Alguns dias se passaram e o tempo estimado pelo banco para deixar a casa, diminuiam. O problema, até aquele momento, era achar uma casa que atendesse as necessidades da pequena família.Porém, em uma cidade pequena onde viviam, as opções eram poucas e fora do orçamento.
ㅡ Está tudo bem com você? ㅡ Peene perguntou a Calub após guardar seu material na mochila.
ㅡ Nem tanto. ㅡ Calub soltou um suspiro.
ㅡ Percebi. Você não estava muito interessado na aula de hoje. O que te passa? ㅡ O garoto sentou ao lado de Calub, demonstrando preocupação.
ㅡ Me passam muitos problemas. Claro. Mas acho que isso não te interessaria. ㅡ Calub se pôs de pé e começou a recolher seu material.
Seus olhos encontraram os de Hope que rapidamente se desviou e saiu andando com os seus. Ela havia mudado.
ㅡ Somos amigos, não somos? ㅡPeene perguntou.
Amigos. Talvez ele não tenha levado o companherismo de Peene para esse nível, mas se amizade é estar nos momentos bons e ruins e se preocupar, ele estava pensando em reconsiderar.
Calub apenas afirmou com a cabeça.
ㅡ Também.
ㅡ Ihh... Não quer desabafar?
ㅡ Te falar dos meus problemas não adiantaria muita coisa.
ㅡ Nem sempre. Posso te oferecer conselhos.
ㅡ Talvez eu não precise deles.
ㅡ Qual é Calub? Pensei que fosse meu amigo. O único por sinal.
As palavras de Peene deram um baque emocional em Calub que o fez repensar na maneira como tratava o pobre garoto.
ㅡ Sinto muito, Peene. Não estou acostumado a ter amizades.
ㅡNormal. Eu também não. ㅡ Peene sorriu. ㅡ Quer... Desabafar? É isso o que os amigos fazem, não é? Eles desabafam uns com os outros.
Calub respirou pesadamente.
ㅡ Claro. É... ㅡ Ele se sentou novamente. ㅡ Meu ex-padrasto hipotecou a casa e agora corremos o risco de domir na rua.
ㅡ Mas que po... Desculpe. ㅡ Peene sentou-se ao lado de Calub. ㅡ Há casas para serem alugadas perto da escola. Eu acho.
ㅡ Já olhamos. Ou está fora do nosso orçamento, ou não atende nossas necessidades. ㅡ Calub respondeu um pouco triste.
ㅡ Mas é melhor que ir morar na rua.
ㅡ Sim. Realmente. Só que iremos gastar o que não temos para poder reformar, porque o locador disse que não possui verbas para ajeita-la.
ㅡ Me sinto de mãos atadas. Mas saiba que não deixarei vocês irem dormir na rua. Se não acharem uma casa, fiquem na minha! Irei conversar com meus pais.
ㅡAgradeço por isso, mas creio que não será necessário. Se for, pedirei sua ajuda. Você é um ótimo amigo, Peene. ㅡ Calub sorriu para ele que sorriu de volta.
ㅡ Quer um sorvete? Eu pago. ㅡ Peene o convidou.
ㅡ Pode ser.
(...)
No hospital Meyre Hope....
ㅡ Olá, boa tarde! Gostaria de falar com o Sr. Presidente Dicaura? ㅡ Marta perguntou a recepcionista.
ㅡ Um momento. ㅡ Ela interfonou.
Marta não queria isso, mas era sua única alternativa. Pedir empréstimo ao senhor Dicaura era sua única saída. Era isso, ou ir para uma casa com infiltrações, paredes mofadas e goteiras.
Ela repetia para si mesma: isso é por Calub e Maia. Respirou fundo e abriu os olhos.
ㅡ Pode entrar. ㅡ A recepcionista informou.
Marta abriu a porta com cautela e foi recebida por um caloroso sorriso do Sr. Bernardo.
ㅡ Marta! ㅡ Ele a recebeu com um forte abraço e indicou a cadeira para que se sentasse. ㅡ A que devo a honra de sua visita?
ㅡ Eu não sei por onde começar. ㅡ Marta se sentou em uma confortável poltrona a frente da mesa de mármore de Bernardo, passou uma mecha atrás da orelha e continuou. ㅡ Bem... Recentemente descobri que minha casa foi hipotecada e a dívida é tão grande que... Mesmo que eu não fique com a casa, ainda irei pagar uma determinada quantia.
ㅡ Você quer um aumento?
ㅡ Um aumento não será o suficiente. Vim pedir um empréstimo.
O Sr. Bernardo levantou-se de sua poltrona e começou a andar pela sala.
ㅡ Um empréstimo... De quanto, especificamente?
ㅡ Equivalente a três anos de salário. ㅡ Marta respondeu em um fiasco de voz.
ㅡ Mas isso é muito! ㅡ Bernardo parou de andar e virou-se para ela. ㅡ Até quando precisa desse dinheiro?
ㅡ Em menos de dois dias. ㅡ Ela responde.
ㅡ Não sei se poderei conseguir em menos de dois dias. Apesar de ter contas na Suiça, essa parte é um pouco burocrática.
É claro que ele podia. Mas Bernardo viu uma brecha para conseguir que Marta voltasse a morar com ele e casar com seu filho. Afinal, desde a morte de Simon, era o que ele mais desajava.
Ele sabia que Caleb havia se apaixonado por Marta durante os três anos que viveram sob o mesmo teto.
ㅡ Tenho uma proposta.
Marta ficou atenta às palavras de Bernardo.
ㅡ Venha morar conosco novamente. Você, Calub e Maia. Pode ser? Até se estabilizarem financeiramente.
Marta ficou estática. Não sabia o que responder no momento. Pela sua situação de desespero, pensava em reconsiderar o que ele havia lhe proposto.
ㅡ Essa não é uma decisão que devo tomar de uma hora para outra.
ㅡ Certo. Não se apresse em relação a isso. Estaremos de portas abertas para recebê-los. ㅡ Bernardo abriu um sorriso e estendeu a mão para Marta.
Ele sabia que sua resposta seria afirmativa, afinal, Marta não tinha para onde correr.

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Charme Geek
RomanceQueridinho dos professores, odiado pelos colegas. Assim é Calub Turkle. Um gênio do Ensino Médio do famoso Colégio Bochitteli. Constantemente alvo de chacotas, resolve se afastar durante um período da escola. Durante esse tempo, se aproxima de Hope...