Um Amanhecer (Livro I - TRILOGIA FASES DO DIA)

Capitulo 27

Não vi mais Fernando durante o dia todo que passei no hospital, e não era de se esperar mais dele, já que a sua beleza ficava lado a lado com a sua grosseria. Uma enfermeira veio e me avisou que havia recebido alta, rapidamente me troquei,  queria sair dali o mais rápido possível, mesmo ainda sentindo uma dor, pequena, mas sentia um incômodo vindo do meu ventre.
Sai pela porta da frente e vi uma range rover branca, que fazia qualquer um ficar de queixo caído, estacionada na frente do hospital. Sem perceber fui me aproximando e deslizei os dedos pelo capô do belo carro, até que ouvi a porta do motorista se abrir e aquele homem de olhos azuis desceu. Como era mesmo o nome dele? Eu não me lembrava.
- Podemos conversar? - Ele me olhava de uma forma que me deixava confortável e segura.
- Claro! - Meu sorriso foi espontâneo.
Educadamente, ele deu a volta no carro, abrindo a porta do carona para mim. Será que eu devia mesmo entrar no carro de um estranho e ir pra não sei onde? Bom, algo lá no fundo me dizia que podia confiar nele.
Lentamente entrei e fiquei em silêncio, durante todo o trajeto que fizemos até a praia. O homem parou o carro e ambos descemos, caminhamos até uma parte mais vazia e andamos lado a lado na areia.
- Ainda não se lembra de nada? - Ele chutava uma pedrinha em meio aquela imensidão de areia.
- Desculpe! - Neguei e vi a dor tomar conta de todo o rosto dele e aquilo muito me doeu - Mas, olha sessão vai fazer você se sentir melhor... Acredito que tivemos algo!
- Acredita mesmo? - Ele me olhou e seus olhos brilhavam.
- Sim! - Eu ri e seu brilho no olhar só aumentou - Você não ganha nada inventando essa história!
Nos sentamos na areia e ficamos observando o mar.
De longe vi o quiosque e um rapaz batendo uma vitamina de morango com banana, aquilo me fez salivar, tive que virar a cara para não ser pega encarando.
- Eu já volto! - O homem de olhos azuis, cujo nome não me recordava, se levantou, sacudiu a areia da calça e sai andando.
Logo voltou, com dois copões de vitamina, e me entregou um, eu quase pulei de alegria, tamanha minha vontade. Mas o olhei tímida e sorri agradecida.
- Obrigada! Não precisava! - Agradeci tomando um longo gole, que tão rápido quanto desceu voltou e vomitei na areia ao meu lado.
Ele segurou meu cabelo.
- Desculpa - limpei a boca - Acho que fui com muita sede ao pote! - Tentei rir da situação.
- Você sentiu muita vontade na vitamina não é? - Ele me olhava de certa forma esperançoso.
Confirmei com a cabeça sem entender nada.
- Eu sei que acabamos de sair do hospital, se importa de voltarmos lá? - Ele acariciava meu rosto, e nossa como aquele carinho foi bom.
- Hã.. O que vamos fazer lá? - Virei a cabeça parecendo um cachorrinho abandonado.
- Só confia em mim! - Ele se levantou e me estendeu a mão - Você confia?
Eu olhei para ele, sorri e peguei em sua mão, ficando de pé.
- Confio!
E juntos de mãos dadas, andamos até o carro e partimos para um posto de saúde que ficava ali próximo.
- Que eu esteja certo! - Ele beijou delicadamente os nós dos meus dedos e sorriu de lado.
Um sorriso que me fez perder o ar, me fez pensar que todos meus problemas não tinham importância alguma, desde que eu estivesse ao seu lado. Lá no fundo, eu também queria que tivesse havido mesmo uma história entre nós dois e que pudéssemos recomeçar.
Descemos do carro e entramos no posto, fiz minha ficha e quando fui chamada, para minha infelicidade, levei mais uma picada da agulha, colhendo um pouco do meu sangue e pediram que esperássemos na sala ao lado.
Não demorou muito e o médico veio com um papel nas mãos.
- Quando podemos marcar a primeira pré natal dela? - O médico anotava algo no papel.
- Pré natal? Então ela..
- Sim! Ela está grávida! - O médico nos olhou como se isso fosse óbvio.
- Eu sabia! - Ele veio até mim e me abraçou e nesse momento me lembrei do nome dele. Henrique.
- Então tivemos mesmo uma história! - A alegria dele me contagiava, e eu realmente estava feliz. Me sentia bem estando perto dele.
- E que história! A mais bela história de amor, minha princesa! - Ele foi se aproximando e sem nos importar que o médico ainda estava ali presente, selamos nossos lábios,  pra mim sendo a primeira vez.