Cheguei em casa o mais rápido que pude, já que não podia simplesmente correr empurrando o carrinho do bebê. Ao passar pela porta da frente, peguei Pedro nos braços e corri escada acima e a cena que presenciei me paralisou. Henrique estava deitado na cama de lado, agarrado a uma outra mulher, ele sorria e beijava a nuca dela.
Voltei correndo pra sala e colocando Pedro de volta ao carrinho, estava pronta pra sair quando minha mãe apareceu.
- Melinda? - Ele carregava uma bandeija com duas xícaras de chá de camomila - O que aconteceu?
- Quem é aquela vagabunda deitada na minha cama ao lado de Henrique? - Gritei, o que assustou meu filho e ele acordou chorando.
- Não tem ninguém com Henrique! - Ela largou a bandeija e veio até mim, mas antes que me tocasse eu me exaltei ainda mais.
- Eu vi com meus próprios olhos! - Eu andava de um lado a outro, gritando e querendo socar alguma coisa ou alguém.
- Tá bom, tá bom! - Minha mãe se colocou na minha frente com as mãos estendidas - Então me mostra!
Peguei ela pela mão e subi as escadas batendo os pés, e chegando na porta do quarto, olhei furiosa para aquela cena novamente. Henrique ainda deitado abraçado aquela mulher, ambos dormiam.
- Tá vendo? - Sorri irônica - Como ele tem coragem de trazer outra mulher e deitar na minha cama com ela? - Gritei, fazendo Henrique despertar.
- Melinda, amor.. O que houve? - Ele me olhou sem quase se mover.
Então quando o olhei para perguntar se não era óbvio qual era o motivo da minha raiva, vi que não havia mulher alguma. Henrique estava abraçado a um travesseiro.Minha voz falhou e eu comecei a tremer levemente, de modo que minha mãe percebeu e me segurou quando cambaleei de lado.
- Minha filha, me fala o que está acontecendo? - ela me ajudou a chegar a cama e me sentou.
Henrique sentou se aproximando, a preocupação em seu olhar.
- Que foi amor? Teve outra visão? - No mesmo tempo em que falou, Henrique bateu na testa e me olhou - Desculpa!
- Visão? Que história é essa Melinda?? - Minha mãe me olhava sem entender nada.
Então vendo que não tinha mais como esconder isso dela, contei desde a primeira vez que havia visto Enzo e como ele parece ter me perseguido e me deixado louca, também expliquei a Henrique a visão que eu tinha tido dele deitado e abraçado a uma outra mulher, comecei a chorar e logo Daniel apareceu na porta, segurando Pedro que também chorava.
- Meu Deus, eu larguei meu filho lá embaixo sozinho! - Meu choro aumentou ainda mais e antes que eu pudesse pegar Pedro, minha mãe impediu.
- Eu cuido dele, acho melhor você procurar um médico ou um psicólogo minha filha!
- Melinda está doente? - Daniel perguntou ao entregar Pedro para minha mãe.
- Não! - Falei decidida - Eu estou muito bem! Tudo que preciso agora é amamentar meu filho! - Peguei Pedro do colo de minha mãe e então fechei a porta na cara deles.
Me desculparia com eles depois, nesse momento eu só queria acalmar meu filho e depois me acalmar, para enfim dar atenção a dor do meu noivo.
Me sentei na cama e depois de amamentar Pedro, ele adormeceu no meu colo.- Melinda? - Henrique colocou a mão na minha perna e me olhou com carinho.
- Eu sei! - Falei baixinho chorando - Eu vou procurar ajuda, prometo! Mais agora é você que precisa de atenção, não eu!
Ele então, começou a me contar como foi que recebeu a notícia. Coloquei Pedro no berço e fui dar apoio a ele, o abracei e ele continuou me contando, lágrimas escorriam do seu rosto e eu enxugava com o maior carinho. Meu coração se partia, eu não conseguia imaginar como devia ser depois de tão pouco tempo, que perdeu o pai, agora a mãe em estado grave por conta de um acidente.
- Eu não sei o que fazer! - Henrique dizia choroso - Eu não tenho como ir com essa perna engessada, você também não pode por causa do bebê!
- Podemos ir juntos! Assim, vou poder cuidar de você e do bebê e ver como minha sogra está! - Falei acariciando seu rosto.
- Não quero te sobrecarregar meu amor! - Henrique me beijou a mão, nesse momento o celular dele tocou e mais do que depressa, Henrique atendeu.
Fiquei do seu lado, segurando em sua mão. Atenta a cada reação dele, meu coração acelerava e eu ficava ainda mais apreensiva.
Mais alguns minutos e ele desligou o celulare e aquele sorriso de lado surgiu, acalmando meu coração.
- E então? - Perguntei já não aguentando mais de curiosidade.
- Ela reagiu e está bem melhor! - Henrique me abraçou todo feliz.
- Meu amor, que noticia ótima! - eu sorri e o beijei.
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Um Amanhecer (Livro I - TRILOGIA FASES DO DIA)
RomanceMelinda era uma garota de poucos amigos, embora levasse consigo a certeza de que tinha ao seu lado somente os verdadeiros amigos.. Sempre muito esforçada, corria atrás dos seus sonhos, jamais esquecendo de ser gentil e nunca perder a fé.. Já que ess...