Apoiei o cotovelo na mesa e escorei a cabeça na mão. Olhei entediado para o quadro onde o professor de biologia explicava, com toda a empolgação do mundo, sua intensa e complexa atividade sobre o corpo humano. Uma menina, que eu nem conhecia, se debruçou sobre minha mesa, apoiando o queixo nas mãos e mordendo o lábio.— Então... — começou ela. — Soube que a Alicia vai dar uma festa no sábado.
Olhei para a garota, aborrecido com o comentário infeliz. Afinal, o que eu tinha a ver com aquilo?
— É?
Perguntei, sem muito interesse.
— Achei que você fosse querer dar uma passadinha lá! — disse ela, piscando e enrolando uma mecha do cabelo no dedo indicador.
— Não, obrigado. Estou dispensando esse tipo de convite.
O sinal tocou, e eu me levantei da cadeira, deixando-a sozinha. Cristian, que me esperava na porta da sala, me olhava incrédulo com o que acabara de acontecer.
— Mano, o que foi isso? — perguntou ele, me seguindo pelo corredor.
— Isso o quê? — retruquei, sem interesse.
— Você dispensando garotas... Não quer mais saber das festas... Agora só anda dando uns sorrisos bobos e suspirando pelos cantos. O que fizeram com você, meu irmão?
— Cara, quer mesmo saber o que aconteceu comigo? Aconteceu que eu tô cansado dessa baboseira de "pegador", de ser o centro das atenções por onde passo. Já cansei de não poder me divertir como quero, pelo simples fato de que tem sempre um monte de urubus vigiando a minha vida. Eu não tenho o direito de brincar com os sentimentos de ninguém, nem de me enganar. Me responde uma coisa: quantas bocas você beija por dia?
Ele pareceu pensar por um instante, gesticulou com as mãos, mas permaneceu em silêncio.
— Tá vendo? Você nem ao menos lembra o nome da última menina com quem ficou! A vida não é só farra e mulheres, não. Durante o tempo em que estive no hospital com a minha mãe, eu percebi o quanto a vida é rápida... e que a gente não pode desperdiçá-la com bobagens.
— Você tá ferrado, amigo! — ele debochou quando terminei de falar. — O nome dela é Meg.
Meu cérebro embaralhou por um momento. Não entendi de imediato.
— Como é?
— O nome da última garota com quem fiquei. Meg Maria. A amiga da esquisita... da Selena.
Ele revirou os olhos quando percebeu meu espanto.
Se eu me lembrava bem, Meg era a melhor amiga da Selena. Sempre via as duas juntas no intervalo, mas nunca imaginei que ela poderia se envolver com um cara como o Cristian. Apesar de ser bem maluquinha... Sempre!
Fomos conversando até o campus, onde alguns alunos já se dirigiam ao refeitório. Vi Selena junto de Meg, perto de uma árvore. Elas conversavam animadamente e sorriram ao nos ver.
— Ei, olá. — Disse, depositando um beijo na bochecha da Selena. Ela corou. Cristian, que até então estava em silêncio, falou:
— Oi, meninas. — Deu ênfase no "meninas", coçando a nuca um pouco constrangido.
Caminhamos os quatro até o refeitório. Senti os olhares curiosos se voltarem para nós. Alicia, que estava sentada com um grupinho, se levantou, batendo palmas e chamando a atenção. Meg a olhou com desprezo. Selena permaneceu neutra.
— Então é verdade o que dizem por aí! — disse Alicia, sarcástica. — Elliot Evans, o quarterback, o desejado e idolatrado ex-capitão do time... se prendeu a uma... uma esquisita qualquer!

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O Quarterback
RomanceO QUARTEBACK, É uma história de dois adolescentes no ensino médio, que foram unidos por uma detenção. Ela, reservada. Ele, popular, impulsivo e preso a um futuro que não escolheu. Selena e Elliot jamais imaginaram que uma hora de castigo poderia mu...