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Não sei ao certo quantos minutos ou até mesmo horas se passaram, mas eu continuava ali. Eu ainda estava ali encarando o corpo da minha mãe estirado no chão!

Eu não estava mais chorando, acho que eu não tinha nem mais lagrimas.. Estava penas quieto, sentado ao chão observando.

Os pensamentos e sensações que passavam por mim eram muitos.. Eu me sentia aliviado algumas vezes, mas em outras culpado! Me sentia sozinho, mas também livre.

Mas de uma coisa eu sabia.. Eu não podia ficar ali por muito tempo. Se a polícia chegasse? Eu seria preso e mandando pra cadeia por ter matado a própria mãe.

Então, eu me levantei com dificuldade e fui até a caixa onde eu guardava as poucas roupas que tinha.

Minhas roupas eram assim: Ou ficavam grandes demais, ou curtas! Mas eu não tinha opção. Todas foram doadas.

Peguei uma blusa de mangas grandes que era muito maior que eu e um short azul.

Peguei um saco plástico branco, lasquei e amarrei na minha virilha, que ainda estava sangrando.

Denner: Droga, tá rasgado! - olhei pro fundo do short.

Vesti meu short com um pouco de dificuldade e depois a blusa. Doeu pra caramba quando a blusa enconstou nas minhas costas.

Caminhei até onde eu tinha deixado a arma e peguei a mesma colocando por dentro do short.

Não queria levar isso comigo, mas sei que se eu vender ela, posso ganhar um bom dinheiro e assim eu vou poder ir pro abrigo da Tia Lurdes.

Fui pra porta e antes de sair me virei olhando novamente pra Elza no chão e fechei os olhos tentando não mais chorar, porém não adiantou.

Denner: Adeus, mãe! - disse e uma lágrima escorreu.

(....)

Minhas pernas estavam doendo pra caramba, cabeça e costas também, mas eu ainda continuava andando. Andava sem destino!

As ruas estavam vazias, ja estava quase amanhecendo. O vento frio da madrugada batia no meu corpo fazendo eu abraçar meus próprios braços de frio.

Mas eu não podia parar, não agora.. Tinha que ir o mais longe possível, ficar o mais distante de casa.

Cheguei na praça do centro e ela estava praticamente vazia, a não ser pelos moradores de rua que dormiam sobre os papelões em cantos e um grupo de meninos sentados em um banco fumando.

Fiquei em pé na entrada da praça pensando se eu deveria ficar por ali e descansar ou continuar andando.

Mas assim que um deles me viu, avisou logo aos outros que rapidamente olharam em minha direção.

Os meninos começaram a andar até a mim e eu comecei a dar passos receosos para trás. Eu fiquei com medo.. Eles estavam com cara de bravos.

Uma que vez um bonde desses me assaltaram quando eu estava indo pra casa e levaram todo o meu dinheiro.

Lembro como se fosse hoje que a Elza nesse dia quebrou um dos meus dedos com as próprias mãos.

Xxx: Qual foi, menor? Tu tá fazendo o aqui mermo? - me encarou.

Não consegui responder nada, apenas encarava eles que tinham feito um circulo ao meu redor me cercando.

Xxx2: Tá surdo? Responde o que a gente perguntou, idiota. - deu um tapa na minha testa.

Denner: Eu.. Eu.. Eu não tenho pra onde ir. Eu só queria um.. Um lugar pra dormir até amanhã. - disse baixo.

Xxx: E a gente tem o que com isso? Aqui já tá muito cheio. - cruzou os braços. - Rala!

Denner: Tudo.. Tudo bem! - disse me virando.

Mas nesse momento um terceiro menino me chamou, fazendo com que eu virasse pra eles novamente.

Xxx3: Oh? - me chamou. - Qual foi? Deixa o muleque ficar aqui, pô. Ele tem cara de sangue bom, sei que não vai arranjar problema pra nós!- disse pros outros dois. - Oh, qual teu nome? - me olhou novamente.

Denner: Meu nome é.. Denner.

Xxx2: Sei não, sei não.. Leozinho. - negou com a cabeça.

Leozinho: Ih, tá decidido. Ele vai ficar! O moleque é meu. Eu que sou o capitão e decido. Ele vai ficar.

Fiquei encarando eles que ainda estavam ao meu redor e alguns deles me olhavam de cima a baixo.

Leozinho: Pode desfazer o círculo. - fez sinal com as mãos. - Chega mais, Denner! - me chamou e saiu andando na frente.

REDENTOR  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora