Capítulo Trinta: Café

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[por favor, leiam o capitulo um, tem um aviso novo pra vocês. Boa leitura]

Ana.


A semana foi boa, as coisas haviam fluído bem, mesmo com a foto postada no instagram, a repercussão tinha sido positiva, comentários como "MEU SHIPPE TA VIVO SIM" foi o que mais teve. Quando chegamos em São Paulo, Vitória me mostrou que deixou meu quarto do mesmo jeito que seis meses atrás. O Tinho estava ali, em cima da cama, não havia poeira, o que indicava que Vi tomou o cuidado de manter tudo ali limpo. 

-- Acho que ele sentiu sua falta, Ninha... -- Ela sussurrou atrás de mim, me incentivando a entrar.


Tudo lá era tão nostálgico. Me dava uma sensação de voltar para casa, uma adrenalina no peito, de voltar para aquela vida. Tudo mantinha o cheiro de antes, com um pouco mais de Vitória do que antes e um cheiro amadeirado que era novo por ali. Não dei muita atenção, entrei no meu quarto, como se tivesse medo de tudo aquilo virasse fumaça. Sentei na cama, me deitei. Meu deus, como eu senti falta daquele lugar, antes de eu falar qualquer coisa, ouvi uma buzina em frente da casa.

Descemos e lá estava Theo, com seus olhos espelhados, uma jaqueta jeans escura e o cabelo preso em coque. O conversível dele parecia que havia sido lavado pelo amanhã, porque estava limpo demais. Vitória nem abriu a porta, pulou e se sentou, como se fizesse isso todos os dias. Com certa dificuldade, sentei atrás, já que o carro era apenas para dois, mas como eu era pequena, não fiquei tão desconfortável me sentando ali. Fui sentindo o vento nos cabelos e cantando a música que tocava no som dele.


Ao chegarmos no teatro, entramos todos juntos. Tinha uma galera que estava andando de um lado para o outro, arrumando as coisas, quando os dois entraram todos aplaudiram:

-- Olha só quem chegou, ViTheo! -- Um garoto alto, com os cabelos negros bem curtos disse, fazendo todos aplaudirem e assobiaram.


Encarei os dois que reviraram os olhos e deram de ombros, aparentemente faziam aquela piada sempre. Theo logo pegou uma fita branca e foi subir no palco, fazendo algumas marcações. Vitória pegou um papel que estava escrito "Reservado" e entregou para uma mulher alta, de rabo de cavalo que tinha uma camiseta escrito "SEGURANÇA".

-- Paola, essa é a Ana que te falei. -- Ela apontou para mim, e eu apertei a mão da tal Paola. Ela parecia simpática. -- Poe isso aqui nos lugares que vocês vão sentar, aqueles que eu te disse, okay?


A mulher saiu com os papéis e uma fita, e eu então notei que eu tinha uma baba pra ver o espetáculo comigo, bufei, irritada. Me sentei ali e vi todos eles trabalhando. Um menino de aproximadamente 14 anos se aproximou de mim um fio de pisca pisca embolado.

-- Ei moça, cê pode me ajudar? -- Ele mostrou o grande fio enrolado. Sorri e logo comecei a ajudar ele a desfazer os nós.


Passamos um bom tempo ali, separando os fios, ele me contou que ele faria uma apresentação incrivel, que o nome dele era Manuel, e ele era o terceiro a se apresentar naquela noite. Pelo que ele me contou, Vitória e Theo seriam os últimos. Ele me entregou um papel que era sobre a noite de hoje, com o nome de todos os artistas e o cronograma das peças. Eles apresentariam "todas as suas cores", pelo nome, soube que era uma obra totalmente original deles. Theo e Vitória estava no palco agora, com papel na mão e parecia repassar alguma coisa, falavam das fitas que colocaram no chão e pela movimentação deles, notei que eles dançariam em alguma parte do espetaculos.

Sorri, nunca havia visto Vitória dançar. Não assim, não de maneira artística. Ignorei a sensação estranha de ver todo mundo chamando eles de ViTheo e sai do teatro, eu sabia que tinha uma cafeteria naquela quadra e adoraria tomar um café até dar a hora da apresentação começar. Me sentei num banquinho no balcão e uma menina me atendeu. Pedi um café com leite e um croissant. Li o papel do teatro de novo.

-- Vai na apresentação hoje a noite? -- Ela perguntou, colocando meu pedido ali.


-- Sim, eu vou.

-- É amiga de algum deles?

-- Sim, da Vitória Falcão e do Theo Sanchez.


-- Ah, eles sempre veem aqui antes e depois dos ensaios. -- Ela riu. -- Sempre pedem as mesmas coisas e ficam por aqui esperando o teatro abrir. Um amor esses dois, se esforçaram muito, acho que até eu aprendi as falas de hoje a noite de tanto que os houve repetir. Alias, prazer, Stefany.

-- Prazer, Ana. -- Apertei a mão dela, sorrindo.


-- Conhece eles a muito tempo?

-- A Vitória conhece desde de sempre, o Theo conheci esse ano.


-- Eles namoram faz muito tempo? -- engasguei. Olhei a moça com os olhos arregalados. -- Espera, eles não namoram?? Meu deus, pelo grude deles eu jurei que era, e juro que já vi esses dois se beijando. -- engasguei, de novo

-- A Vitória é minha namorada. -- Olhei a moça, falando sem pensar. -- Bem, não exatamente, a gente não deu nome ainda.


-- Ah, eu sinto muito! -- Ela pareceu preocupada. -- Eu... Eu falo demais, estou tratando isso, só... Eles se dão tão bem e passam tanto tempo junto e eu achei... enfim, provavelmente o beijo foi coisa do teatro, porque só vi eles ficando com os papéis das falas na mão, e foi selinho, três vezes no máximo. 

Ri, vendo ela tentando consertar a situação, suspirei pesadamente. Acho que essa peça me daria surpresas demais.

Ana&VitóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora