Uma semana havia se passado desde aquela noite e eu nunca mais havia tido uma notícia sequer da minha mãe, o que pra mim significava que ela tinha escolhido continuar ao lado de Bruno. Passei noite e noites chorando, implorando em oração que ela voltasse para casa e deixasse essa história absurda de lado, mas pelo jeito ela havia feito sua escolha, só restando a mim aceitar e seguir com a minha vida. E era realmente o que eu faria, numa manhã de segunda feira, eu estava em minha sala, respondendo alguns emails e desmarcando alguns compromissos de Fernando, pois ele decidiu de última hora que iria sair de viagem com Daniela pela Europa. Então com ele fora, as coisas por aqui ficaram bem mãos tranquilas e sossegadas, me deixando tempo livre para olhar pela Internet alguns sítios próximos, e então me ocorreu uma idéia. Peguei meu celular e enviei uma mensagem a Henrique, pedindo que ele me encontrasse para que a gente almoçasse juntos. Ele prontamente me respondeu confirmando e dizendo que logo passaria aqui para me pegar.
Depois da adrenalina de seguir Eduardo aquela noite com a perna engessada, Henrique notou que não sentia mais dor, portanto o gesso já não era mais necessário, tendo ele passado no hospital aqui próximo para retirada do gesso.
Estava eu saindo de minha sala, para me encontrar com Henrique, quando Alice, minha grande amiga aqui da empresa se aproximou carregando uma pilha de papel.
- Você está ocupada? - Ela me perguntou me olhando com olhos brilhantes.
- Na verdade, estou saindo para almoçar! - Respondi a olhando sorridente - Mas em que posso ajudar?
- Nada tão importante que precise de atenção agora!! - Então ela olhou ao redor para se certificar de que não havia ninguém olhando e se aproximanso falou sussurrando - Sabe o cara novo do setor gráfico?
Parei por um momento tentando me recordar, então me lembrei que Fernando havia contratado um rapaz novo, de olhos pretos e expressão sempre tímida.
- Sim, o... - Tentei me lembrar seu nome, mais aí já era pedir demais a minha pobre memória.
- O Diogo! - Alice falou quando percebeu que eu não me recordará, e quando me viu assentir com a cabeça prosseguiu - Então, ontem eu estava na minha terceira taça de vinho, chorando minhas últimas lágrimas por causa do Lucas ter terminado comigo e...
- Ele terminou com você? - A interrompi mesmo sabendo que ela odiava isso, mais eu realmente estava por fora de certos acontecimentos na vida dela.
Alice simplesmente balançou a cabeça e continuou.
- Mais isso, já não não importa mais - e pelo seu sorriso, algo muuuuuuito bom aconteceu, já que Lucas era o grande amor da sua vida e eles planejavam se casar no final do ano - Eu já estava prestes a ir embora, quando alguém se aproximou e me perguntou se podia me fazer companhia, quando eu olho, quem era? Ninguém mais e ninguém menos que nosso tímido Diogo!
- Não acredito! - Sorri impressionada com ele ter tomado uma atitude.
- Nem eu acreditei na hora! - Alice estava radiante - Mais o melhor vem agora... - Então ela se aproximou mais e falou ainda mais baixo - Depois de mais taças de vinho, fomos para sua casa, ele mora sozinho.. - Ela falou quando me viu arregalar os olhos - E conversa vai, conversa vem.. Até que transamos! E menina, o que ele não tem de papo, ele compensa na cama!
Logo estávamos rimos e cochichando como duas adolescentes no colegial, ela quis me contar mais detalhes, porém pedi a ela que não o fizesse, guardasse apenas para ela. Prometi que quando eu voltasse do almoço, falaríamos mais e que eu tinha que correr, já que Henrique já havia enviado diversas mensagens dizendo estar me esperando na porta da empresa.
Me despedi de Alice e suas loucas histórias de aventura e fui ao encontro de Henrique. Ao vê-lo meu coração se encheu de amor, ele estava encostado no carro, de pé do lado de fora. Já não havia mais perna engessada. Quando me viu sorriu e então notei que eu sentia falta dessa pose de galanteador que ele tinha. Me aproximei e fui recebida com um beijo molhado.
- Oi! - Disse sorrindo.
- Oi! - Ele respondeu e ambos entramos no carro.
Juntos fomos para um restaurante que ficava próximo e aquela cena me fez rir. Eu caminhava ao seu lado, de mãos dadas, conversávamos e rimos e percebi que novamente estava vivendo com uma adolescente. Acho que era disse que eu precisava, aproveitar as coisas boas da vida e deixar para trás todo sentimento ruim.
Chegando ao restaurante, escolhemos uma mesa que ficava ao lado da janela, já que queríamos absorver todo aquele calor que vinha do sol, fizemos o pedido e ficamos nos olhando.
- E então - Henrique decidiu quebrar todo aquele silêncio - Como esta sendo seu dia?
- Tranquilo! E o seu? - Disse acariciando os nós de seus dedos.
- Melhor impossível! - Ele respondeu rindo - Finalmente me livrei daquele gesso!
Eu ri e não conseguia imaginar a agonia que ele estava usando aquilo, já que Henrique sempre foi um homem muito agitado. Ter de ficar em repouso, deve ter sido um sacrifício e tanto pra ele.
- Levei Pedro para a casa da Dantas.. - ele então parou e me olhou confuso ao ver minha expressão - Algo errado?
- Só acho estranho o modo como chama sua avó! - Dei de ombros.
- Não passei muito da minha vida com ela e fui aconselhado pela mesma em nunca chamá-la de vó - Henrique riu - Ela disse que isso atrapalharia os casos de romance dela!
Ambos rimos. Dona Rosalina era mesmo uma figura.
Continuamos a conversar até que nossos pratos chegaram e começamos a comer, porém Henrique me olhava desconfiado e eu agia na maior naturalidade do mundo.
- Isso está delicioso! - Disse dando mais uma garfada em meu almoço.
Henrique por outro lado, mal comia, ele apenas ficava me olhando e sorrindo.
- Que foi? - Perguntando vendo que ele parecia ter algo a me dizer.
- Nada, só que.. - Ele estendeu a mão por sobre a mesa e pegou a minha, acariciando a aliança de noivado que havia me dado e brilhava em meu dedo - Quando vamos enfim casar?
Acabei rindo e aquilo assustou Henrique, que agora sim me olhava mais confuso do que antes, eu tentava parar, mais não conseguia. Ele me estendeu um copo de água e eu o bebi, conseguindo me acalmar e o olhar sorrindo.
- Agora que está mais calma, me explique por favor qual a graça? - Ele continuava segurando minha mão.
- A graça é que esse foi o motivo que eu te pedi para almoçarmos juntos! - Falei e vi Henrique se confundir mais ainda sem nada entender.
Então abri minha bolsa, peguei uma foto que eu havia imprimido de um sítio lindo e coloquei na mesa bem na sua frente.
- O que acha desse fim de semana? - Falei depois de alguns segundos vendo ele examinar a foto curioso.
O rosto de Henrique se iluminou e um largo sorriso surgiu.
- Você tá falando sério? - Ele me perguntou segurando a foto.
- Bom, eu aluguei o sitio, mais se por acaso tiver desistido de se casar comigo...
Fui interrompida, por um grito de felicidade de Henrique. Ele então se levantou e me puxou para seu abraço, me beijando. Quando viu que quase todo restaurante nos olhava ele gritou feliz da vida.
- ELA VAI CASAR COMIGO! - Ao ouvir isso, todos aplaudiram e nos parabenizaram. Nunca vi tantas pessoas estranhas me abraçarem e desejar felicidades. Mas ver a felicidade estampada no rosto de Henrique foi a minha própria felicidade. Finalmente daríamos aquele passo importante é que tanto sonhamos.
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Um Amanhecer (Livro I - TRILOGIA FASES DO DIA)
Storie d'amoreMelinda era uma garota de poucos amigos, embora levasse consigo a certeza de que tinha ao seu lado somente os verdadeiros amigos.. Sempre muito esforçada, corria atrás dos seus sonhos, jamais esquecendo de ser gentil e nunca perder a fé.. Já que ess...