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7 anos depois...

Sete anos nessa vida, sete anos no mundo do crime. Vendo e vivendo com o perigo lado a lado!

Quando tu se envolve nesse mundo e descobre tudo que ele pode te proporcionar, não tem jeito... Tu fica doido!

Diferente de outros meninos, minha adolescência não foi curtinho, não foi comemorando.. Foi trabalhando!

Trampava de domingo à domingo na boca, não queria folga. Na verdade eu nem tinha motivos pra isso... Não tinha ninguém me esperando em casa, não tinha datas comemorativas pra mim, eu só tinha uma casa vazia pra qual eu voltava todos os dias.

Pra quem nunca teve nada, tudo que eu conquistei até hoje já seria o bastante. Mas pra mim não, eu quero mais...

Eu não sou mais o Denner de antes, deixei de ser a muito tempo. Dele eu só carrego a dor e a raiva. Essas não me deixam de forma alguma, elas não passam e acho que nunca irão passar.

Quando eu comecei, foi como olheiro mesmo. Era radinho do lado e pipa no céu! Depois passei pra vapor, traficava maconha. Era 38 do lado e mochila nas costas.

As coisas pra mim começaram a melhorar nessa época mesmo. Foi com o dinheiro que eu ganhava traficando que eu arranjei um canto pra mim e parei de dormir no barracão.

Fui crescendo muito rápido nesse meio, ganhando confiança e conceito com os fortes. Eles sempre me disseram que eu iria longe, que eu tinha visão e eu acatava todas as ordens.

Se era pra matar eu matava, não tinha pena. De certa forma eu via aquilo como uma forma de alívio, algo que me relaxa...

(...)

Coloquei a cadeira no canto da laje e me sentei. Ajeitei minha conta colocando por dentro da blusa e fiquei ligado no movimento da rua.

Marquinhos: Porra... - tossiu. - Essa é da braba! - estendeu a mão pra eu pegar. - Eli tá botando pra fuder! - assenti.

O Eli diferente de nós dois nao veio pras ruas, ele ficou por dentro mesmo. Ele trabalha na endolacão.. Faz as misturas, divide e embrulha.

Dei o primeiro trago, o segundo e joguei a fumaça pro ar... Passei o baseado de volta pro Marquinhos.

Marquinhos: Amanhã é meu aniversário. - fiquei em silêncio. - Tava pensando em fazer uma resenha pros mais chegados.

Denner: Legal.

Marquinhos: Sabe... - soprou a fumaça. - Tenho uma saudade danada de quando minha mãe fazia meus aniversários, se ligou? A coroa mandava ver mesmo. - riu. - O bolo de chocolate que ela fazia era pica! Saudades desses tempos... - balançou a cabeça. - E tu Denner, tem saudades não?

Denner: Não. - disse ríspido.

Marquinhos: Não tem o que, cara? Fazer aniversário antigamente era maneiro, pô.

Denner: Não sei do que tu tá falando não. - me ajeitei na cadeira nervoso.

Eu já estava ficando nervoso. Não gosto dessas conversas, odeio me lembrar do passado mesmo que ele esteja sempre me perseguindo.

Marquinhos: Tu não sabe o quê cara? Quando é o teu aniversário mesmo? - me encarou.

Denner: Ih, não fode! Papo chato do caralho. Se vai ficar com essa brisa enjoada é melhor sair do meu lado. - ele levantou as mãos em forma de rendição.

Marquinhos: Calma, irmão. Eu só queria saber quanto tu faz aniversário, pô. Nunca vi tu comemorando nem nada, eu só queria saber..

Denner: Tu quer saber mesmo? - me levantei segurando o fuzil.

Marquinhos: Sim, pô. - jogou a ponta do baseado fora.

Denner: Eu não sei.. - passei a bandoleira de lado e a abri os braços. - Eu não sei quando é meu aniversário, eu nunca comemorei... Nao sei que dia eu nasci não.. Que caralho! - gritei. Não ligo pra essas porras... Tô pouco me fodendo. Quero mais é que se foda mermão! - sai saindo.

REDENTOR  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora