada a minha frente. -- Você aceita Vitória Fernandes Falcão como sua esposa? Como o único real e verdadeiro amor de toda sua vida? Na saúde e na doença? Na alegria e na tristeza? Nos carnavais e nas quartas de cinzas? Nas segundas cheias e nas sextas flutuantes? Nos discos de forró e nos de rock dos anos 80s? Nas manhãs sem maquiagem e nas noites onde nada será mais perfeito que o delineador dela? Aceita amar, entender, rir das piadas sem graças, nunca soltar a mão, viver ao lado de Vitória incondicionalmente, até que a morte as separe?

-- Eu aceito. -- Ela molhou os lábios  -- Eu juro sempre tentar entender. Promete ser o seu colo em dias difíceis e seu sorriso nos felizes. Prometo ser o seu porto seguro quando quiser um lugar pra ficar, e o seu barco quando quiser viajar. Prometo nunca soltar sua mão.

-- Falcão. -- Ele chamou e eu gelei por um segundo. -- Você aceita Ana Clara Costa Caetano como sua esposa? Para amá-la e honrá-la? Para ter ela como seu único real e verdadeiro amor? Para sempre estar presente, mesmo longe? Para ser sol, mesmo nos dias mais nublados? Para ser luz nas noites mais escuras? Na alegria e na tristeza? Na saúde e na doença? Em cada réveillon e em cada natal? No mau humor e na risada sem fim? Nas músicas antigas do rádio até as eletrônicas das festas? Aceita amar, respeitar, entender, nunca abandonar, até que a morte as separe?

-- Aceito. -- Senti meus olhos arderem, eu queria chorar. -- Juro sempre te lembrar da luz que tu carrega. De te abraçar em todos os momentos. Prometo nunca desentrelaçar nossos dedos. Prometo amar você até depois da morte, porque somos muito além da vida.

Trocamos as alianças. Ela me encarava ansiosa, seus pés inquietos na areia indicavam a impaciência para me tocar.

-- Ana, Vitória, podem beijar a noiva! -- Ele riu, e todos aplaudiram quando os lábios doces da minha menina tocaram os meus. Seus dedos afundaram em meus cabelos e eu enlacei sua cintura, selamos ali nosso casamento. Com um beijo frutado.

Ana&VitóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora