Capitulo 21

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O grito ficou preso em minha garganta. Felizmente o tiro foi dado para o alto, no momento que o policial saiu de trás de um caminhão a tempo de erguer a mão de Enzo, impedindo assim que ele acertasse alguém, ou melhor, Henrique, já que ele era seu alvo.
- Você está preso Enzo Belarmino, tudo que disser pode e será usado contra você no tribunal! - O policial dava voz de prisão em Enzo, tendo jogado o mesmo ao chão e lhe desarmado. Mais policiais saiam dos esconderijos e foi então que Luiza caminhou até mim e apertou minha mão, chorando. Aí que entendi tudo, ela provavelmente ouviu ou viu o que o irmão estava planejando, e decidiu pedir que a polícia ficasse por perto para impedir que ele fizesse alguma besteira.
- Você fez o que era certo! - Abracei Luiza, tentando consolá-la.
- Eu soube de tudo amiga! Eu sinto muito, ouvi ele falando no celular com alguém sobre o quase estupro! Que horror! Me perdoa! - Ela só chorava.
- Calma, não é culpa sua! - Eu passava mão em seus cabelos.
- Você chamou a polícia pra mim? - Enzo gritava em direção a irmã enquanto estava sendo levado pro carro da polícia - Vai se arrepender disso!
E então o levaram embora. Luiza aos poucos foi se acalmando. Pedi que Henrique levasse minha mãe e Ana até o hospital para verem Lorena e Murilo, enquanto eu ficaria com Luíza até que ela se acalmasse completamente.
- Qualquer coisa me liga! - Henrique beijou meus lábios antes de partir.
Os vi partindo e depois fui até minha amiga, que estava cabisbaixa.
- Ei, não fique assim! - Me sentei ao seu lado - O que você fez foi para o bem dele, mesmo que ele não entenda isso agora!
- Você viu o olhar frio e o jeito que ele falou comigo? - Ela estava de olhos arregalados ao se lembrar - Aquele não era o meu irmão!! Ele se transformou num monstro!
Eu a abracei.
- Bom, mas agora ele está preso e tenho certeza que ficar lá por um tempo vai fazer ele cair na realidade!
- Você acha?
- Tenho certeza que sim! - Sorri pra ela e ela me devolveu um tímido sorriso - Mudando de assunto..  Adivinha quem vai ser mamãe e também vai casar?
- Não acredito nisso? - Nem parecia que a segundos atrás Luiza estava chorando, ela deu um pulo só sofá e ficou pulando de alegria - Me conta tudo...
Então contei a ela tudo que se passou na minha vida desde a última vez que nos vimos,  ou seja na  noite em que Enzo tentou me estuprar. A cada novo fato, Luiza levava a mão a boca ou ao coração e prestava muita atenção.
- E foi assim que ele me pediu em casamento! - Finalizei a história.
- Essa tal de Lorena, não acha que vai roubar meu lugar de melhor amiga né? Porque não vai mesmo! - Luiza fez uma cara emburrada parecendo criança mimada.
- Você só ouviu isso? - Tive que rir dos ciumes dela.
- Não! Ouvi a história toda, mais essa Lorena me encomodou! - Ela fez um bico e eu a abracei.
- Não seja birrenta! A Lorena é uma ótima pessoa, e esse seu ciúme não tem cabimento! - Fiz casquinha nela e ambas caímos na risada.
Ficamos conversando sobre casamento e nem vimos a hora passar. Só percebemos que já havia anoitecido, pois Ana entrou correndo toda feliz que tinha visto seu irmaozinho.
- Como as horas passam não? - Luiza disse e se levantou - Bom, agora vou pra casa. Preciso comunicar meus pais sobre o ocorrido com Enzo.
- Se cuida Lu, se precisar de algo é só me ligar! - A acompanhei até a porta e nos despedimos.
Minha mãe foi para a cozinha fazer o jantar acompanhada de Ana, que já era considerada praticamente sua neta, de tanto que as duas andavam juntas. Enquanto eu e Henrique fomos para o meu quarto e nos deitamos exaustos na cama.
- Que dia!  - Henrique disse beijando minha cabeça enquanto eu deitava em seu peito.
- Pois é! Tantas emoções diferentes! - Suspirei aliviada que tudo tinha se resolvido e todos estávamos bem.
Ficamos ali abraçados, até que eu caí no sono. Mas nem em sonhos eu teria sossego.

Sonho de Melinda

Novamente eu me encontrava fugindo pela rua chuvosa, não tinha coragem de olhar para trás e ver quem estava me seguindo.
Tropecei e cai no chão, rapidamente me levantei e olhei para trás, não havia ninguém por perto. Eu era a única pessoa naquela imensidão de asfalto.
Opa,  a única não, minha mãe vinha correndo e acenando com os braços.
- Melinda! Melinda!
- Mãe! - Eu consegui dizer antes de ouvir uma fresada brusca e ser atropelada, fui ativada longe e caída no meio da rua pude ver que o carro que me acertou se tratava de uma caminhonete preta. A mesma que Henrique dirigia.

Acordei gritando e suando, Henrique ao meu lado logo se colocou sentado e segurou minha mão.
- Meu amor, o que houve? - Ele perguntava aflito.
- Tive um pesadelo! - Eu o abracei e permiti que minha respiração fosse se normalizando.
- Quer me contar como foi? - Ele acariciava meu cabelo.
- Eu estava fugindo de alguém, estava chovendo e então eu via minha mãe, ela tentando me avisar algo e aí... Eu fui atropelada! - Olhei nos olhos de Henrique - Pela sua caminhonete!
A expressão de Henrique foi de assombro, e ali percebi que havia algo que ele estava escondendo de mim, não era à primeira vez que tinha sonhado com aquilo e algo me dizia que era um sinal. Mas que sinal?

Um Amanhecer (Livro I - TRILOGIA FASES DO DIA)Onde histórias criam vida. Descubra agora