Capítulo 18

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Coloquei um vestido florido que estava há anos no meu guarda-roupa, soltei os cabelos e passei um batom. Não iria me produzir para encontrar a família Martins, mas chegaria na casa deles ao menos arrumada. Luiz disse que a mãe está ansiosa para me conhecer e não disse nada sobre o pai. Presumi que não quisesse uma intrusa em sua família, assim como minha irmã.

Pedi um táxi e parti para a mansão deles. Era uma residência bem maior que a de Rebecca e parecia muito mais sombria, com uma decoração antiga e um ar pesado que eu não conseguia descrever. Assim que pisei no hall de entrada, minha garganta se fechou e respirei com dificuldade. Era um mau pressentimento, energia ruim mesmo.

— Cecília! — Luiz me abraçou — Pensei que não viria.

— Combinei com você, não furo com os meus compromissos.

Caminhei ao lado dele até a sala de jantar, onde sua mãe auxiliava uma governanta com a comida posta sobre uma enorme mesa de madeira. Bianca não era muito alta, mas acabava ficando na média; seus cabelos eram curtíssimos e em um loiro escuro escondendo os fios brancos teimosos. Também percebi que não era velha como pensei, devia estar na faixa dos trinta e poucos anos.

Um sorriso breve preencheu seus lábios quando me viu chegar.

— É um enorme prazer tê-la em minha casa, Cecília! — apertou minha mão gentilmente — Luiz me disse que era bonita, mas não pensei que fosse tanto.

— Obrigada, a senhora também é muito bonita.

Conversando com ela, percebi que fiz um mau julgamento. Bianca Martins era doce e simpática, não sabia o que fazia pela família e pelas pessoas que gostava. Me surpreendi com essa informação, acho que ver Luiz todo esnobe e arrogante me fez imaginar coisas onde não tinham.

O mesmo eu não podia dizer de Thiago, o pai do loiro. Apesar da aparência ser impecável, cabelos aparados e muito bem alinhados, roupas feitas sob medida e andar presunçoso igual ao do filho, nosso santo não bateu. Havia algo no olhar azul dele que me enojava, segurei a vontade de vomitar algumas vezes quando o mesmo abria a boca.

— Cecília, conte-me, como é o seu relacionamento com seus pais? — encarei-o, com a colher a centímetros da minha boca.

— Papai!

— Creio que saiba, senhor, que meus pais estão mortos — engoli a alfinetada que ele merecia e comecei a mastigar a comida.

Não valia a pena discutir com pessoas como ele.

— Morreram de quê?

— O que isso importa agora? — franzi o cenho.

— Apenas curiosidade, já que meu filho está namorando você. Tenho direito de saber...

— Por favor, querido! — interveio Bianca, com uma voz suave.

— Cale a boca, mulher!

Seus olhos caíram sobre o prato em sua frente.

— O senhor não tem o direito de saber de nada, afinal, quem está me namorando é o seu filho!

Thiago me encarou mais intensamente e eu mantive o olhar.

Ele não me intimidaria.

— Boa tarde, família! — um homem jovem entrou na sala de jantar — Ora, ora, ora, o que temos aqui? — encarou-me com um olhar predador.

— O que faz aqui? — Luiz se ergueu, batendo na mesa.

— Eu o convidei! — Thiago respondeu — Já que queria que sua namorada conhecesse a família, não podia deixar meu irmão de fora.

Cecília - Em Busca da Verdade (concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora