Capítulo 38

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(...)

A lua já havia tomado o lugar do sol quando Calub resolveu bater na porta de Hope. A garota havia caído no sono depois de convencer a si mesma que tudo ficaria bem. Seu avô e seu pai eram tudo de mais precioso que ela possuia e não conseguia imaginar sua vida sem ambos ao seu lado.

Caleb havia ligado para Marta minutos antes, para dar boas notícias. Bernardo estava bem. Mas a bateria de exames que foram feitos, seus resultados só sairiam no dia seguinte.

Quando Marta partilhou tal notícia com Calub, o mesmo, com ajuda de Hebe, preparou um lanche reforçado para Hope, afim de dar-lhe as boas notícias.

Ele bateu uma. Duas. E na terceira vez Hope abriu a porta. O rosto marcado e os cabelos desalinhados concluia de que havia acabado de acordar.

Ela tentou timidamente ajeitar os cabelos, mas não adiantou muita coisa.

Calub sorriu para ela.

ㅡ Trouxe comida e boas notícias. ㅡ Hope abriu um largo sorriso.

ㅡ Essa é uma combinação perfeita. ㅡHope abriu espaço para que Calub passasse.

Ele parou no meio do quarto sem saber o que fazer com a bandeja em mãos. Observou a mesinha próxima a varanda e pôs a bandeja sobre a mesma.

ㅡ Está tudo bem com o vovô? ㅡ Hope pergunta ao se sentar na cadeira próximo a mesinha.

Calub faz o mesmo.

ㅡ Seu pai acabou de ligar dizendo que sim. Mas por via das dúvidas, ele ficará em observação.

Hope soltou um suspiro de alívio.

ㅡ Graças ao Senhor!! ㅡ Exclamou.

Hope admirou a bandeja, hesitante em pegar alguma coisa. Haviam sanduíches, maçã, alguns morangos, croissant, biscoitos e um suco.

Calub levou um morango a boca.

ㅡ Pode comer. Hebe me ajudou a preparar.

Hope pegou um pedaço do sanduíche fatiado e deu uma mordida.

ㅡ Obrigada. ㅡ Agradeceu e em seguida deu outra mordida.

O silêncio pairou sobre o local. Ambos estavam desconfortáveis com tal situação.

ㅡ Sobre o baile... ㅡDisseram em uníssono.

Riram juntos sobre tamanha coincidência.

ㅡ Pode falar. ㅡ Hope disse.

ㅡ Não. Que é isso. Pode falar primeiro. ㅡ Ele coçou a nuca e esboçou um sorriso de lado.

ㅡ Acho que não tenho muito a dizer. Só agradecer por ter mudado de ideia. ㅡ Ela bebeu um gole de suco e descansou sobre a mesa. ㅡ E que não pense que aceitei ir com você só porque é um forte concorrente ser o rei do baile. Na verdade é porque você é minha única alternativa.

ㅡ É mesmo? ㅡ Calub sorriu e levou mais um morango a boca. ㅡ Se não fosse pelo vô Bernardo, não iria. Você não é minha única alternativa. Entre dezessete convites, um deles era da Alicia Melodin.

ㅡ Não queira se achar o último biscoito do pacote, porque geralmente vem quebrado. ㅡ Hope mordeu mais uma vez seu sanduíche. ㅡ Onde está sua modéstia?

ㅡ Vamos realmente falar de modéstia, Hope? Não acho que seja a pessoa mais adequada para isso.

ㅡ E você muito menos. ㅡ Hope se acomodou na cadeira cruzando suas pernas.

Calub pegou um biscoito e levou a boca.

Um vento frio entrou pelo quarto fazendo Hope se abraçar. Calub levantou-se rapidamente e fechou as portas da varanda. Ao virar-se, deu de cara com a velha foto.

ㅡ Não acredito que emoldurou isso. ㅡ Calub caminhou até a prateleira abarrotada de livros.

ㅡ Isso o quê? ㅡ Hope virou-se para olha-lo. Ela engoliu em seco.

Havia esquecido do porta-retrato. Em meio ao amontoado de livros que só serviam de enfeite para o quarto.

Ela caminhou em sua direção com o copo de suco em mãos. Parou ao lado de Calub e bebeu um gole.

ㅡ Você parecia um fidalgo.

ㅡ E você a Píppi Meialonga.

ㅡ Se tentou me ofender, fracassou. Adoro a Pippi Meialonga. Na biblioteca deve ter uns três livros dela. ㅡ Calub se virou para Hope.

ㅡ Nunca mais fui lá.

ㅡ Nunca mais ninguém foi lá. Acho que só o vovô vai lá. ㅡ Ela falou com um fiasco de voz e abaixou a cabeça.

ㅡ Ei. Acalme-se. Já está tudo bem. ㅡ Calub ergueu a cabeça de Hope e ela começou a fitar seus olhos. ㅡ Podemos ir a biblioteca agora. O que acha?

ㅡ Hum... Acho que preciso primeiro de um banho. ㅡ Ela desvia o olhar e caminha até a porta. ㅡ Nos vemos lá. ㅡ Indica a porta.

(...)

Faziam poucos meses que moravam junto com os DiCaura. A mansão era uma casa completa e com exageros. Calub visitava com mais frequência a academia e o jardim. Esqueceu completamente que havia um mundo inteiro dentro de uma sala bem maior que seu antigo quintal.

Ele entrou na sala e se pôs a escolher um livro. Passou o dedo sobre Ben-Hur, Os Cavaleiros da Tavola Redonda, As Viagens de Gulliver, obras de Charles Dickens, Gogol, Jane Austen, Doyle, mas nada de novidade para ele.

Resolveu pegar o controle remoto e jogar-se no sofá afim de assistir alguns episódios de Bonanza.


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