10 horas de viagem. E praticamente 8 horas de "coração na boca". Me esqueci completamente das turbulências que uma decolagem e a pousagem de um avião podem fazer. Então, a cada turbulência, era um bile que vinha, uma tremedeira no corpo e uma agarração ao assento.
Desembarquei na capital da França, Paris. E por incrível que pareça, não parei nem por um segundo para pensar em dar um passeio pela cidade tão desejada por milhares de pessoas. Só queria uma coisa: chegar ao hotel de Jersey e dormir pelo menos umas 4 ou 5 horas, e depois pesquisar sobre emprego na cidade. Mas para isso terei que pegar um táxi e ir até a encosta de Paris, e lá pegar uma barco, para então seguir o meu destino. A Ilha do Canal: Jersey.
Ao sair do aeroporto, a primeira coisa que eu percebi foram as pessoas. Tão diferentes, mas ao mesmo tempo tão iguais. Pessoas indo para todos os cantos, e eu aqui, uma estrangeira toda desengonçada com uma única mochila nas costas e uma mala em mãos. Quando as coisa se estabilizarem, vou ter que fazer compras urgentemente, porque não irei sobreviver só com poucas roupas que trouxe. Se nesse momento a tia Jéss me visse, desse jeito, era bem capaz de ela dizer " Thayná, você não pensou em nada mesmo. Você não irá durar nem um mês!". Mas vou dar o meu jeito!
Depois de 5 minutos perdida no aeroporto de Paris, consegui extrair a informação para a saída. Saindo do aeroporto, fui para o ponto de táxis, que não era tão longe assim. Chegando lá vi um único táxi parado. Sorte a minha, as coisa estão começando bem, pensei. Chegando no táxi, pronunciei o melhor possível o meu francês, mas o motorista não entendeu nada. O desespero começou a tomar conta de mim, mas acho que o motorista teve consideração comigo.
- Você é estrangeira?
- Sim! - disse desapontada. - Peraí, você me entende?
- Sim, a minha mãe era brasileira. Que Deus a tenha!- respondeu. Foi ali que as coisas aliviaram. A sorte está a meu favor agora!
- Sinto muito pela a sua mãe. Mas o senhor pode me levar até a encosta? - perguntei.
- Sim, claro. Mas irá custar caro, porque a viagem é um pouco longa. - avisou.
Droga! O que a sorte está fazendo comigo? Umas espécie de brincadeira? Porque se for, não tem a menor graça!
- Qual é o nome do senhor? - perguntei.
- José.
- Seu José, eu não tenho muito dinheiro. Posso lhe dar o meu relógio ou algo de valor para complementar o valor da corrida. - ofereci. José me olhou desconfiado, depois olhou ao redor pensativo.
- Sinto muito garota, mas quero dinheiro e não relógio. O que direi a minha esposa quando chegar em casa com um relógio em mãos? - disparou. Ele tem razão, mas posso fazer isso.
- Que tal eu e a moça dividirmos a conta? - disse uma voz de sino. Virei-me e vi uma linda garota, que aparentemente parecia ter a minha idade, ou um pouco mais, só sei que ela não passa dos 23 anos. Era alta, loira, olhos azuis, um sorriso simpático e amigável, sem contar o corpo um pouco bronzeado e torneado. Adorei ela logo de cara. - Também vou para Jersey.
- Obrigada. - disse. Olhei para José, esse me encarou e depois olhou para a linda loira ao meu lado lhe oferecendo um sorriso calmo. - Seu José? - o chamei.
- Tudo bem, eu levo as madames. - disse colocando a sua boina e abrindo o porta-malas para depositar as nossas malas lá. Ele estendeu a mão para a minha mochila.
- Não precisa, isso eu levo. Obrigada. - disse e ele assentiu. Depois de fechar o porta-malas, José abriu a porta do carro para nós. Nossa, quanta educação!
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O Recomeço
RomanceEsse é o começo da minha história, só sei que estou tentando recomeçar a minha vida em um lugar calmo e longe do meu passado dolorido. Haverá desafios nessa minha nova jornada, mas não irei ter medo! Não dessa vez! Estou pronta para encarar a vida...