Cecília Castro
Rebecca foi embora às seis da tarde de ontem. E a paz que senti quando a abracei foi imensurável, poderia morrer ali e não me importaria nem um pouco. Nunca a vi tão feliz, realizada e cheia de vontade de viver. Era bom vê-la daquela maneira, transbordando alegria. Talvez agora fosse o momento disso mesmo, de ser agraciado pela vida.
Havia enfim chegado a época da felicidade nessa família e trataria de aproveitar cada segundo.
Tomei um banho rápido, coloquei uma roupa confortável e arrumei minha cama. Peguei uma xícara de um café bem forte e amargo e beberiquei, enquanto lia o jornal. Havia uma notícia em especial que chamou a minha atenção:
"Família Martins, conhecida por seus dotes exuberantes e vida de extremo luxo, que recentemente desembarcou da Itália, teve seus dias de liberdade expirados quando os policiais locais trouxeram à tona provas que os colocariam na cadeia por muitos anos. Entre os crimes expostos pela polícia, estavam o de tráfico de drogas e de órgãos, além do assassinato de dois agentes à paisana há oito anos e desvio de dinheiro. Thiago, Lorenzo e Bianca Martins estão foragidos e sendo procurados como criminosos extremamente perigosos."
E logo abaixo estavam as fotos dos três, dizendo que quem tivesse informações discasse para a polícia.
Meu coração ficou apertado, um nó se formando na garganta e boca seca. Eles haviam sido avisados de que seriam pego e fugiram na primeira oportunidade. Aquilo era um mau sinal. Sabendo que minha família estava envolvida na coleta de provas e eram os responsáveis pelo mandado, era possível que viessem atrás de nós assim que baixássemos a guarda.
Agarrei o telefone na mesinha de centro e liguei para Rebecca, pensando que teria mais notícias que eu. Mas ela não atendeu, em nenhuma das vezes que liguei.
— Droga, Becca, atende essa merda!
Praguejei e desisti de tentar, partindo para o número de Arthur que estava salvo entre os contatos. Também fui mandada para a caixa-postal nas quatro vezes que liguei.
Joguei o telefone no sofá e fiquei na sala andando de um lado para o outro, não estava me sentindo bem; um pressentimento de que algo ruim acontecera se apossou de mim e mal conseguia respirar. Precisava de atualizações para não ficar nessa angústia. Precisava que alguém me desse uma luz.
Alguém bateu à porta e eu atendi depressa, pensando ser minha irmã trazendo novidades e acabei revirando os olhos ao vê-lo. Ele era a última pessoa que queria ver no momento, talvez jamais fosse o melhor.
— O que faz aqui, Leonardo? — perguntei, com tédio.
— Preciso falar com você! — disse sério.
— Mas eu não quero, estou muito confusa e não tenho a menor intenção de intensificar o sentimento. Então, se me der licença...
Fiz menção de fechar a porta, indicando que o assunto estava acabado. Não queria ouvir mais nada. Embora quisesse mudar minha atitude com as pessoas, Leonardo havia me machucado demais e não seria tão fácil esquecer. Ainda era uma ferida exposta e em processo de cicatrização, não podia arrancar a casca e atrasar ainda mais isso.
— É sobre a Rebecca!
Quando o ouvi, abri a porta novamente e estreitei os olhos.
— O que tem minha irmã?
Leonardo suspirou, a veia de seu pescoço pulsando forte e os músculos tensionados. Era um sinal de alerta conhecido, ele estava assim da última vez que o vi e, em pouco tempo, estava fugindo para longe.
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Cecília - Em Busca da Verdade (concluído)
Teen Fiction+16 | A vida de Cecília Castro nunca foi um mar de rosas. Quando tinha apenas dez anos, perdeu os pais em um trágico acidente de carro ao tentarem desviar de um caminhão em alta velocidade. Desde então passou a viver com a irmã mais velha, a qual gu...