Capítulo 20

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     Na hora do jantar, Marta já havia tomado sua decisão. Pensando em seus filhos, resolveu aceitar a proposta do Dr. Bernardo.

ㅡ Calub, Maia. ㅡ Ela os chamou enquanto ambos terminavam o jantar. Eles pararam de comer e olharam para o rosto da mãe. ㅡ Depois de amanhã nos mudaremos para casa do Dr. Caleb.

ㅡ Como assim?? ㅡ Calub soltou os talheres no prato provocando um barulho irritante.

ㅡ Aquela casona que a gente comeu sorvete de menta da última vez? ㅡ Maia pergunta contente.

ㅡ Sim. Aquela casona. ㅡ Marta responde.

ㅡ Mãe você ficou louca? ㅡ Calub perguntou aflito.

ㅡ Calub, eu não admito que você fale assim comigo!! ㅡ Marta o reprendeu.

O garoto deixou a mesa furioso e foi para o seu quarto.

Não. Ele não suportaria viver sob o mesmo teto que Hope. Já não bastava ser ignorado na escola, tinha que conviver com ela 24h agora?

Certo que parcela da culpa era dele, mas nem isso ele conseguia admitir.

Calub subiu as escadas correndo e bateu a porta do quarto. Marta abriu em seguida.

ㅡ Qual o seu problema?? ㅡ Marta perguntou furiosa.

ㅡ Mãe, me deixa em paz!! Pensei que pudessemos tomar decisões juntos, mas nem isso!!

ㅡ Calub, para de drama!! Você é grande suficiente para compreender a situação em que vivemos! Essa é a única oportunidade de dar a vocês uma vida melhor. Se não é por você, ao menos pense na Maia!!

ㅡ Não é drama. Eu não quero ir pra lá! Por quê não podemos ser apenas nós três como sempre fomos?

ㅡ Ficaremos lá até nos estabilzarmos financeiramente. Será por alguns meses. Eu prometo.

Calub ficou mudo. Ele só queria ficar sozinho e listar os prós e contras de ir morar com os Dicaura novamente.

ㅡ Só pense na sua irmã. ㅡ Sua mãe repetiu e deixou o quarto.

(...)

   No dia seguinte, Hope continuava a evita-lo. O baile de inverno se aproximava e com isso, vários convites de meninas do Bochitteli surgiam a ele.

ㅡ Nossa! ㅡ Peene exclamou surpreso ao ver Calub tentando arrumar a quantidade de envelopes em seu armário. ㅡ Não quer me oferecer um?

ㅡ Te dou todos. Não vou a esse baile.

ㅡ Ora, por quê não? ㅡ Calub fechou o armário e se pos a caminhar ao lado de Peene.

ㅡ Simples. Não gosto. Não quero.

ㅡ Você deveria se engajar socialmente. E aí? Conseguiu entrar na equipe? ㅡ Perguntou Peene.

ㅡ Meu teste é amanhã.

Calub havia se inscrito na equipe de boxeadores do Bochitteli. Só esperava uma confirmação.

ㅡ Desejo sorte. ㅡ Peene disse. ㅡ E pras gatinhas também. ㅡ Completou ao ver Susy Waigar se aproximar.

ㅡ Olá, Calub! ㅡ Ela enrolou uma mecha de cabelo nos dedos. O garoto engoliu seco. ㅡ Soube que está disponível para ir ao baile de inverno. Queria saber se não queria ir comigo? ㅡ Ela fez bico.

Calub olhou para Peene que sorria maliciosamente.

ㅡ Desculpe. Não vou ao baile. Mas esse meu amigo aqui, ㅡ Calub puxou Peene. ㅡ adoraria uma companhia.

Susy Waigar era uma das populares. Tinha o corpo perfeito e lindos cabelos de causar inveja nas garotas.
Entretanto, não chegava aos pés de Hope. A linda ruivinha de pele pálida ainda era o alvo preferido de Calub.

Ele deixou Peene e Susy conversando e se dirigiu a sala de aula.

Quando chegou, arrependeu-se naquele momento de estar lá. Seus olhos viram o que não gostaria de ver: Hope estava beijando Antony.

Calub sentiu um aperto em seu coração. Deu meia volta e saiu de sala. Não era boa ideia ir morar sob o mesmo teto que ela.

Como ela era tão idiota?? Beijar o cara mais imbecil da escola não pesava na sua consciência? Burro. É óbvio que Hope é como as outras! Fútil e estúpida! Era o que Calub pensava.

Matar aula só daquela vez não diminuiria as suas notas. Então foi isso que ele fez.

Calub se isolou no terraço da escola. Apenas ele, a brisa matinal e o imenso céu azul.

Não queria que seu pensamento voltassem a cenas atrás. Mas nem isso conseguia. O problema é que ele gostava dela e por estar furioso, não queria assumir. Quem mandou desligar o telefone na cara dela? Agora sofra as consequências.

Teve a chance de se reconciliar, mas falhou. E agora não há mais chances!
Ou há? Será? Pensou.

Antony é o mais mulherengo da escola. Com certeza não é fiel a Hope. Basta só Calub abrir os olhos de Hope. Pelo visto, não será nada mal ir morar sob o mesmo teto.

(...)

   Na mansão dos Dicaura, o silêncio pairava no jantar. Apenas o tilinar dos talheres faziam sons naquele ambiente.

Hope já havia se retirado para descansar e apenas Caleb e Bernardo ocupavam o ambiente.

ㅡ Marta veio me procurar ontem. O ex marido lhe deixou uma dívida muito grande.

ㅡ E o que temos haver com isso? ㅡ Caleb perguntou com desdém.

ㅡ Não seja rude. ㅡ Bernardo continuou. ㅡ Ele hipotecou a casa. Ofereci estalagem até tudo se consertar.

ㅡ Você o quê? Ficou maluco? ㅡ Caleb voltou sua total atenção ao pai.

ㅡ Ela aceitou. ㅡ Bernardo bebe um gole de vinho. ㅡ Virão amanhã.

ㅡ O que você pensa?? Que pode fazer as coisas sem antes me consultar?

ㅡ A casa é minha. Os hóspedes são meus. Estou apenas avisando-o.

ㅡ Pai, mas as coisas não funcionam assim como o senhor quiser e bem entender.

ㅡ Funciona. Claro! ㅡ Bernardo se levantou. ㅡ Você não passa o dia em casa, está sempre de plantão. Então não fará muita diferença na sua vida. E além do mais, terei companhia para o jantar e almoço aos domingos.

ㅡ A companhia de Hope não te é o suficiente? ㅡ Caleb questionou mais uma vez.

ㅡ Somos apenas nós três e alguns empregados nessa enorme mansão. O que acha?

ㅡ Acho bom. Confortável.

ㅡ Silencioso demais para mim. Você só me deu uma neta. Não gosto muito de solidão.

ㅡ Não vou questiona-lo novamente. A casa é sua, não é mesmo? Faça o que bem entender.

Caleb levantou-se e deixou a mesa.

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