Raiva é um negócio que ninguém nunca mais tira da gente. Raiva a gente não pede, a gente ganha! E a cada dia que passa eu só ganho mais..
Fiquei três naque lugar. Três dias com fome, três dias sem ver a luz do dia, três dias sem falar com ninguém!
Aqueles dias me fizeram sair de lá com mais raiva e ódio do que eu já estava..
Foram três dias trancafiados que nem bicho, um animal... Dias esses que mais pareciam anos.
Quando eu sai de lá, ainda tomei esculacho com promessa que se seu brigasse de novo dessa vez eu ficaria um mês.
(...)
Coloquei água e sabão no balde e peguei a vassoura. Caminhei até os banheiros e comecei a lavar os mesmos enquanto era monitorado por um dos agentes.
Agente: Lava essa porra direito! Quero ver tudo brilhando se não esfrego tua cara nesse chão. - o encarei com ódio. -
Continuei limpando os banheiros e depois eles me colocaram pra varrer as salas de recreação.
Quando eu terminei eles me botaram pra fora novamente junto com todos os outros.
Me sentei naquele pátio e fiquei imaginando uma forma de fugir. Não posso continuar aqui não, não posso...
Elivelsson: Denner? - me gritou.
Denner: E aí. - fiz toque com ele que agora estava na minha frente.
Marquinhos: Fala aí.. - o respondi e ele se sentou ao meu lado no chão.
Denner: Quero me sair daqui! - disse olhando pro chão.
Elivelsson: Quem não quer?
Marquinhos: Papo confidencial pra vocês... Tão armando pra fugir geral aí!
Denner: Sério? - o encarei.
Marquinhos: Uhum... Se pá de noitinha, na hora que o sinal bater pra gente dormir.. Eles sempre..
Ele continou contando enquanto eu tentava prestar atenção. Mas minha cabeça agora estava na rua, em longe daqui..
(....)
Noite chegou e estava todo mundo reunido no espaço do refeitório. Alguns meninos assistiam tv, outros jogavam cartas e alguns conversavam.
Eu não, eu estava quieto no meu canto só esperando a hora.. Hora de sair desse inferno.
Agente: Bora, bora... Todo mundo ralando pra jaula! - desligou a tv rindo.
Já estava sabendo do que iria acontecer, então eu adiantei meus passos sendo um dos primeiros a levantar.
Quando ouvi gritos atrás de mim me virei rápido e tinha um menino no chão se batendo.
Assim que o agente se abaixou pra ver o que tava acontecendo, um outro menino o pegou por trás dando uma gravata no mesmo.
Xxx: Passa a chave! - disse com um faca apontada pro pescoço do cara.
Agente: Qual foi, cara? Vocês querem me fuder?
Xxx: Passa logo, porra! - cortou de leve o pescoço dele que gritou.
Ele deu as chaves se tremendo e os meninos começaram a abrir todas as salas.
Imediatamente a confusão tava formada.. Em questão de segundos as camas estavam quebradas, mesas, tudo revirado.
Os lençóis, livros e caixas foram levados pro pátio para serem queimados.
Xxxx: Liberdade vai cantar porra! - alguém gritou.
O Elivelsson com o Marquinhos vieram correndo pro meu lado e começaram a gritar e jogar as cadeiras pra cima. Eu parado estava observando, assim fiquei.
Xxx: Bora comigo pau no cú. Cadê o teu amiguinho que paga de fodão? Se ele não aparecer pra dar a chave pra nós da rua, tu vai se fuder. - saiu arrastando ele. -
Agente: Eu não tô com nada não porra, ja dei pra vocês a única chave que tenho. Não sei onde ele tá..
Xxx: Quero nem saber, parceiro! Cabeças vao rolar. - saiu arrastando ele pro pátio.
Elivelsson: Vamo Denner, vamos atrás.. Assim que abrir o portão nós se manda.
Assim que chegamos no pátio já tinha uma verdeira fogueira no centro, enquanto os meninos quebravaam as janelas de vidro.
Xxx: Se ele não aparecer nós vai te matar, filha da puta. - deu uma bica no agente.
Eu estava perto da porta de saída junto com o Marquinhos e Eli, quando ouvi um barulho.
Olhei pro lado e lá estava o guarda que fica com as chaves, o mesmo que me trancou no isolamento.
Ele me olhou amendrontrado e suplicou por silêncio em voz baixa. Eu o encarei concordando com a cabeça e entao gritei:
Denner: Ele aqui! Ele tá aqui ô. - gritei.
Os meninos rapidamente vieram pra onde eu tinha apontado, pegaram ele que gritava e saíram arrastando pra junto do outro.
Xxx: Cadê a chave?
Agente2: Faz nada comigo não, por favor.. Não faz nada comigo não!
Xxx: Cadê a porra da chave? - deu um chute na barriga dele.
Agente2: Ta aqui, aqui.. Tá aqui. - entregou.
Xxx: Ah... Liberdade cantou, porra! - gritou e todos gritaram de volta, inclusive eu. - Agora tu vai pagar por tudo que você fez com nois, seu pau no cu. Trás a vassoura! - gritou pra um menino.
O menino entregou a vassoura pra ele que mandou o agente abrir a boca, mas o mesmo negou.
Xxx: Segura ele, vai ser a força! - chamou.
Eles seguravam o agente e abriram a boca do mesmo enfiando a vassoura guela abaixo.
Denner: Vai pro inferno. -disse baixo.
Xxx: Agora abre aquela porra lá. - entregou a chave pro outro menino.
Eu me virei logo ficando de frente pro portão só esperando abrir pra eu vazar.
A porta foi aberta e nos corremos pra sair. Enquanto eu corria podia ouvir os gritos do outro guarda, mas eu nem olhei mas pra trás.
(....)
Elivelsson: Meu pé tá doendo muito pqp.. Tá sangrando muito vei!
Acho que já tinha umas horas que a gente estava andando pelos matos, também já estava cansado mas só de estar na rua novamente o cansaço se tornava o mínino.
Na fuga o Elivelsson acabou cortando um dos pés no ferro e agora ta aqui reclama ndo.
Denner: Tu só sabe reclamar, pqp.
Marquinhos: Pprt.. - deu risada. - Se lá você reclamar de tudo, rápido vai rodar..
Elivelsson: É porquê não são vocês.. Meu pé tá sangrando, pô.
Denner: Nem pra sangrar até a morte. - disse baixo.
Elivelsson: Deus é mais, Denner..
Denner: Deus é mais.. - o imitei revirando os olhos.
Atravessamos o manguezal e do outro lado já dava pra ver a pista. Sorri internamente e continuei a caminhar.
Marquinhos: Tamo perto...
Denner: Como é o nome de la mesmo?
Marquinhos: Morro da Coréia..
Denner: Coréia... Morro da Coréia. - repeti. - Gostei desse nome!
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Fase 2: Done ✔