CAP|07

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Abro lentamente os olhos, acostumando-me com a claridade que entra pela fresta da janela do quarto. Ouço algumas vozes no andar de baixo — elas se misturam e fazem a maior algazarra. Pego uma toalha limpa no guarda-roupa, tomo um banho, escovo os dentes, visto uma bermuda, calço uma sandália e passo os dedos pelos cabelos só pra dar uma ajeitada rápida.

As vozes ficam ainda mais altas conforme me aproximo da cozinha, onde Andrew, Patrícia, Lucas, Paula e minha mãe conversam animadamente, tomando café da manhã. Todos param de falar assim que me veem parado na escada. Alterno o olhar entre minha mãe, que sorria, e meus dois tios que tentavam, em vão, manter a seriedade.

— Bom dia, filho! — diz minha mãe, colocando um pouco de suco no copo pra mim. Me senti feliz por vê-la bem e se divertindo.

— Bom dia, mãe! — respondo, dando um beijo em sua bochecha rosada antes de me juntar a eles.

— Esse é meu garoto! — Andrew bate no meu ombro.

— Conta pra gente... quem era a garota de ontem?

Me engasgo com o pouco de suco que havia começado a tomar. Minha mãe belisca discretamente a perna dele, e ele retruca, indignado.

— Não sei do que estão falando! — digo, limpando os pingos de suco da minha camisa.

— Da garota com quem você estava dançando no jardim ontem — insiste ele.

— Era apenas uma amiga! — respondo, sem dar muitos detalhes. Na verdade, nem eu sabia o que ela era. Conversamos tão pouco que nem sei se posso chamar aquilo de amizade.

Sorrio ao lembrar do mico que foi quando pisei no pé dela.

— Dói aqui? — perguntei, fazendo uma massagem no dedinho que eu havia pisado.

— Sim — ela fez uma expressão de dor quando apertei no local, já roxo.

— Olha, me desculpa... não sei como consegui fazer isso — encolhi os ombros, envergonhado. Mas por que diabos eu estava tão retraído perto dela?

— Como dançarino, você é um ótimo quarterback! — disse ela, com um tom divertido.

— Vou considerar isso como um elogio indireto — respondi, e ela sorriu, jogando a cabeça para trás de um jeito gracioso.


********


Espanto os pensamentos quando percebo que estão todos me encarando, esperando que eu diga algo mais. Levanto, reviro os olhos e vou para o quarto trocar a roupa suja de suco de laranja. É domingo, e eu quero aproveitar bastante antes de voltar para aquele inferno.

Ligo para o Caio, meu primo, e combinamos de ir à praia curtir umas gatinhas e jogar futsal com uns amigos. Chegando lá, encontramos o Cristian e o irmão dele, o Gabriel. Cumprimento os dois e já vou tirando a camiseta para dar um mergulho no mar.

Tinha uma galera ocupando o campo e nos chamaram para jogar com eles.

O jogo estava animado e os caras empolgados com a vitória.

Sento um pouco afastado pra descansar quando uma morena aparece ao meu lado com um protetor solar na mão.

— Passa nas minhas costas? Não alcanço — diz ela, empinando a bunda.

— Mas é claro, gatinha. Sem problema nenhum — pego o protetor, despejo um pouco na mão e começo a passar suavemente pelas costas dela.

— Um pouco mais pra baixo, por favor — ela fala com uma voz manhosa e me olha de forma provocativa. Continuo passando, mas flashes da noite passada invadem minha mente. É como se isso fosse completamente errado.

O QuarterbackOnde histórias criam vida. Descubra agora