Thay.
Depois que pisem em Jersey esqueci o que realmente eu queria fazer da minha vida. Aqui é lindo, parece que viajei no tempo, e indo para o século XIX. Olhei ao redor, e admirei as casinhas tão bem colocadas, as pessoas andando para todos os cantos. E pela primeira vez, me senti bem. Eu estava tão encantada com a visão dos sonhos, que não percebi que Ângela estava falando comigo.
- Perdão, o que você disse?
- Estava te convidando para jantar na quarta numa lanchonete comigo e o Phil. Daí aproveito para apresentar vocês. - disse ela puxando a mala azul royal grande demais. Pensei, não seria uma má ideia. Será mais uma amizade a ser feita, e assim posso me socializar mais com as pessoas.
- Tudo bem. Quarta-feira, que horas? - perguntei.
- Umas 19hrs, eu te aviso, e nós te buscamos. Qual é o nome do hotel que você irá ficar? - perguntou andando lado a lado comigo na calçada. Peguei o papel com o endereço.
- Nesse. - mostrei o papel a ela. Ang arregalou os olhos e me olhou. - O que? É sujo demais? - perguntei já pensando em teias de aranha, ratos e lacraias pelo quarto todo. Fiquei arrepiada.
- Você não tem dinheiro para pagar um táxi numa corrida, mas está hospedada num hotel de segunda classe. Garota, o que você é? Filha de algum magnata em crise? - disse me devolvendo o papel. Olhei de novo o endereço pensativa.
- Olha Ang, eu não conheço nada de Jersey. A partir de agora usarei o GPS para chegar no hotel, andar por todo canto. - me expliquei. Ang me olhou de cima a baixo, e depois sorriu.
- Você irá ficar quanto tempo nesse hotel? - perguntou parando de imediato, duas senhoras teve que desviar de nós.
- Bem, acho que duas semanas, no máximo.
- Ah sim... quarta á noite iremos conversar muito sobre isso. - comentou e voltou a andar. Fiquei sem entender nada, ela as vezes chega a ser um poço de mistério.
Pegamos um táxi e fomos ao meu destino primeiro. Depois que cheguei ao meu destino, me despedi de Ângela, prometendo que quarta á noite conversaremos mais. Ela simplesmente me disse para me cuidar e me desejou sorte. Saí do táxi e fui entrar no hotel.
E uau! Agora entendi o que a Ang estava se referindo em eu ser uma filha de um magnata em crise. Isso aqui é um hotel muito sofisticado para uma garota com uma mochila jeans, tênis all star e blusa da banda KISS. Não estava acreditando nisso, eu tive que fechar a boca e ir até a recepção.
- Olá, boa tarde. Em que posso ajuda-la? - perguntou uma linda recepcionista.
- Boa tarde. Er... o meu nome está na lista de hospedagem de duas semanas. - comentei timidamente.
- Ah sim, a garota estrangeira. Bem-vinda a Jersey! - disse animadamente. Nossa, "a garota estrangeira" soou como se eu fosse um milagre de Natal. Sorri por educação. - Aqui está a sua chave. Leonard irá levar as suas... - parou de falar ao ver que a única bagagem que eu estava carregando era uma mala e um mochila nas costas. - ...malas.
- Não precisa. Obrigada. - ela assentiu.
Ao entrar no elevador, me senti como se eu tivesse num filme de outra época. O cubículo era de um tom mogno refinado, e as portas de um dourado bem limpo e brilhante. É, que sorte a minha. Tenho que ligar para o tio Zeus e agradecer pelo hospedagem nesse paraíso.
Quando saí do elevador para o 4° andar, caminhei até o quarto 243. Coloquei a chave na fechadura e abri. E por favor Deus, me acorde, porque devo estar sonhando. Aqui é lindo. Pequeno, mas perfeito. A cozinha na parte lateral faz com o que eu tenha o previlégio de ver a Tv que fica na sala, que é logo em frente. Andei no pequeno corredor até o quarto, esse é razoável no tamanho. Aonde me deixou satisfeita, pois trouxe poucas coisas. Soltei a mala no chão, e a mochila numa cadeira perto da escrivaninha, e me joguei na cama. As coisas deram certo até aqui, vamos ver o que irá acontecer amanhã. Suspirei e fechei os olhos, e acabei adormecendo.
Acordei com o telefone tocando. Já era noite e dormi demais. Meu Deus, quem será? Levantei e tropecei em algo. Minha mala. Deus do céu, eu estou no hotel. E caí no sono e me esqueci de onde estou. Fui andando as cegas pelo apartamento, até achar o interruptor. Quando consegui acha-lo, acendi. O telefone estava insistente.
- Meu Deus! Já vou!!! - reclamei. Atendi. - Alô?
- Srta. Bernardino, estou ligando para perguntar se a senhorita irá querer o jantar. - disse a recepcionista. Hm... jantar no quarto. Que chique!
- Hm... isso fica incluso no pacote da hospedagem? - perguntei devagar. Não estava com tanto dinheiro assim.
- Sim senhorita.
- Ótimo, vou querer sim. - disse alegre.
- Estará aí em 20 minutos. Boa noite! - informou e desligou.
Wow, os britânicos são educados e diretos, e sendo sincera, eu adoro isso. Andei de volta ao meu quarto e acendi a luz. Peguei a minha mala, e tirei o meu celular de lá e vi as mensagens. Tinha 6 mensagens da Cris, 3 do Richard e 13 da tia Jéss. Já as ligações perdidas ela batia o record, sendo que tinha umas mensagens de voz que ela fazia questão de repetir: "Ligue para mim, senão eu corto a internet!". Revirei os olhos. Peguei o celular e verifiquei a internet, ainda estava lá. Ufa, ótimo. Respondi as mensagens da Cris, dizendo que cheguei viva e que estou bem, e ela me respondeu com um "Você é uma piranha de sorte! Aproveite, senão eu te mato!", sorri com isso e respondi que irei tentar. Logo em seguida, disquei o número da casa da tia Jéssica. No segundo toque, ela atendeu.
- Alô.
- Tia, oi!
- Olha, quem é viva sempre liga! O medo de ficar sem internet é maior, não é querida? - brincou ela.
- A senhora sabe que eu tenho os meus admiradores, então não posso ficar off-line por muito tempo . - entrei na brincadeira. Ela riu.
- Thay, você não consegue nem uma gripe, a sua sinusite é mais presente do que um admirador. Vai por mim, admirador pra você não é o momento agora.
- Eu sei. Só cai no sono, e acordei não tem muito tempo.
- Já era de se imaginar. Já comeu? Já está de banho tomado? - disparou.
- Calma dona Hermínia. Eu irei jantar daqui a uns 15 minutos. E o banho irei tomar logo em seguida. - respondi indo para sala e sentando no sofá.
- Dona Hermínia, sorte a sua por você não estar aqui, senão o meu chinelo ia encontrar a sua cara em segundos! - falou e depois demos risada. - Ai ai, estou sentindo a sua falta, acredita?
- Eu sei, eu também. Até da sua chatice sinto falta.
- Me respeita guria, sou sua tia, e não a Cristiane! - fingiu estar brava. Rimos mais uma vez. Foi quando a campanhia tocou.
- Tia, vou ter que desligar, o jantar chegou.
- Nossa, eles levam a janta até os hóspedes?
- Sim, e está incluso no pacote! Incrível né? - disse animada.
- Por isso que eu amo o Zeus, ele sabe escolher um bom hotel! Os britânicos são refinados e diretos. Aproveite, e me ligue. Beijos.
- Beijos tia. - desliguei.
Depois de jantar o incrível arroz com frango picadinho e batata sautê, tomei um banho quente bem demorado. Amanhã será o outro dia, irei procurar um emprego e começar a minha vida. Saindo do banho, coloco um blusão dos Smurfs e um shortinho de algodão, e vou para a varanda. Meu Deus, que paisagem linda! Jersey tem a sua beleza em natureza! Inacreditável!
Fiquei olhando a cidade por segundos, minutos, talvez horas. As luzes pareciam as pequenas luzes de Natal, o mar ao longe não era tão visível, mas dava jus a beleza que eu via. As casas ganhavam vidas com a luminosidade dos postes, dando encanto para a cidade e deixando os visitantes de queixo caído.
Olhei para o céu e pedi a Deus que me desse uma resposta boa amanhã, que me desse força e sabedoria para poder seguir a minha vida, sem interrupções. Foi nessa hora eu senti uma brisa. Um perfume adocicado, mas suave... tão calmo e fresco. Me senti em casa e aconchegada. Meu coração acelerou e aqueceu. Será que é um aviso?
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O Recomeço
RomanceEsse é o começo da minha história, só sei que estou tentando recomeçar a minha vida em um lugar calmo e longe do meu passado dolorido. Haverá desafios nessa minha nova jornada, mas não irei ter medo! Não dessa vez! Estou pronta para encarar a vida...