Capitulo 26

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Acordei e estava num hospital, então o acidente de carro, não tivera sido apenas um pesadelo. Meu corpo doía. Será que eu teria de bater cartão todo dia no hospital? Aquilo já estava me deixando incomodada. Tentei me mover, mais senti algo me segurando, olhei para o meu lado e não acreditei.

 Tentei me mover, mais senti algo me segurando, olhei para o meu lado e não acreditei

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Fernando estava ali, segurando minha mão e dormindo todo torto numa cadeira. Foi então que reparei, a cama era mais confortável, o quarto havia ar condicionado e uma TV de tela plana, dispunha também de um frigobar, cheio de sucos de caixinha e água mineral. Em outro canto, vi uma porta entreaberta e notei ser o banheiro, lá dentro uma imensa banheira. Eu não estava em qualquer hospital, isso aqui era O Hospital. E se Fernando estava ali comigo, ele deveria ser quem quis que eu fosse atendida aqui.
Tentei puxar minha mão sem que ele acordasse, tentativa fracassada, no pequeno movimentar de minha mão, ele despertou.
- Oi! - Ele disse me dando aquele sorriso e nem parecia que tinha acabado de despertar.
- Oi! - Eu respondi sem graça - O que aconteceu?
- MELINDA! - Alguém gritava pelo meu nome nos corredores do hospital.
Olhei para a porta quando um homem apareceu, ele estava com alguns arranhões nos braços. Era um homem bonito, de profundos olhos azuis.
- Quem deixou você entrar? - Fernando se levantou e ficou na frente do homem que não tirava os olhos de mim - Segurança! - Ele chamou, e logo dois homens de preto apareceram - Levem esse intruso daqui!
- Espera! - Falei e com um pouco de dificuldade apertei o botão que deixava minha cama mais alta, de forma que eu ficava sentada - Ele me chamou pelo nome, ele deve me conhecer!
Foi então que o alvoroço se acalmou e todos olharam pra mim espantados. Aquele homem se desvencilhou dos seguranças e veio até mim, com lágrimas nos olhos.
- Meu amor, você não se lembra de mim? - Ele perguntou e sorriu de lado, de uma forma tão hipnotizante - Sou eu! Henrique! O seu... - Ele olhou para minhas mãos e se virou com raiva para Fernando - Onde está a aliança dela?
- Que aliança? Sai daqui, deixe ela descansar! - Então Fernando ficou do outro lado da minha maca, segurando minha outra mão.
- Melinda posso te provar que juntos temos uma história! - O tal Henrique, me olhava com certa doçura - Você está grávida! Esperando um filho meu!
Abri a boca e olhei para Fernando, procurando alguma confirmação sobre aquela história.
- É só pedir que façam um exame e você verá que tenho razão! - Disse ele já chamando um enfermeiro que passava por ali.
O enfermeiro entrou e colheu uma amostra do meu sangue e foi levar para examinar e constar se eu estava ou não grávida e se o que Henrique dizia era verdade.
- Logo você se lembrará de tudo que vivemos meu amor! - Ele passava a mão no meu cabelo.
Fernando, por sua vez foi até a janela e ficou no celular. Deve estar falando com seus sócios, não havia um minuto que aquele homem tinha sossego, sempre com alguma reunião importante, sempre trabalhando. Por isso, era tão novo e já era dono de uma empresa de tão grande porte. Fernando era muito esforçado.
Henrique não largava da minha mão e não parava de olhar pra mim, em seu rosto lágrimas caiam e tive pena dele. Eu realmente não me lembrava dele e de nada que ele disse termos vivido.
Alguns minutos depois o enfermeiro voltou com o resultado do exame e entregou nas mãos de Fernando.
- Eu disse! - Ele falou ao ler o resultado - Esse cara é um mentiroso! Você não está grávida!
Henrique não pensou duas vezes e partiu pra cima de Fernando o socando diversas vezes e gritando com ele. Olhando aquela cena, tive um djavu, como se já tivesse visto aquela cena, em algum outro lugar que não me lembrava exatamente onde.
- Parem! Parem! - Eu gritava para os dois, mais eles não me ouviam.
Os mesmo seguranças entraram no quarto e separaram os dois.
- Você matou o meu filho e acabou com a memória dela! - Henrique chorava e gritava ao mesmo tempo.
- Tem certeza que fui eu? - Fernando ajeitava o nó da gravata.
- O que quer dizer com isso? - Henrique o olhou furioso.
- Recebi o vídeo de trânsito, do exato momento em que você avançou o sinal vermelho e atingiu em cheio o carro em que eu e Melinda estávamos! - Tendo dito isso, Fernando nos mostrou seu celular e todos pudemos ver a cena.
Olhei para Henrique, com certa decepção no olhar e antes que ele pudesse se virar pra mim, virei a cara.
- Tirem ele de perto de mim! - Falei fechando os olhos.
- Melinda, não pode acreditar nele! Eu vendi a caminhonete!  Você me pediu isso lembra? - Ele dizia enquanto era arrastado pra fora pelos seguranças - Não sou eu dirigindo a caminhonete! Não sou eu!
E então o perdi de vista, Fernando se aproximou de mim e pegou minha mão, que logo larguei.
- Quero ficar sozinha! - Encarei o teto.
- Como quiser! Tenho coisas para resolver! - Respondeu ele ríspido e autoritário - Tire o dia de folga hoje! - E saiu me deixando sozinha.
Tire o dia de folga? Ah, claro como se eu tivesse escolhido estar aqui no hospital. Ele conseguia ser um completo babaca quando queria, mais eu não podia dizer isso a ele. Afinal era ele quem pagaria meu salário no final das contas.
Aquele tal de Henrique quase me fez acreditar em sua doce e inocente história, não acredito que depois de tentar me matar, teve a cara de Paulo de vir aqui e inventar umas história absurda daquela. Eu, grávida dele? Eu nem o conhecia e se dependesse de mim, nem queria conhecê-lo.

Um Amanhecer (Livro I - TRILOGIA FASES DO DIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora