Capítulo 16

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Dois anos antes – Leonardo

— Daqui a quinze minutos estou chegando aí, doidinha!

— Espero que passe rápido, estou louca para te ver...

— Também estou! — respondi, procurando as minhas chaves — Vou sair de casa agora, num piscar de olhos eu chego!

— Te aguardo!

Desliguei.

Assim que abri a porta para sair, um homem de preto entrou sem ser convidado. Ele trajava sobretudo, num calor de trinta e cinco graus. Achei corajoso, por mais louco que fosse. Tinha os olhos castanhos cravados em mim, como se eu fosse um animal perigoso que quisesse matar.

— O que deseja?

— Falar sobre Cecília Castro!

Estreitei os olhos, segurando firme na maçaneta.

— O que tem ela?

— Há muito que precisa saber!

— Sei tudo sobre ela, senhor!

Ele me encarou, suspirando.

— Pessoas gostariam de fazer mal a ela, gente perigosa de verdade!

— É? E como sabe?

— Sou Antônio, um dos policiais que trabalhava com os pais dela. Ricardo e Luciana foram assassinados por essas pessoas, não duvido que tentem o mesmo com ela.

— Espera, os pais de Cecília morreram em um acidente de carro quando um motorista bêbado cruzou a pista contrária. Não vejo porque esse cara tentaria matá-la, pelo que eu sei nem ao menos o encontraram.

— Exatamente! Foi tudo planejado!

Revirei os olhos e fechei a porta, jogando-me no sofá. Vi que a ladainha do homem duraria mais do que o esperado.

— Não acredita?

— Como até hoje a polícia não prendeu os verdadeiros culpados, então?

— Nós estamos tentando levantar provas para manda-los para a cadeia, estão fora do país e aposto que não tardam a voltar. Rebecca me disse que Arthur se infiltrou na casa deles, mas que até agora não descobriu nada.

— Rebecca sabe disso? — concordou — Realmente não sei o motivo para estar escondendo isso da irmã esse tempo todo, Cecília merece saber.

Ele sentou-se e colocou os cotovelos nos joelhos.

— Foi exatamente por isso que vim até aqui falar com você! A história de Cecília vai muito além do que ela própria conhece, existem lacunas e mistérios intermináveis, que ela simplesmente não pode ficar sabendo assim, de uma hora para outra.

— É de direito dela!

— Há coisas que ela não precisa saber!

— Como?

— O pai está vivo, andando por aí querendo por tudo um dia poder abraçá-la.

Gargalhei.

— Não me faça rir, o pai da Cecília morreu num acidente de carro há mais de seis anos. Ricardo Castro foi identificado como um dos corpos carbonizados, essa possibilidade é irreal.

— A mãe dela o traiu com esse cara, Ricardo sabia disso antes de morrer!

— E como sabe?

Ele retirou os óculos escuros e fiquei abismado com a semelhança daquele olhar com o de Cecília. A ficha despencou quando liguei os malditos pontos.

Cecília - Em Busca da Verdade (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora