Capítulo Nove: Eclipse.

4.2K 356 153
                                    

 Os dois corpos permaneciam abraçados na sala. Os dois corações continuavam perdidos.

 -- Ninha... -- chamou a maior, e ouviu um murmurio de resposta. -- Me conta o que tá acontecendo.

 -- Eu não sei, Vitória! -- Ela se levantou, com o rosto vermelho, falando alto e se encolhendo no outro canto do sofá. -- Eu não sei o que te dizer porque eu de repente não sei as falas desse roteiro, eu não lembro da cena, eu não sei improvisar nesse palco e acabei de entregar tudo que tinha no escuro. -- Ela falou, sem pausas, dando uma longa respirada. -- A droga da música é sobre você e tá tudo uma bagunça, Vitória, você me fez errar o passo da música que dancei a vida inteira. Você me faz esquecer a letra da música cantei desde sempre, você faz meu coração entrar em ritmo de carnaval em pleno setembro. Você é o salto que dei do bondinho que era o caminho que sempre quis e agora ando na calçada do incerto. -- Ela passou a mão nos cabelos. -- Você é meu par de olhos favoritos, que tem cor de marte, é meu dengo, é chamego meu, é meu amor 2 em 1, tu é meu trevo, é meu singular, quem me faz querer ser nós, é o que faz meu coração ser carnaval, e por favor, tententender que eu até tentei ser "agora quero ir" mas sempre fui Tua. Não sei quem me fez amar você, não sei em quem botar a culpa, Talvez a Deus, mas eu amo, Vitória. Eu amo você e toda a galáxia que você carrega na tua alma. -- declarou, dando todas as peças do quebra cabeça. Entregando todas suas fichas do jogo. Entregando, sem medo, seu amor.

 -- NaClara... -- chamou Vitória. -- Tu sempre foi melhor que eu com palavras. -- Suspirou, segurando o rosto da morena com as duas mãos, encostando as testas das duas. -- Você é meu coração fora do peito. Você é parte de mim, fora de mim. Você é todo o meu amor em forma de poesia, Aninha, eu estaria mentindo se dissesse que nunca quis me afogar na noite que tu é. Não vai errar o passo, Ana, porque a música.... -- Os olhares se encontraram. -- porque a música é nós. Nós somos a canção. Nós somos a dança. Nós somos a própria pista. -- Sussurrou, aproximando ainda mais seus rostos. -- Eu nunca vou errar a letra enquanto você for a canção. -- A respiração já se misturava, Ana segurava os pulsos de Vitória. -- Eu nunca vou negar amor enquanto você for o próprio verbo amar. -- Num fio de voz, em milímetros de distância da boca da morena, terminou: -- Eu quero me afogar em você, Ana Clara.

 E então, o eclipse finalmente aconteceu. Dia e noite, juntos, sem distâncias. A lua e sol estavam alinhados.

 E o universo nunca viu um beijo tão doce.

Ana&VitóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora