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Elida

Eu andava pela casa toda que nem uma barata tonta, sério mesmo. Não tinha mais sossego nenhum!

Tava nervosa pra caralho, cool piscando mas de hoje não passaria. Eu precisava contar, precisava tirar esse fardo das minhas costas pô.

Tô me sentindo mal pra caraca, não tenho mais paz, consigo nem dormir direito. É foda... É foda ver a felicidade do Marcos e não me sentir culpada, é foda ver o sorriso dele, a felicidade e não poder sorrir também.

De verdade? Não tô feliz! Aconteceu eu sei, não vou tirar meu filho jamais, independente de qualquer mais nessa situação eu não queria não.

Esse sempre foi o nosso sonho, apesar de eu sempre gastar com a cara dele falando que não queria filho com ele, sempre foi o meu sonho, sempre foi o dele!

E agora? Agora eu tô aqui grávida, mas não sei se ele é o pai. Minha consciência está pesadíssima, as palavras daquela garota que a verdade é sempre melhor não saem de mim.

Não sei de verdade o que pode aconter, até posso imaginar a reação a dele. O medo tá em mim, mas eu preciso tirar esse peso de mim!

Assim que a porta abriu e ele destampou meu coração já bateu mais que bateria de escola de samba, sério mermo.

Marquinhos: Eae amor. - me beijou!

Elida: E.. Eae... - dei um meio sorriso. - Eu preciso falar contigo!

Marquinhos: De boa, deixa só eu tomar um banho. Tô suadao cara, nem tem clima. - passou por mim. - Marca um cinco aí!

Sempre assim, ele sempre foi assim esse puto. É todo nojentinho mesmo, maior putaria! Mas eu gosto.

Me sentei no sofá e abaixei minha cabeça apoiando nas minhas pernas. Eu contava os segundos mentalmente e ensaiava o que eu iria dizer!

Os segundos, minutos pareciam demorar um século e esse banho ser o mais demorado do mundo. Já estava quase me levantando e batendo naquela porta, quando ouvi seus passos.

Levantei minha cabeça na mesma hora, comecei a suar frio e me levantei de imediato.

Marquinhos: Col foi? - sorriu.

Elida: Senta aí... - apontei pro sofá.

Marquinhos: Que é que tá pegando? Suspense do caralho pô! - deu risada e se sentou. - Diz aí, qual foi? - me encarou.

Eu não consegui dizer nada, travei real. Puta que pariu! Que bussanha, que merda foi que eu fiz?

Marquinhos: Fala aí cara, tô ficando nervoso já. Foi alguma coisa com o meu mlk? - se remexeu no sofá.

Elida: Não.. Não... Ele tá bem. - sorri sem graça já querendo chorar. - Quem não tá sou eu.

Marquinhos: Col foi? - me encarou assustado.

Eu pausei um pouco, na verdade por um bom tempo enquando ele respirava fundo. Tentei dizer tudo que eu mentalizei pra falar, mas nesse momento tudo sumiu. Então, eu decidi apenas deixar fluir...

Elida: Lembra quando a gente se conheceu? - ele assentiu. - Eu toda novinha, você na tua emoção. Minha mãe não queria a gente junto de jeito nenhum, mas mesmo assim eu insisti. Ela dizia que você não era pra mim, que você era errado, que eu iria sofrer, mas eu não liguei... Eu fiquei contigo mesmo assim! Sabe por quê? A gente não manda no coração e o meu te escolheu. Eu amei você e ainda continuando te amando. Desde o primeiro dia que eu te vi eu vi que era tu que eu queria pra vida toda! O tempo passou, ela foi embora e eu preferi ficar contigo! - respirei fundo. - Lá no fundo ela tava certa... Eu sofri pra caralho contigo, tomei chifre a rodo, comi o pão que o diabo amassou mas mesmo assim eu ainda continuei te amando. A gente se separou, voltou e separou de novo... Em todas as vírgulas da nossa história eu te dizia que não queria mais você, que era definito, mas nunca foi... - ele me interrompeu.

REDENTOR  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora