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Senti uma dor fina atingir o meu corpo e dei um grito de dor abrindo meu olhos.

Agachada ao meu lado estava minha mãe pressionando um cigarro acesso contra o meu braço. Puxei o mesmo pra longe dela urrando de dor e ela levantou me dando um chute!

Elza: Já estava até feliz achando que tu tava morto. - deu risada.

Forcei pra me levantar do chão, mas não consegui. É isso mesmo.. Eu ainda estava naquele chão sujo desde ontem! Eu dormi aqui, senti as baratas passarem por cima de mim, mas não tive forças pra levantar.

Na verdade eu nem queria... Eu queria ficar ali naquele chão e não acordar nunca mais, queria sumir.. Eu queria ir pra esse céu que vejo os tios e tias que são da igreja falando.

Eles dizem que lá tem de tudo.. Que é bonito, que não existe tristeza, nem dor... Eles dizem que tem um Deus, que ele é o nosso papai e que ele olha por nós lá de cima.

Certas noites eu já cheguei a pedir pra ele, Deus, me fazer ganhar muito dinheiro. Pra eu conseguir um trabalho como vendedor de jornais ou empacotador nos mercados.

Em outras noites já cheguei a pedir até pra ele me levar daqui. Queria morar com ele, sabe? Mas ele novamente não me ouviu... Será que ele é igual a minha Mãe? Será que ele também não gosta de mim?

⏰⏰⏰⏰

Minha mão pequena bate no vidro no carro, no meu braço se destaca as queimaduras de cigarro.

A chuva era forte e quando atingia o meu corpo me fazia gemer de dor.. Eu estava tão cansado e machucado que até com a água da chuva que caia sobre mim o meu corpo doía.

Suspirei pesado e espirrei. Bati mais uma vez no vidro de um carro parado no sinal e o motorista abaixou um pouco o mesmo! Não dava pra ver quem estava dentro, mas pela voz era uma mulher.

Xxx: O que houve com você? Sai dessa chuva, menino. Cadê a tua Mãe?

Denner: Minha mãe tá doente, Dona. Por isso que eu tô aqui, eu vim pedir dinheiro pra comprar remédios pra ela.. Ela tá muito mal! - fiz uma careta triste.

Além de me obrigar a pedir nas sinaleiras para sustentar seus vícios, ela me obrigava a mentir também. Eu não entendia muito bem como ela mesmo se agorava mandando eu falar que ela estava doente.

Xxx: Ô meu filho.. Que pena! Qual o teu nome?

Denner: É Denner, tia.

Xxx: Então, Denner. Deixa eu estacionar o meu carro ali no acostamento que eu vou te ajudar. - sorri pra ela. - Anda, vai pra calçada, o sinal ja vai abrir!

Corri mancando com a mão na barriga tentando amenizar a dor que vinha da mesma quando eu forçava algum movimento.

Fui pra debaixo de um ponto de ônibus e fiquei observando enquanto a tia estacionava. Não demorou quase nada e ela se aproximou de mim correndo com a bolsa na cabeça.

Xxx: Pronto meu filho, já estou aqui. - sorri.- Quantos anos você tem? O que houve com você?

(....)

A tia quis saber da minha vida toda, pô. E eu contei.. Mesmo que não por completo! Eu tive que mentir sobre quem me machucou. Mas em meio a conversas acho que ela percebeu que eu estava mentindo sobre a minha mãe estar doente..

Ela nem ligou, disse que já está acostumada com isso e sabe muito bem como é.

Me contou que tem uma ong pra ajudar crianças e adolescentes que moram na rua e que se eu quiser, na quarta ela me levaria pra conhecer. A Tia Lurdes é demais, uma pessoa boa!

REDENTOR  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora