Coloquei um vestido florido que estava há anos no meu guarda-roupa, soltei os cabelos e passei um batom. Não iria me produzir para encontrar a família Martins, mas chegaria na casa deles ao menos arrumada. Luiz disse que a mãe está ansiosa para me conhecer e não disse nada sobre o pai. Presumi que não quisesse uma intrusa em sua família, assim como minha irmã.
Pedi um táxi e parti para a mansão deles. Era uma residência bem maior que a de Rebecca e parecia muito mais sombria, com uma decoração antiga e um ar pesado que eu não conseguia descrever. Assim que pisei no hall de entrada, minha garganta se fechou e respirei com dificuldade. Era um mau pressentimento, energia ruim mesmo.
— Cecília! — Luiz me abraçou — Pensei que não viria.
— Combinei com você, não furo com os meus compromissos.
Caminhei ao lado dele até a sala de jantar, onde sua mãe auxiliava uma governanta com a comida posta sobre uma enorme mesa de madeira. Bianca não era muito alta, mas acabava ficando na média; seus cabelos eram curtíssimos e em um loiro escuro escondendo os fios brancos teimosos. Também percebi que não era velha como pensei, devia estar na faixa dos trinta e poucos anos.
Um sorriso breve preencheu seus lábios quando me viu chegar.
— É um enorme prazer tê-la em minha casa, Cecília! — apertou minha mão gentilmente — Luiz me disse que era bonita, mas não pensei que fosse tanto.
— Obrigada, a senhora também é muito bonita.
Conversando com ela, percebi que fiz um mau julgamento. Bianca Martins era doce e simpática, não sabia o que fazia pela família e pelas pessoas que gostava. Me surpreendi com essa informação, acho que ver Luiz todo esnobe e arrogante me fez imaginar coisas onde não tinham.
O mesmo eu não podia dizer de Thiago, o pai do loiro. Apesar da aparência ser impecável, cabelos aparados e muito bem alinhados, roupas feitas sob medida e andar presunçoso igual ao do filho, nosso santo não bateu. Havia algo no olhar azul dele que me enojava, segurei a vontade de vomitar algumas vezes quando o mesmo abria a boca.
— Cecília, conte-me, como é o seu relacionamento com seus pais? — encarei-o, com a colher a centímetros da minha boca.
— Papai!
— Creio que saiba, senhor, que meus pais estão mortos — engoli a alfinetada que ele merecia e comecei a mastigar a comida.
Não valia a pena discutir com pessoas como ele.
— Morreram de quê?
— O que isso importa agora? — franzi o cenho.
— Apenas curiosidade, já que meu filho está namorando você. Tenho direito de saber...
— Por favor, querido! — interveio Bianca, com uma voz suave.
— Cale a boca, mulher!
Seus olhos caíram sobre o prato em sua frente.
— O senhor não tem o direito de saber de nada, afinal, quem está me namorando é o seu filho!
Thiago me encarou mais intensamente e eu mantive o olhar.
Ele não me intimidaria.
— Boa tarde, família! — um homem jovem entrou na sala de jantar — Ora, ora, ora, o que temos aqui? — encarou-me com um olhar predador.
— O que faz aqui? — Luiz se ergueu, batendo na mesa.
— Eu o convidei! — Thiago respondeu — Já que queria que sua namorada conhecesse a família, não podia deixar meu irmão de fora.
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Cecília - Em Busca da Verdade (concluído)
Teen Fiction+16 | A vida de Cecília Castro nunca foi um mar de rosas. Quando tinha apenas dez anos, perdeu os pais em um trágico acidente de carro ao tentarem desviar de um caminhão em alta velocidade. Desde então passou a viver com a irmã mais velha, a qual gu...