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Denner: Então é aqui que é a Coréia? - encarei todas aquelas ladeiras e casas a minha frente.

Marquinhos: Uhum.. - sorriu. - Bora subir!

Elivelsson: Qual foi, Marquinhos? Da pra subir mesmo?

Marquinhos: Relaxa, eu tenho conceito. - fez sinal de legal com a mão.

Subimos aquelas ladeiras e escadas seguindo o Marquinhos. Algumas pessoas falavam com ele, outras o ignoravam. Mas pelo que deu pra perceber ele era bastante conhecido.

Chegando na metade do morro eu já pude ver vários caras armados sentados em umas escadarias.

Encarei eles ainda de longe, impressionado, mas também assutado. O Marquinhos vendo que a gente desacelerou os passos, logo virou falando.

Marquinhos: Tão comigo tão com Deus! Segue.. - se gabou.

Ele adiantou mais os passos e foi falar com eles, que nos encaram. Parei junto do Eli e fiquei esperando.

Olhei pra aqueles meninos e eles eram diferentes... Alguns eu diria que tinham até a mesma idade que eu, mas não o mesmo jeito. Eles pareciam ser donos de sí, não ter medo de nada e nem ninguém.

As armas os tornavam imponentes e davam poder junto aos ouros que carregavam no pescoço e braço.

Marquinhos: Chega mais vocês.. - apontou pra gente.

Elivelsson: Trancou tudo, Denner.- disse baixo e eu revirei os olhos.

Caminhei até eles e o Eli veio logo atrás. Parei ficando ao lado Marquinhos que começou a apresentar a gente.

Marquinhos: Esse aqui é o Elivelsson. - apontou pro Eli. - Parceiro meu, é da pista também... - sorriu.

Os caras encaravam a gente com um semblante totalmente fechado enquanto apenas acenavam com a cabeça.

Xxx: E esse outro menô aí? - um menino magrinho apontou pra mim.

Marquinhos: Esse aqui é o Denner, conheci lá na Febem. É de confiança também! - apontou pra mim. - E..É.. Eu queria saber se não tem caô deles ficarem aqui!? - Encarou um homem que estava sentado ao centro e eles nos encaram.

Xxx: Vocês são de onde? - ignorou a pergunta do Marquinhos.

Elivelsson: A gente mora na rua, pô.

Xxx: E caíram na Febem por quê? - cruzou os braços.

Elivelsson: 157..

Xxx: Hum.. - ficou em silêncio por alguns segundos. Tu não fala não é? - me encarou.

Denner: Falo sim.. - me encarou por mais algum tempo, mas logo voltou a falar.

Xxx: Tá liberado aí, pô. Mas se der k.o pra nós passo os três. -apontou pra gente.- Roubo aqui na minha favela não pode! Se for roubar na pista não trás os canas pra cá não, se ligou? Segurem as picas de vocês lá por baixo. - assentimos. - E é o mesmo pra ti, Marquinhos. Se der merda você se fode junto.. Eu te desconsidero legal!

Marquinhos: Vai dar merda não, Foguinho. Pode ficar suave! Valeu aí.. - fez sinal de legal enquanto dava as costas.

Segui o Marquinhos e as vezes olhava pra trás disfarçadamente. Sempre achei que a polícia fosse a autoridade maior. Que só eles poderiam impor medo e respeito, mas agora eu vejo que não.

O outro lado parece ser bem melhor... Eles são justos, andam bem vestidos, também tem poder e não olham à quem.

Elivelsson: Nós vai dormir aqui na rua?

Marquinhos: Tu faz pergunta pra caralho em? Fica suave e me acompanha!

Continuei seguindo o Marquinhos enquanto ainda pensava em tudo que eu acabei de ver.

Ele parou em frente à um portão grande de ferro que tinha um nome escrito no mesmo que eu não conseguia entender.

Marquinhos: Mãe Ana? - bateu no portão. - Abre aqui, pô. Sou eu... - bateu mais duas vezes.

Ele continuou batendo no portão, até que alguém gritou mandando ele esperar.

Denner: O que significa isso? - apontou pro nome no portão.

Marquinhos: É o nome do Ilê.

Assim que ele fechou a boca, uma senhora morena toda vestida de branco, que aparentava ter uns cinqüenta anos abriu o portão.

REDENTOR  (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora