Volta 360ºC.

3.3K 299 26
                                    

Quarta-feira decidi dar uma caminhada e respirar um ar puro de Jersey. Parei na pequena ponte e fiquei observando o vai e vem de pessoas. Essa semana passou rápido, e de imaginar que semana que vem irei voltar para Nova Zelândia para as gravações, me deixa com os sentidos aflitos.

Olho para um casal de idoso sentados no banco. Ambos estavam de mãos dadas, conversando sobre alguma lembrança, pois estavam sorrindo com doçura um para o outro. Isso me fez lembrar das conversas que tive com a Thay durante o nosso velejamento.

Respirei fundo e continuei a minha caminhada, só que dessa vez fui para um outro caminho. Corri para uma simples biblioteca, atrás de uma linda morena por quem eu me apaixonei.


Parado em frente a biblioteca BookRosie, fiquei pensativo se entraria ou não. Nunca havia entrado numa livraria, poderiam suspeitar. Ou não. Olhei para os lados, e tudo está na máxima calmaria, respirei fundo e atravessei a rua.

O sino anuncia a minha entrada, mas ninguém veio me receber. Estranho, dona Rose sempre foi cuidadosa com cada cliente. Adentrei observando ao redor, procurando por alguma alma naquele ambiente. Não muito longe ouvi risadas. Andei em direção ao som, e chegando ao destino, vi uma cena que me fez voltar na época do meu noivado.

Thayná estava sentada na cadeira conversando com um cara de mais ou menos da minha altura, cabelos um pouco abaixo da orelha, uma barba rala, camisa xadrez azul e um sorriso largo demais para ela. A minha visão perdeu o foco com a risada conjunta deles.

Ela estava rindo como nunca riu comigo, e isso me deixou na categoria lixo. Thay ainda não percebeu a minha presença, e o cara estilo caubói parecia a vontade demais.

- Henry? - falou Rose anunciando a minha presença. Thay e o caubói pararam de rir e me olharam. Virei-me para Rose. - Que surpresa boa. Em que posso ajudá-lo? - perguntou profissionalmente. Voltei meu olhar para Thayná, essa estava confusa. Olhei para o caubói, e o filho da mãe me deu um sorriso amigável. Mereço!

- Só vim... er... saber se você tem... - fiquei procurando as palavras, mas o ciúmes estava me cegando. - Um livro que fala sobre traição. - soltei. Atrás de mim senti que Thayná ficou estática.

- Bem, tem uns livros que falam sobre como superar uma traição. - disse o caubói. Fechei os olhos e respirei fundo. Abri-os e me virei encarando o cara, e o mesmo estava encostado na prateleira coma ar de tranquilidade.

- Oh sim, esse é o Jackson, o meu mais novo funcionário. - anunciou Rose. Assenti devagar, olhei de esguelha para Thay, e a mesma estava me encarando com raiva. - Ele pode te mostrar os livros em relação ao tema que você sugeriu.

Fiquei encarando o Jackson Caubói, mirando aonde poderia derrubá-lo, onde poderia dar uma chave de braço, e em qual necrotério ele poderia ir. Com certeza, um muito longe de Jersey.

- Acho que não será preciso Rose. - disse. - Tenham um bom dia. - olhei para Thayná, e ela virou a cara. Jackson assentiu, e voltou seu olhar para ela.

- Tudo bem Thay? - perguntou. Bufei e fui em direção á porta.

- Henry? Henry! - chamou-me Rose. Virei-me e a encarei. - O que foi aquilo?

- Aquilo o que? - perguntei irritado.

- Aquele olhar para o Jackson e a Thayná. Depois o jeito que você mirou o coitado. - falou. Dei um sorriso sarcástico. - E sem contar aquela indireta da traição.

- O que você tem a ver com isso, Rose? - indaguei. Ela olhou para trás e me pegou pelo braço.

- As coisas ficaram corridas quando você decidiu levar a Thay para velejar. Eu precisava de um funcionário para me ajudar, e ajudar a Marina. E o Jackson apareceu em boa hora. - explicou.

O RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora