Capítulo 33

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Já era madrugada na Mansão. Calub encontrava-se inquieto em sua cama. Resolveu terminar de ler seu livro, mas mesmo assim o sono não veio. Virar de um lado para o outro, contar carneirinho, imaginar se existe vida em outro universo não estava ajudando muito.

O dia agitado que teve ainda pertubavam seu subconsciente. Talvez um copo de leite morno com canela o alcamasse um pouco.

Calub vestiu seu roupão felpudo, e sem amarra-lo, desceu em direção a cozinha.

Abriu a geladeira, pegou a garrafa de leite e pôs na leiteira sobre o fogão. Procurou uma xícara e a deixou sobre o balcão de mármore. Em seguida, abriu novamente a geladeira para guardar o leite. Quando se virou, deu de cara com Hope.

A garota usava uma camisa larga até o meio das coxas. Ambos se encararam por alguns segundos sem nenhuma reação. Calub, então, virou-se para apagar o fogo e por leite na xícara.

ㅡ O que você está fazendo? ㅡ Ela perguntou enquanto pegava um pote de iogurte e abria o lacre.

Calub apenas estendeu a xícara.

ㅡ Você sabe onde tem canela? ㅡ Ele perguntou enquanto Hope se acomodava sobre o balcão.

A garota apenas apontou para o armário dos temperos. Calub esquivou-se para pegar e Hope começou a encara-lo.

Os cabelos desgrenhados deduziam que ainda não havia pregado o olho, porém dava um charme especial vê-lo de óculos, um roupão semi-aberto, samba-canção e cabelos desalinhados.

Calub procurou uma colher e começou a mexer seu leite. Caminhou em direção a Hope e se escorou no balcão ao lado.

ㅡ Sem sono? ㅡ Ela pergunta. ㅡ Dia agitado, não é?

ㅡ E confuso. Você estava uma fera comigo ontem. Agora está como se nada estivesse acontecido. ㅡ Ele beberica seu leite.

Hope toma um gole do seu iogurte.
Ela havia esquecido o motivo de ter ficado chateada com Calub, afinal, ele era lindo demais para ser ignorado.

ㅡ Hoje é outro dia. ㅡ Ela esboçou um sorriso sem mostrar os dentes. ㅡ Espero que não procure motivos para me ver irritada com você.

ㅡ Eu nem sei que motivo dei para você ter ficado daquele jeito! ㅡ Deu de ombros e bebeu um gole do leite.

Hope tinha ficado chateada por ele ter dito que não estava disponível para baile. Ela se irritou com o próprio pensamento em achar que Calub gostava de outra garota.

ㅡ Se atrasou!!! ㅡ Ela se apressou.

ㅡ Certo, senhorita pontual. Ainda estou esperando uma resposta plausível. ㅡ Calub checou o relógio de pulso e em seguida ajeitou os óculos.

ㅡ Não tolero atrasos. ㅡ Ela bebeu um grande gole de seu iorgurte.

ㅡ É mesmo? Você não parece ser a pessoa mais pontual que conheço. ㅡ Ele pôs a mão esquerda no quadril e bebeu um gole de seu leite, descansando em seguida, a xícara no balcão.

Hope desceu do balcão e caminhou até a lixeira.

ㅡ Quer saber?? ㅡ Jogou o pote com brutalidade. ㅡ Vou dormi. Tchau.

Quando Hope se virou, Calub estava parado a sua frente. Ele pôs o indicador em sua fronte e olhou fixamente nos olhos da garota.

ㅡ Fala logo tudo o que se passa na sua cabecinha. É melhor para nós dois. Sabemos bem!

Hope engoliu seco e em um movimento rápido, afastou a mão de Calub.

ㅡ Nada. Apenas divaga por conta do sono. ㅡ Ela cruza os braços.

Calub solta um risada e passa a mão no pescoço.

ㅡ A Hope de quem eu gostava, falava tudo o que vinha na cabeça, sem pensar.

Ele soltou para a surpresa de Hope.

ㅡ Eu, e-eu... Vou... ㅡ Gaguejou sem desprender seu olhar de Calub.

ㅡ Dormi? ㅡ Ele completou.

ㅡ S-sim. É...

Hope permanecia parada na frente de Calub, sem ter uma orientação para onde ir.

Calub aproximou-se e passou o polegar no queixo dela. Hope ficou desconcertada perante tal ato.

ㅡ Estava sujo. ㅡ Ele falou.

ㅡ Ah, sim. Obrigada. ㅡ Hope agradeceu e pulou em cima de Calub selando seus lábios.

O garoto se assustou com repentina atitude, mas era Hope. A velha Hope impulsiva e imprevisível. A garota por quem tinha se apaixonado.

Hope o beijava com pressa e ambos seguiam a passos largos até que as costas de Calub se chocaram violentamente contra a quina do balcão.

Ele soltou um grito abafado e Hope se afastou dele.

ㅡ Desculpe. ㅡ Foi o que ela disse antes de seus olhos encontrarem os dele e tomar seus lábios novamente.

ㅡ Hope, para. ㅡ Calub pediu enquanto a afastava de seus braços. ㅡ Você ainda está com o Antony. ㅡ Calub a lembrou.

ㅡ E você com outra garota. ㅡ Ela cruzou os braços.

ㅡ O quê? Como assim?

ㅡ Na coletiva. Você disse que não estava livre para o baile. Eu vi você recebendo... ㅡ Ela abaixou o olhar e Calub levantou seu rosto para olha-lo.

ㅡ Não estou livre porque não quero ir. ㅡ Ele falou suavemente.

ㅡ Você não vai? ㅡ Ela perguntou.

ㅡ Ainda não recebi um convite especial de uma certa pessoa persuasiva para me convencer de ir. ㅡ Ele segurou seus ombros e ajeitou os óculos que teimavam escorregar pelo nariz.

ㅡ Eu? ㅡ Hope perguntou duvidosa. ㅡ Quem deveria fazer o convite seria o parceiro.

ㅡ Eu disse pessoa "persuasiva". Não disse Hope. ㅡ Ele riu e cruzou os braços.

ㅡ Por que de repente você virou um babaca? ㅡ Hope cruzou os braços e levantou o rosto para encara-lo.

ㅡ Será que apenas sou eu que age como um?

ㅡ Não se responde uma pergunta com outra pergunta. ㅡ A garota se aproximou.

ㅡ Se você for me beijar, avise. Não quero que me machuque novamente. ㅡ Ele esboçou um sorriso.

Hope, percebendo que estava muito próxima, se afastou em um sobressalto.

ㅡ Você é tão... Argh! Eu te odeio! ㅡ Hope bufou.

ㅡ Inconstante, imprevisível, sem escrúpulos e petulante. Você me encanta! ㅡ Calub sorriu e seguiu para seu quarto.

Hope permaneceu plantada a meditar em tais adjetivos. Seriam bons ou ruins?



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