CAP|13

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SELENA STANLEY

"Selena,

Perdoe-me pela invasão de seu espaço e pela burrada que cometi. Eu sou mesmo um completo idiota, mas eu serei mais idiota ainda se perder a amizade de uma garota tão bela e incrível como você! Só te peço uma oportunidade para me desculpar. Me encontre no campo às 20:00.

Beijos"'

Sorrio ao terminar de ler o recado manuscrito em um papel rosa, que encontro dentro do meu caderno assim que volto do intervalo. Guardo o mesmo em minha agenda e tento prestar atenção na aula. O que é quase impossível depois de ler aquele papel. Lembro o quanto fui rude dizendo todas aquelas coisas. Talvez eu tenha me precipitado.

E se a intenção dele não era me beijar? E se fosse?

Tudo o que eu não precisava e nem queria naquele momento era de um coração partido.

E se Meg estiver certa do que disse?

— Ele o quê?

Meg berra no meio do quarto quando contei a ela que Elliot havia tentado me beijar.

— É o que você fez?

Suspiro ao lembrar que o deixei sozinho.

— Eu fugi, deixei ele sozinho!

Olho frustrada pela janela do quarto.

Meg senta ao meu lado e me abraça.

— Amiga, você assim como eu sabe que esses garotos do time não querem nada sério com ninguém, o único objetivo deles é se divertir e depois sair fora. Eu não quero que você se machuque, principalmente por causa de um garoto fútil que se acha só porque é um capitão de time.

Pego meu livro favorito dentro da mochila e começo a foliar sem importância algumas páginas. Estava tão absorta em pensamentos que não percebo o sinal tocando, encerrando as aulas. Caminho lentamente até a biblioteca, fico feliz por meu castigo chegar ao fim hoje!

A tarde passou tão rápida que só percebi quando Teresa indiretamente me mandou embora da biblioteca, pois já ia fechar.

Eram exatamente 18hrs e eu precisava correr contra o tempo.

Qual era a intenção dele eu não sabia. Mas eu preciso ouvir dele o que tem a dizer!

Tomo um banho não tão rápido, pois tive que lavar meus cabelos. Olho para o guarda-roupa e percebo que não tenho o que vestir. Afinal, eu nunca tive um encontro antes.

— Vestidos muito "tô afim", calça muito "nem aí", o que eu uso?

Pergunto para Meg, que me olhava entediada.

Ela caminha até um lado do guarda-roupa, tirando de lá uma saia bege de botões na frente e uma blusa branca de alça. Coloco uma sandália de tirinhas e seco meus cabelos, Meg faz uma maquiagem leve e passa um batom claro. Espirro um pouco de perfume e estou pronta.

— Se ele vacilar com você, eu quebro a cara dele.

Meg me dá um beijo no rosto e sai do quarto, me deixando sozinha. Agradeço muito por ter essa louca como amiga. Me proteger como uma irmã nos momentos em que preciso de uma, e tudo eu devo a ela. Nós nos conhecemos no primeiro ano de internato, ela não gostava muito de mim e nem eu dela, mas hoje somos inseparáveis.

Saio do quarto em direção ao campo. Havia algumas pessoas nos corredores dos quartos e eu precisava fazer o possível para que ninguém me notasse passando ali. Passo discretamente por um grupinho que estava perto da escada. Elas me olham desconfiadas, mas logo voltam a conversar e me esquecem.

Paro no portão do campo, de onde consigo vê-lo parado olhando para o nada. Ele usava uma bermuda preta e uma camisa azul. Os cabelos molhados e desgrenhados, em sua frente, tinha pano quadriculado e algumas cestas em cima do mesmo. Seu rosto toma uma expressão de surpresa quando ele me vê.

Sigo lentamente até ele, paro em sua frente ainda em silêncio. Sem entender o que tudo aquilo significava.

— Olá.

Diz ele, quebrando o silêncio.

— Oi.

Respondo com um sorriso amarelo.

— Você está linda!

Olho para o chão instantaneamente, minhas bochechas ardiam e certamente eu estava vermelha igual um pimentão.

— Pensei que não viria.

Volto minha atenção para ele, que parecia inquieto.

— Pensou certo!

Digo sem rodeios.

Seu rosto murchou e o pequeno sorriso no canto dos lábios sumiu.

— Sinta-se à vontade.

Sem jeito, ele aponta para a toalha para que eu pudesse me sentar. Ele fica um pouco distante.

— Por que tudo isso?

Pergunto o encarando. Um silêncio longo toma conta do ambiente.

— Bem, eu não sei!

Diz ele e sorri pelo nariz.

— Quer dizer, gostaria de te pedir desculpas por minha atitude.

Dou um sorriso despercebido. Sinto um frio na barriga e meu coração começa a bater em ritmos descompassados.

Mas que diabos há comigo?

— Nunca pensei que o quarterback seria tão cavalheiro a ponto de montar um piquenique e se desculpar por tentar beijar uma garota "como eu"!

— Talvez eu seja assim, mas a vida não me permite ser muito doce.

Olha para o céu e suspira.

— É conveniente colocar a culpa na vida por nossos próprios fracassos!

Falo de forma seca, ele me olha tentando achar algum vestígio de emoção ou culpa em meu rosto.

— Ainda mais quando se acredita no amor de uma pessoa morta com uma viva.

Debocha ele. Pela primeira vez em dias, nós estávamos sorrindo juntos. Eu o evitei, fugi o tanto que pude adiando esta conversa. Não queria olhá-lo, ouvi-lo ou sequer estar no mesmo lugar que ele. Eu não era uma das suas aventuras, e não me tornaria nunca!

— Talvez porque os mortos tenham mais prazer em viver, do que os próprios vivos!

Arqueio uma sobrancelha.

Estávamos conversando sobre diversos assuntos, quando me dei conta de que já eram dez horas da noite e eu precisava ir para o meu quarto. Eliot me acompanhou até meu dormitório em silêncio, mas um silêncio agradável.

— Está perdoado!

Digo assim que paramos em frente ao meu quarto.

— Por tentar... você sabe.

Sinto meu rosto esquentar novamente. Coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e pressiono o lábio inferior contra os dentes.

— Boa noite.

Diz ele, se afastando e caminhando lentamente até o elevador com a cesta na mão e um sorriso largo no rosto.

— Boa noite.

Digo quase inaudível, entrando no quarto.

O QuarterbackOnde histórias criam vida. Descubra agora