Dúvidas no Ar.

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Ben conseguiu me convencer a me levar para a casa. Ainda estou muito brava com o Henry. Pensei que depois da nossa conversa sobre tentar ser uma pessoa melhor, ele fosse ser sincero comigo, e me deixar a par de algumas situações.

Entrei no carro ainda olhando para o hospital, pensando em como Dwayne estava ferido. Seu rosto não seria o mesmo, e sim teria uma pequena cicatriz para me lembrar da tentativa de assassinato. Querem me matar, e tem pessoas ao meu redor que podem se machucar.

- Se eu fosse você não pensaria nisso. - disse Ben. Será que ele sabe ler pensamentos?

- Sobre o que? - perguntei olhando as ruas passarem por mim enquanto Ben dirigia pelo tráfego.

- Ir embora. - disse. Olhei-o e o mesmo me olhou pelo retrovisor. - Você pensou em ir embora, achando que o assassino irá atrás de você, e assim os seus amigos dentre outras pessoas, estariam seguras. Acertei?

Fiquei boquiaberta com a sua inteligência em capitar a minha ideia. Suspirei.

- E tem outro jeito? - perguntei desanimada.

- Olha, Thay... eu sei que a sua cabeça está a mil. Mas tenta descansar, eu cuido disso. Já peguei casos piores. - falou. - E se você for embora, não quero nem imaginar do que o Henry será capaz de fazer.

- Ele não se mataria. - disparei. Ben parou num semáforo e olhou-me com repreensão.

- Não, isso tenho certeza. - assegurou. - Mas ele faria parte dos atores alcoólicos, que acabam perdendo tudo, até os familiares. Ah sim, logo vem as drogas. Então posso dizer que ele morreria sim. - soltou. Fiquei estática com as suas palavras. - Nunca o vi dessa forma. Se você ouvisse a forma da voz dele quando eu disse que você quase foi assassinada, com certeza você não ousaria em fugir.

- Ele sempre me acharia. - sussurrei. Ben assentiu.

- Disso eu tenho certeza. - afirmou. - O Henry é como um irmão para mim, então por favor, não o deixe. - pediu. Os carros começaram a buzinar e a xingar. - Agora, vamos prosseguir viagem, senão seremos nós os assassinados pelos cidadãos. - brincou. Sorri.

- Ben?

- Sim?

- O Henry irá direto para o apartamento dele, certo? - perguntei pensativa. Ben assentiu. - Ótimo, vou querer ir pra lá, agora. - Ele olhou-me pelo retrovisor outra vez e ficou assustado.

- Tem certeza? - perguntou.

- Absoluta. - afirmei. - Tem algo que você queira compartilhar? - indaguei. Ben negou com a cabeça e saiu da estrada indo em direção ao apartamento de Henry.


Entrando no apartamento, pego o meu celular da bolsa e mando uma mensagem para a Ângela.

"Oie, o Henry está voltando, então vou dormir no apartamento dele. Beijos."

"Está com alguma lingerie que compramos?"

"Sim."

"Que cor?"

"Bege."

"Mas que merda, Thay! Bege não é sensual. Deveria ser uma vermelha, azul, roxo, até preto! Mas bege?"

"Bege está bom até demais."

"Opa, vocês brigaram?"

"Não, só acho que o bege irá dar uma harmonia."

"Bege é sem sal."

"Bege é harmonioso."

"O Phil acabou de dizer que não compramos lingerie bege."

O RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora