Capítulo 12

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Vi Aline passar correndo por mim. Ela estava com os olhos e rosto vermelhos, provavelmente chorando. Estranhei, nunca chorava. Sua vida era felicidade pura, explodindo em confetes e serpentina. Fredy logo a seguiu até o banheiro feminino, no entanto ficou à porta.

— O que houve?

— Ela está lembrando do desgraçado.

Franzi o cenho e o afastei da entrada. Aline estava jogado no chão, encolhida e tendo uma crise nervosa. Aquele infeliz havia deixado uma marca nela, uma marca que jamais abandonaria sua memória. Era a segunda vez desde de que aconteceu que o pânico lhe dominava. Na primeira, Leonardo ainda estava conosco.

— Por que fui tão ingênua, Ceci?

— Você não sabia que ele era um cretino! Além do mais, por sorte não aconteceu algo mais grave e isso te fez aprender!

— Gostaria de ter aprendido pelo amor!

Sentei ao seu lado e esperei que deitasse a cabeça no meu ombro.

— Dói como o inferno quando me lembro que ele quase... Eu seria mais uma na lista de vítimas. Seria igual as meninas que ajudo, inocentes e destruídas por um desgraçado.

No mesmo ano que o maníaco tentou leva-la, Aline começou a ajudar uma ONG que auxiliava mulheres vítimas de violência sexual e assédio. Ela espera ajudar mais quando se formar em psicologia, mas por enquanto faz tudo o que pode por todas aquelas guerreiras.

— Lembre-me de jamais querer ter um filho, Ceci. Odiaria cria-lo em um mundo tão cruel como esse.

— Pode deixar, vou te lembrar disso! Agora, não vamos mais pensar em coisas tristes, pensamentos ruins virão, basta focar em outra coisa.

— Tipo?

— Como, por exemplo, a formatura daqui duas semanas.

— Eu me esqueci disso! — arregalou os olhos — Já foi atrás do vestido?

— Bom, esperava que pudesse ir comigo para comprar...

Aline sorriu com os olhos, isso significava que a mudança de assunto estava surtindo efeito. Minha amiga adorava moda, fazia as combinações mais absurdas que se pode imaginar e embora as roupas ficassem longe do gosto da maioria, ela ficava bela. As cores normalmente davam contraste à sua pele morena, todos babavam quando a viam passar.

— Então podemos ir assim que as aulas acabarem!

— Vou pegar Larissa mais cedo da escola, ela me pediu para ir junto — concordou — Agora vamos voltar, antes que sintam nossa falta.

***

Na última aula, pouco antes de irmos embora, Molly me barrou. Ela tinha uma feição dura no rosto, um ar de quem daria sermão.

— Saiu com Luiz Martins?

— Saí, mamãe!

— É sério, Cecília!

— Saí, inclusive ele é muito legal!

— Você não o conhece, além do mais, se bem me lembro destruiu o carro do garoto.

— São águas passadas, diretora. Luiz me convenceu a sair com ele, dei uma chance e gostei do que vi. Vamos sair mais vezes, pode ter certeza! Vai me dizer que agora não tenho mais o direito de mudar de opinião?

— Claro que tem, mas não tão rápido.

— Eu disse o mesmo a ela, Molly — Aline comentou.

— Não sei por que insistem nisso.

Cecília - Em Busca da Verdade (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora