CAP|18

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Apoiei o cotovelo na mesa e escorei a cabeça na mão. Olhei entediado para o quadro onde o professor de biologia explicava, com toda a empolgação do mundo, sua intensa e complexa atividade sobre o corpo humano. Uma menina, que eu nem conhecia, se debruçou sobre minha mesa, apoiando o queixo nas mãos e mordendo o lábio.

— Então... — começou ela. — Soube que a Alicia vai dar uma festa no sábado.

Olhei para a garota, aborrecido com o comentário infeliz. Afinal, o que eu tinha a ver com aquilo?

— É?

Perguntei, sem muito interesse.

— Achei que você fosse querer dar uma passadinha lá! — disse ela, piscando e enrolando uma mecha do cabelo no dedo indicador.

— Não, obrigado. Estou dispensando esse tipo de convite.

O sinal tocou, e eu me levantei da cadeira, deixando-a sozinha. Cristian, que me esperava na porta da sala, me olhava incrédulo com o que acabara de acontecer.

— Mano, o que foi isso? — perguntou ele, me seguindo pelo corredor.

— Isso o quê? — retruquei, sem interesse.

— Você dispensando garotas... Não quer mais saber das festas... Agora só anda dando uns sorrisos bobos e suspirando pelos cantos. O que fizeram com você, meu irmão?

— Cara, quer mesmo saber o que aconteceu comigo? Aconteceu que eu tô cansado dessa baboseira de "pegador", de ser o centro das atenções por onde passo. Já cansei de não poder me divertir como quero, pelo simples fato de que tem sempre um monte de urubus vigiando a minha vida. Eu não tenho o direito de brincar com os sentimentos de ninguém, nem de me enganar. Me responde uma coisa: quantas bocas você beija por dia?

Ele pareceu pensar por um instante, gesticulou com as mãos, mas permaneceu em silêncio.

— Tá vendo? Você nem ao menos lembra o nome da última menina com quem ficou! A vida não é só farra e mulheres, não. Durante o tempo em que estive no hospital com a minha mãe, eu percebi o quanto a vida é rápida... e que a gente não pode desperdiçá-la com bobagens.

— Você tá ferrado, amigo! — ele debochou quando terminei de falar. — O nome dela é Meg.

Meu cérebro embaralhou por um momento. Não entendi de imediato.

— Como é?

— O nome da última garota com quem fiquei. Meg Maria. A amiga da esquisita... da Selena.

Ele revirou os olhos quando percebeu meu espanto.

Se eu me lembrava bem, Meg era a melhor amiga da Selena. Sempre via as duas juntas no intervalo, mas nunca imaginei que ela poderia se envolver com um cara como o Cristian. Apesar de ser bem maluquinha... Sempre!

Fomos conversando até o campus, onde alguns alunos já se dirigiam ao refeitório. Vi Selena junto de Meg, perto de uma árvore. Elas conversavam animadamente e sorriram ao nos ver.

— Ei, olá. — Disse, depositando um beijo na bochecha da Selena. Ela corou. Cristian, que até então estava em silêncio, falou:

— Oi, meninas. — Deu ênfase no "meninas", coçando a nuca um pouco constrangido.

Caminhamos os quatro até o refeitório. Senti os olhares curiosos se voltarem para nós. Alicia, que estava sentada com um grupinho, se levantou, batendo palmas e chamando a atenção. Meg a olhou com desprezo. Selena permaneceu neutra.

— Então é verdade o que dizem por aí! — disse Alicia, sarcástica. — Elliot Evans, o quarterback, o desejado e idolatrado ex-capitão do time... se prendeu a uma... uma esquisita qualquer!

O QuarterbackOnde histórias criam vida. Descubra agora