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Luna
Realmente o mundo é muito pequeno mesmo. Conheci a Thauanny na lanchonete onde eu agora trabalhava e de imediato criei um grande carinho por ela!
Thauany era casada com um ex traficante que era viciado em drogas e tinha uma filha pequena, que virou o meu xodó.
Mesmo ouvindo todos os dias relatos de sua história, eu ainda não tinha assimilado as coisas...
Ainda não tinha percebido que o Elivelsson que era casado com ela, era o mesmo homem que eu conheci e ajudei no mesmo dia que todo esse inferno começou na minha vida!
Na verdade, mesmo vendo pela primeira vez em alguns segundos uma expressão que não era de ódio e raiva no rosto do Coréia, eu não percebi de que era dele de quem a voz naquele rádio falava.
Só tive certeza que era ele, e que ele era o marido da Thauanny quando ela me ligou desesperada e pediu que eu olhasse a sua filha!
(....)
Tiffany: Tia Una? - me chamou.
Era assim que ela me chamava e toda vez que ela repetia essas três palavras eu tinha que segurar o riso, pois eu achava isso a coisa mais engraçada do mundo.
Sei lá, eu acho tão fofo o jeito que as crianças pequenas falam. Essa troca de letras, falta, me encanta de verdade e me diverte!
Luna: Oi Titi.
Tiffany: Tô com "xodade" da minha mamãe. - fez bico.
Já tinha perdido as contas de quantas vezes ela já tinha repetido essa frase durante esses dias. Eu já estava ficando sem ter o que falar e sem ter desculpas para dar.
Luna: É... Ela tá viajando, tia. Mas ela logo logo vai voltar! - sorri.
Tiffany: Poxa... Todo dia "ocê" fala isso. Poxa... E o meu papai, cadê ele? Eu tô com saudades dele, Tia "Una". - cruzou os braços.
Ouvir essas palavras me deixou de coração partido, de verdade mesmo. É triste ver e saber que uma criança desse tamanho, mesmo não entendo quase nada da vida já está sofrendo e pagando pelos erros dos pais.
Mesmo não entendo, é perceptível que ela sente a falta do pai e principalmente a da mãe, já que segundo a Thauanny era com ela que ela passava a maior parte do tempo.
Luna: Ele tá com a sua mamãe também e em breve eles vão voltar! - disse e ela continou emburrada.
Meu pai, me desculpe por omitir a verdade dessa criança. Mas senhor, como é que eu vou contar a verdade?
Luna: É... Vamos lá na pracinha? Eu vou comprar um sorvete bem grandão pra você. Nossa, sorvete é um delícia né? - disse sorrindo e ela sorriu na mesma hora.
Tiffany: Eba! Eu "quelo"...
(...)
Cheguei na pracinha e como quase sempre os bares estavam lotadissimos por mulheres, homens e até alguns traficantes.
A maquina de sorvete ficava ao lado de um dos bares e pra eu ir até lá comprar o nosso sorvetinho, tive que passar pela frente dos bares.
Segurei na mão da Tiffany que pulava e cantava em alto e bom som uma música da galinha pintadinha e fui até lá.
Ao me aproximar senti alguns olhares sobe mim, mas nem liguei. Eu já deixei isso de lado, sabe? Não ligo mais! Agora nao ligo que falem, deixo que digam e eu não dou mais vez. Eu sei meus motivos e principalmente papai.
Paguei o valor pra tia do sorvete e peguei as duas casquinhas. Segurei uma e entreguei outra pra Titi!
Escolhi o sabor e a tia mandou que eu colocasse a casquinha onde o sorvete iria cair. Assim que terminei, entreguei a casquinha já cheia pra Titi e peguei a vazia.
Sabe quando tudo acontece em questão de segundos? Foi assim... Tudo foi muito rápido! Senti alguém me puxando por trás pelos cabelos e logo em seguida eu caí no chão.
Xxxx: Vagabunda! Mamada de quinta... - disse enquanto subia em cima de mim e dava tapas em meu rosto.
Minha reação de imediato foi tentar proteger meu rosto com uma mão e com a outra a empurrar. Mas eu não consegui, a mulher era duas de mim!
Luna: Me solta! - tentei empurra-la mais uma vez, mas não consegui. - Eu nem te conheço! - disse entre suspiros.
Juro, eu não tive outra escolha a não ser sair da graça e me defender também cara.
Cravei minhas unhas na cara dela com força que imediatamente ergueu o rosto pra trás por conta da dor e começou a berrar.
Xxx: Meu rosto sua piranha, meu rosto... Tu me feriu, porra. Eu vou te matar!
Não dei voz, aproveitei o momento e com a outra comecei a dar murros e tapas em seu peito. Mas logo ela foi tirada de cima de mim bruscamente.
Xxx: Qual foi Vitória, tá doidona cara? Isso aqui não é ringue não, rapá. - disse um homem com cabelo de dreads, que estava rodeado de traficantes ao seu lado.
Eu já tinha visto ele aqui outras vezes, já tinha visto ele ao lado do Coréia, mas não me lembrava do seu nome.
Me levantei do chão rapidamente e limpei minhas roupas. A roda já estava formada ao nosso redor e eu fiquei morta de vergonha por conta disso!
Vitória: Tô doidona, tô doidona mesmo... - apontou pra mim. - Eu vou acabar com essa pirigospel na moral, vagabunda, safada! Tu sai do caminho do meu homem, se ligou? Rala sua pilantra!
Xxx: Ih... - deu risada. - Nem tô sabendo dessa, nem tô sabendo que o mano é seu homem no bagulho. Ta viajando é? Para de k.o porra! - disse e ela ficou toda sem graça.
Tiffany: Tia... - agarrou na minha perna chorando.
Luna: Oi meu nenê... - a carreguei no colo enquanto eles ainda discutiam.
Vitoria: Na boa, não se mete não Marquinhos... - gritou.
Marquinhos: Abaixa o tom Vitória, tu não ta falando com qualquer um não, porra. Vigia no bagulho! Se cresce muito pro meu lado não pacera... Te arrebento na porrada rapidinho e te garanto que não vou ser cobrado por isso. Agora rala pra casa vai, mete o pé! - disse e ela saiu toda se bulindo.
Dei as costas com a Titi também e já ia saindo de fininho, quando ouvi aquele homem me chamar. Pensei até que ele iria reclamar comigo também, mas não.
Marquinhos: E tu, loira? Tá fazendo o que na rua uma hora dessas com a filha do mano? - me encarou sério.
Luna: Eu... Eu... Eu só vim comprar sorvete pra ela.
Ele não me respondeu mais nada, apenas veio em minha direção e pegou a Titi no colo que se jogou rapidamente pra ele. Brincou com ela por um tempo e depois me entregou, dando as costas e saindo logo em seguida!