Foguinho: Já dei o papo, já dei o papo... - disse apontando pros caras - Dá o salve pra geral. Eu quero tudo fechado às sete. É ninguém na rua! O bagulho tá estreito. E tu... - apontou pra mim. - Vai com eles, monitora tudo pra mim!
Denner: Firmeza. - disse sério.
Te falar? Cada dia mais eu tô ganhando conceito, conquistando o que eu quero. Hoje eu sou considerado um dos melhores pelo chefe e ele me da uma condição maneira.
Não sou de ficar rendendo pra ninguém, comigo é pouca conversa, faço minha parte. Mas observo tudo!
E foi como eu disse... Aquela atitudes do Foguinho gerou resposta, pô. E quem pagou o pato de início foi o Cuquinha, mermão.
Tomou de rajada, mais de vinte tiros e ainda deixaram a cabeça dele de presente aqui na entrada.
Qual foi o resultado disso tudo? Lei do retorno e com isso chamou atenção dos canas. Esse bate e volta, uma hora tinha que dar merda.
Esses meses todos o caveirão tá entrando na favela direto. O Foguinho já deu o papo que não quer ninguém trocando tiro com polícia, porquê é pior. Então, a gente só deixa rolar...
Tá rolando até boato que os fortes que colam com ele, tão querendo pular fora. E se isso estiver mesmo acontecendo vai ser bom pra mim!
(...)
Denner: Qual foi daquele mercado ali? Bota terror no dono e manda fechar. - disse ríspido.
Xxx: Beleza!
Denner: É pra fechar tudo nessa porra! É toque de recolher, caralho.
Fiquei de canto só esperando enquanto eles iam de porta em porta, loja em loja, bar em bar mandar fechar.
Marquinhos: DN? - me virei o encarando.
Denner: Fala.
Marquinhos: Tá rolando culto ali na igreja, pô.
Denner: E eu tenho o que com isso?
Marquinhos: Como é que eu vou interromper os irmãos?
Denner: Não sei, dá seu jeito. É a ordem!
Marquinhos: Porra, Denner. Deixa terminar a oração que tá rolando. -daqui dava pra ouvir a gritaria.
Denner: Esperar é um caralho! Eu vou parar essa porra é agora. Todo dia esse povo faz essas porras, rapá. - passei por ele.
Tirei a pistola tá cintura e endireitei o fuzil nas costas. Cheguei na porta da igreja e encarei as pessoas que estavam lá.
Meus olhos bateram logo na parte alta, que mais parecia um palco onde uma loirinha estava cantando.
A encarei por alguns segundos enquanto ela cantava uma daquelas músicas de crente. Ela estava de olhos fechados, parecia concentrada e a sua voz era suave.
Desviei meu olhar rapidamente dela e dei dois porradão seguro na porta fazendo todo mundo olhoar pra trás cessando os gritos e cantoria.
Denner: É o seguinte... A ordem é pra fechar tudo, se ligou!? Bora acabar com essa zuada aí, todo mundo circulando. Não é pra ficar nada aberto e ninguém na rua até a segunda ordem nessa porra! É pra fechar esse caralho!
Eles nada falaram nem fizeram, apenas ficaram me encarando imóveis.
Denner: Porra... Tao surdos?
Um coroa todo na beca, veio caminhando ao meu encontro e eu ja parei logo ele. Sabia que ele era pastor!
Denner: Nao quero conversa comigo não! É pra fechar, caralho! Circula... Tão esperando o quê? Tô com uma pica na cara pra vocês ficarem parados olhando pra mim? Atividade, porra! - chutei uma cadeira na minha frente.
Eles na mesma hora começaram a pegar as suas coisas rapidamente e eu fiquei ali parado na porta, agora encarando a menina que também me olhava.