Já era madrugada na Mansão. Calub encontrava-se inquieto em sua cama. Resolveu terminar de ler seu livro, mas mesmo assim o sono não veio. Virar de um lado para o outro, contar carneirinho, imaginar se existe vida em outro universo não estava ajudando muito.O dia agitado que teve ainda pertubavam seu subconsciente. Talvez um copo de leite morno com canela o alcamasse um pouco.
Calub vestiu seu roupão felpudo, e sem amarra-lo, desceu em direção a cozinha.
Abriu a geladeira, pegou a garrafa de leite e pôs na leiteira sobre o fogão. Procurou uma xícara e a deixou sobre o balcão de mármore. Em seguida, abriu novamente a geladeira para guardar o leite. Quando se virou, deu de cara com Hope.
A garota usava uma camisa larga até o meio das coxas. Ambos se encararam por alguns segundos sem nenhuma reação. Calub, então, virou-se para apagar o fogo e por leite na xícara.
ㅡ O que você está fazendo? ㅡ Ela perguntou enquanto pegava um pote de iogurte e abria o lacre.
Calub apenas estendeu a xícara.
ㅡ Você sabe onde tem canela? ㅡ Ele perguntou enquanto Hope se acomodava sobre o balcão.
A garota apenas apontou para o armário dos temperos. Calub esquivou-se para pegar e Hope começou a encara-lo.
Os cabelos desgrenhados deduziam que ainda não havia pregado o olho, porém dava um charme especial vê-lo de óculos, um roupão semi-aberto, samba-canção e cabelos desalinhados.
Calub procurou uma colher e começou a mexer seu leite. Caminhou em direção a Hope e se escorou no balcão ao lado.
ㅡ Sem sono? ㅡ Ela pergunta. ㅡ Dia agitado, não é?
ㅡ E confuso. Você estava uma fera comigo ontem. Agora está como se nada estivesse acontecido. ㅡ Ele beberica seu leite.
Hope toma um gole do seu iogurte.
Ela havia esquecido o motivo de ter ficado chateada com Calub, afinal, ele era lindo demais para ser ignorado.ㅡ Hoje é outro dia. ㅡ Ela esboçou um sorriso sem mostrar os dentes. ㅡ Espero que não procure motivos para me ver irritada com você.
ㅡ Eu nem sei que motivo dei para você ter ficado daquele jeito! ㅡ Deu de ombros e bebeu um gole do leite.
Hope tinha ficado chateada por ele ter dito que não estava disponível para baile. Ela se irritou com o próprio pensamento em achar que Calub gostava de outra garota.
ㅡ Se atrasou!!! ㅡ Ela se apressou.
ㅡ Certo, senhorita pontual. Ainda estou esperando uma resposta plausível. ㅡ Calub checou o relógio de pulso e em seguida ajeitou os óculos.
ㅡ Não tolero atrasos. ㅡ Ela bebeu um grande gole de seu iorgurte.
ㅡ É mesmo? Você não parece ser a pessoa mais pontual que conheço. ㅡ Ele pôs a mão esquerda no quadril e bebeu um gole de seu leite, descansando em seguida, a xícara no balcão.
Hope desceu do balcão e caminhou até a lixeira.
ㅡ Quer saber?? ㅡ Jogou o pote com brutalidade. ㅡ Vou dormi. Tchau.
Quando Hope se virou, Calub estava parado a sua frente. Ele pôs o indicador em sua fronte e olhou fixamente nos olhos da garota.
ㅡ Fala logo tudo o que se passa na sua cabecinha. É melhor para nós dois. Sabemos bem!
Hope engoliu seco e em um movimento rápido, afastou a mão de Calub.
ㅡ Nada. Apenas divaga por conta do sono. ㅡ Ela cruza os braços.
Calub solta um risada e passa a mão no pescoço.
ㅡ A Hope de quem eu gostava, falava tudo o que vinha na cabeça, sem pensar.
Ele soltou para a surpresa de Hope.
ㅡ Eu, e-eu... Vou... ㅡ Gaguejou sem desprender seu olhar de Calub.
ㅡ Dormi? ㅡ Ele completou.
ㅡ S-sim. É...
Hope permanecia parada na frente de Calub, sem ter uma orientação para onde ir.
Calub aproximou-se e passou o polegar no queixo dela. Hope ficou desconcertada perante tal ato.
ㅡ Estava sujo. ㅡ Ele falou.
ㅡ Ah, sim. Obrigada. ㅡ Hope agradeceu e pulou em cima de Calub selando seus lábios.
O garoto se assustou com repentina atitude, mas era Hope. A velha Hope impulsiva e imprevisível. A garota por quem tinha se apaixonado.
Hope o beijava com pressa e ambos seguiam a passos largos até que as costas de Calub se chocaram violentamente contra a quina do balcão.
Ele soltou um grito abafado e Hope se afastou dele.
ㅡ Desculpe. ㅡ Foi o que ela disse antes de seus olhos encontrarem os dele e tomar seus lábios novamente.
ㅡ Hope, para. ㅡ Calub pediu enquanto a afastava de seus braços. ㅡ Você ainda está com o Antony. ㅡ Calub a lembrou.
ㅡ E você com outra garota. ㅡ Ela cruzou os braços.
ㅡ O quê? Como assim?
ㅡ Na coletiva. Você disse que não estava livre para o baile. Eu vi você recebendo... ㅡ Ela abaixou o olhar e Calub levantou seu rosto para olha-lo.
ㅡ Não estou livre porque não quero ir. ㅡ Ele falou suavemente.
ㅡ Você não vai? ㅡ Ela perguntou.
ㅡ Ainda não recebi um convite especial de uma certa pessoa persuasiva para me convencer de ir. ㅡ Ele segurou seus ombros e ajeitou os óculos que teimavam escorregar pelo nariz.
ㅡ Eu? ㅡ Hope perguntou duvidosa. ㅡ Quem deveria fazer o convite seria o parceiro.
ㅡ Eu disse pessoa "persuasiva". Não disse Hope. ㅡ Ele riu e cruzou os braços.
ㅡ Por que de repente você virou um babaca? ㅡ Hope cruzou os braços e levantou o rosto para encara-lo.
ㅡ Será que apenas sou eu que age como um?
ㅡ Não se responde uma pergunta com outra pergunta. ㅡ A garota se aproximou.
ㅡ Se você for me beijar, avise. Não quero que me machuque novamente. ㅡ Ele esboçou um sorriso.
Hope, percebendo que estava muito próxima, se afastou em um sobressalto.
ㅡ Você é tão... Argh! Eu te odeio! ㅡ Hope bufou.
ㅡ Inconstante, imprevisível, sem escrúpulos e petulante. Você me encanta! ㅡ Calub sorriu e seguiu para seu quarto.
Hope permaneceu plantada a meditar em tais adjetivos. Seriam bons ou ruins?

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Charme Geek
RomanceQueridinho dos professores, odiado pelos colegas. Assim é Calub Turkle. Um gênio do Ensino Médio do famoso Colégio Bochitteli. Constantemente alvo de chacotas, resolve se afastar durante um período da escola. Durante esse tempo, se aproxima de Hope...