Capítulo 11

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Dois anos antes – Leonardo Vargas

Naquele dia, depois de acordar, Cecília já não estava na cama comigo e nem na casa de campo. Helen disse que ela saíra cedinho, com Fredy e Aline, e deixara apenas a camisa que usara no dia anterior e o seu cheiro impregnado de flores impregnado em toda ela. Foi a primeira vez que vi e passei por aquilo. Nunca uma mulher me deixou sozinho no vazio, era um costume masculino idiota fazê-lo. E detestei a sensação, porque gostaria de falar com a garota quando despertasse.

— Juro que até hoje não acredito que ela te deu um bolo, Léo — Helen zombou — Deve beijar mal à beça para ela ter fugido pela manhã.

— Não brinque, amanhã pode ser você no meu lugar!

— Ah, com certeza não! — gargalhou — Até amanhã, Leozinho!

Mandei um dedo do meio para ela, que cruzou a porta rindo.

Joguei o pano de prato sujo na máquina de lavar e troquei de roupa. Precisava ir para casa estudar para a prova de amanhã, do contrário estava ferrado. Era péssimo em biologia, de modo que passava raspando todos os bimestres. Helen tirava boas notas, não precisava se preocupar com isso, enquanto eu teria que sair daqui tarde e ainda ficar horas em frente aos livros.

Coloquei as mãos nos bolsos da jaqueta e comecei a caminhar pela rua escura e gelada. Devia ser umas nove horas da noite, o restaurante ficava funcionando até as onze, mas havia pedido para sair mais cedo e o pai de Helen me deu permissão.

— Leonardo! — um táxi parou do meu lado e a pessoa lá dentro gritou do banco de trás — Está muito ocupado?

Era Fredy.

— Na verdade, tenho um compromisso com os estudos agora e...

— Deixe isso para lá, preciso de ajuda! — ele me interrompeu — Cecília me ligou dizendo que estava seguindo Aline e o tal cara e que não confiava nele, que se acontecesse alguma coisa elas estariam em um bar perto daqui.

— Espera aí, está seguindo as duas?

— Olha, Cecília não atende as minhas ligações, estou ficando preocupado e também não confio nesse cara!

Encarei-o, desconfiado.

— Tenho mesmo que estudar, além do mais, são só suposições!

— Entra nesse carro, Leonardo! Eu ajudo você a estudar depois, posso estar no primeiro ano, mas domino um pouco de cada conhecimento.

Eu não sabia se iria ou não, Cecília nunca mais olhou na minha cara e Aline estava provavelmente mentindo sobre o homem com quem saía.

Não havia perigo!

No entanto, ignorar a pontada de preocupação que atingiu meu peito era uma tarefa difícil. Tanto que abri a porta e entrei no táxi, recebendo um olhar satisfeito de Fredy. Para ele, nós estávamos embarcando em uma enorme aventura, na qual as meninas estariam precisando realmente de ajuda. Eu ainda possuía minhas dúvidas.

Assim que o motorista estacionou em frente ao bar, um homem alto e de sobretudo preto socou o rosto de uma mulher um pouco mais à frente. Em dois segundos estava em cima dele, enquanto ouvia Fredy dizer para o taxista chamar a polícia. Apertei o pescoço do cara com o antebraço e o imobilizei. Eu o conhecia, era o maníaco que drogava e estuprava meninas menores de idade, nunca tinham visto seu rosto até uma garota conseguir escapar e o denunciar, agora haviam cartazes de procurado por toda a cidade.

Encarei a moça que estava caída ao nosso lado e tudo mudou. Cecília estava com o olho roxo e sangue escorria de sua boca. Minha respiração falhou por um instante. Fredy tinha razão e quase que algo de ruim acontece, quase que esse cretino faz mais uma vítima e isso não poderia me deixar mais irado.

Cecília - Em Busca da Verdade (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora