Elivelsson
Sol quente pra caralho, calorzão do caramba mesmo. Daria tudo por uma praia, mas esse lazer infelizmente eu não posso ter.
Tem gente que acha que entrando nessa vida tú só ganha, que tudo é lazer, money e curtição. Mas a real nao é, tu perde mais do que ganha!
Qual foi, tu pode ter tudo dentro da favela, mas lá fora o bagulho é outro mesmo... Nem uma praia suave tu pode mais pegar, nem a brisa do mar tu curte mais. E foda, cara!
E isso eu posso confirmar. Minha vida tá aí como exemplo, pô. Só mancada atrás de mancada! Perdendo mais do que ganhando.
Tô me vendo entrando em um caminho estreito mermão e só peço a meu Deus que ele seja por mim, me proteja, porquê da forma que eu tô vivendo eu sei que não vou durar muito não.
(....)
Tava indo bater a larica em casa mesmo e usando das canelas. É filho, até minha moto tive que vender pra pagar o dinheiro que deixei em falta.
Bagulho tá de verdade pro meu lado mesmo, tô mandando o papo reto pô. Eu sei que tô indo de ralo, mas não consigo recuar.
Essa porra fode com a mente do ladrão. Tu sabe que tá errado, que tá perdendo, mas tu fica preso. Droga é foda pô, pior desgraçada, de verdade!
Nesse momento mesmo eu tava fazendo o meu caminho na luta, travando uma batatalha do cão.
Corpo tremendo, subconsciente mandando eu pegar o cigarro do bolso, mas a consciência falando que não!
Lembrava da minha filha, da minha mulher e que eu tinha prometido hoje de manhã pela milésima vez que eu iria parar.
Não sei se eu estava suando pelo sol tá de fuder, ou era meu corpo que estava reagindo assim pela falta da maldita.
Parei na saída de uma rua e me encostei na parede. Fechei os olhos, limpei o suor do rosto e coloquei a mão no bolso. Já estava tirando o cigarro do mesmo, quando ouvi gritos.
Já coloquei a mão no coldre pra puxar a arma e me virei dando de cara com uma senhora que vinha ao meu encontro chorando desesperada.
Xxx: Me ajuda! Pelo amor de Deus... - passou as mãos no rosto.
Eli: Qual foi, tia? - já fiquei assustadão, pensei logo em merda. - Susto da porra! - coloquei a mão mo coração.
Xxx: Pegaram meu filho, meu filho, Eli. Os polícias levaram meu filho na pista! - soluçou. - Ele vai morrer se eu não pagar a quantia que eles querem. - disse chorando.
Eli: Caraca, mano. - passei a mão na testa. - Que laranjada isso aí. Vacilo! Que filhas da puta do caralho.
Xxx: Me ajuda por favor, eu não tenho o dinheiro que eles querem, eu não tenho. Ele trabalha pra você. Me ajuda, é muito dinheiro cara. É meu único filho! - disse desesperada.
Eli: Porra, Tia... Não mando mais em nada não. Agora sou peão que nem ele! Tô zerado.
Xxx: E agora, o que eu vou fazer pô? Ele trabalha pra vocês, pô. Dia e noite aí ralando, nunca se meteu em confusão e agora vocês vão deixar morrer? - meteu serinho na minha lata.
Era a real, mas eu não poderia fazer nada, pacero. Aliás, eu até podia ajudar ela a desenrolar lá e tentar a sorte né!
Eli: Porra, eu tô limpo. É o papo sério... Mas eu vou com a senhora lá na boca, arranjo um papo com o Coréia no teti a teti na moral.
Xxx: E tu acha que ele vai dar? Aquele cara é ruim. - já se esfriou e me olhou arrependida por ter dito isso.
Eli: Sei lá vei, nunca se sabe.
Xxx: Então vamos... Vamos por favor! Tempo tá passando, meu filho.
Meti a mão no bolso e puxei o cigarro. Qual foi, vou de cara não. Dei meia volta e fui guiando pra boca enquanto acendia o cigarro de maconha.