Inferno na terra.

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Thay.

Duas semanas em cativeiro. Duas semanas com dores por todo o meu corpo, por causa que eu revidei as investidas de Lucy. Como pude achar que eu poderia derrubá-la? Mas fiquei feliz quando eu acertei-a no queixo, deixando um hematoma bem aparente.

Estou deitada num colchão fedorento e fino demais, com os olhos fechados reprimindo os gritos de dor que estou sentindo no abdômen, nos ombros, nas pernas e no rosto. Cuspo mais uma vez saliva com sangue e gemo de dor no rosto.

Lucy não era a única que me bateu, Wade também me nocauteou algumas vezes por eu ser boca dura. E agora aqui estou, toda arrebentada, com fome e sede. Pensei em Henry, e sei que ele está feito um louco me procurando, eu deveria ter ficado em casa como ele sugeriu, mas precisava colocar essa raiva que estava em mim para fora.

A porta fora aberta com tudo. Senti cheiro de algo podre, mas não abri os olhos. Logo em seguida senti uma cachoeira de água gelada em meu corpo. Soltei um grito, e logo em seguida berrei ao sentir o impacto do balde em minha costelas.

- Opa, escorregou da minha mão. - disse Lucy teatralmente. Fiquei resmungando de dor baixinho, e ouvi uma cadeira ser arrastada. - Sabe, Thayná. Me sinto satisfeita em ver você assim, tão indefesa e acabada. - fiquei em silêncio e tremendo de frio. Senti sua mão em meu cabelo e puxa-lo, em fazendo gritar mais uma vez. - ABRA OS OLHOS E ME ENCARA, SUA VAGABUNDA! - gritou.

Forcei meus olhos inchados a abrir e a encarei. Lucy sorriu amavelmente e acariciou o meu rosto, e logo em seguida me esbofetou. Gritei novamente.

- O inferno só está começando, vadia. - disse soltando-me. Apoiei a cabeça no colchão e mirei o teto. - Ele não irá achar você. - disse ela referindo-se ao Henry. Fingi que não ouvi.

- Vai. Se. Foder. Vadia. - forcei as palavras a saírem pela a minha boca cortada. Lucy agachou-se e me deu um soco, me deixando tonta e quase desmaiada.

- Chega querida. - esbravejou Wade. - Ela está muito machucada. - falou com mais calma.

- Ela merece ficar irreconhecível! - gritou e cuspiu em mim.

- Lucy, você está muito alterada. Vá dar uma volta enquanto eu converso com a nossa hóspede. - aconselhou. Logo eu ouvi a porta batendo-se anunciando a saída de Lucy. Fiquei em silêncio, sentia o sangue em minha boca. - Olha, a Lucy não tem você muito em alta conta. Então peço para ser educada.

Virei a cabeça e tentei mirá-lo, mas tudo estava um borrão. Senti cheiro de cigarro e menta mais próximo, junto a uma sombra em minha frente. Wade soltou fumaça em minha cara, me fazendo tossir e gemer de dor.

- Quem diria que eu conheceria a irmã mais velha do querido Alison. - pronunciou. Meu coração deu um solavanco. Como ele conhece o meu irmão? Tentei falar, mas só saíram gemidos. - Ele foi um ótimo garoto espião. Ágil, reservado, mas não muito inteligente, já que decidiu servir a base militar.

- Seu...cretino. - disse com a voz rouca. Senti os meus olhos ficaram úmidos. Wade passou a mão no meu rosto.

- Oh querida, seu irmão se tornou um perigo para os meus negócio, então fui justo em eliminá-lo. - disse suavemente. Meu estômago embrulhou com o seu hálito de menta e cigarro. - Mas como Deus é justo, colocou você no meu caminho, para eliminar também. E fico feliz que a Lucy participe também, ela ficou uma fera quando soube que foi trocada por uma criança. - deu risada.

Tentei processar as suas palavras. Meu irmão era seu espião? Mas no que? Alison nunca havia me contado nada. Sabia que ele poderia fumar maconha, mas se envolver com pessoas perigosas, isso jamais passou pela minha cabeça. Levei um susto quando Wade bateu com as duas mãos ao lado do meu rosto.

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